Mais de 60 anos depois, Nova York voltou a render suas homenagens à bossa nova. A batida diferente encantou o público que foi no domingo (8) ao Carnegie Hall conferir ‘A Grande Noite – Bossa Nova’, apresentação única reunindo Seu Jorge e Daniel Jobim, com um elenco especial de artistas convidados. No palco, eles receberam Alaíde Costa, Roberto Menescal, Carlinhos Brown, Celeste e Carol Biazin, que interpretaram grandes clássicos do gênero.
O show reuniu diferentes gerações de músicos em um tributo à apresentação histórica da bossa em 1962, no mesmo Stern Auditorium, que revelou ao mundo nomes como Tom Jobim, João Gilberto e Sérgio Mendes. Ao final, mais de 2.800 pessoas aplaudiram de pé a celebração da música brasileira.
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O show teve Serginho Groisman como mestre de cerimônias. Ele chamou ao palco Seu Jorge e Daniel Jobim, que abriram a noite com ‘Chega de Saudade’, ‘Samba de Uma Nota Só’ e ‘Samba do Avião’. Ao piano, Daniel lembrou Tom Jobim em canções que imortalizaram a bossa.
“É uma honra tocar na mesma casa que recebeu meu avô e tantos artistas geniais”, disse Daniel Jobim.
Na sequência, Carlinhos Brown trouxe uma interpretação muito pessoal de ‘Aos pés da Santa Cruz’, em homenagem a João Gilberto, e introduziu ‘Ararinha’, de sua autoria.
“Eu nasci em 1962, um ano luminoso para a bossa nova. Essa nova batida tornou-se parte da nossa identidade, um passaporte que abriu caminhos para o Brasil no exterior. Um Brasil que fala aos corações do mundo através da bossa”, destacou Carlinhos Brown.
A grande surpresa da noite foi Carol Biazin, 26 anos, que interpretou ‘Samba de Verão’ e ‘O Barquinho’, ao lado do veterano Roberto Menescal. “
Sou profundamente grata pela chance de celebrar um gênero que levou a nossa cultura ao mundo. Sou fascinada pelos acordes e melodias da bossa. Ela sempre fez parte da minha vida e carrego muitas referências para minha carreira”, lembrou Carol Biazin.
Menescal, 85 anos, subiu ao palco emocionado pelo fato de ser o único artista da noite a ter se apresentado no show histórico de 1962. ‘O Barquinho’, de sua autoria e de Ronaldo Bôscoli, voltou a fazer história no Carnegie.
“Foi tão bom que já estou animado para o show dos próximos 60 anos”, brincou Menescal.
O compositor e violonista acompanhou Seu Jorge em ‘A Felicidade’ e depois recebeu Alaíde Costa em um momento marcante da apresentação. Uma das precursoras da bossa, a artista, 87 anos, foi a mais aplaudida da noite. Ela tinha ficado de fora do grupo de artistas convidados para o show de 1962. Desta vez, pôde concretizar o sonho de cantar no Carnegie, apresentando ‘Sabe Você’ (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes) e ‘Demais’ (Tom Jobim).
Seu Jorge e Daniel voltaram ao palco para apresentar ‘Dindi’ e ‘Retrato em Branco e Preto’, de Tom Jobim (a primeira em parceria com Aloysio de Olivera, a segunda com Chico Buarque). A cantora britânica Celeste, revelação do soul music e do R&B – fez uma releitura de ‘How Insensitive’ (‘Insensatez’), outro clássico do maestro, acompanhada de Menescal ao violão.
“Ela cantou tão bonito. Fiquei arrepiado por dentro, que coisa maravilhosa!”, elogiou Seu Jorge.
A noite terminou com Seu Jorge e Daniel emendando mais uma sequência de clássicos de Tom Jobim, como ‘Águas de Março’, ‘Wave’ e ‘Corcovado’. Já o bis veio com ‘Desafinado’. Depois o elenco todo voltou ao palco para se despedir com ‘Garota de Ipanema’.
‘A Grande Noite Bossa Nova’ foi idealizada pelo cantor e compositor Max Viana, também diretor artístico do show. O empresário Fabio Almeida, sócio da Join Entretenimento (responsável pela realização do evento), se diz orgulhoso por reunir um time especial de artistas para o evento.
“Foi muito gratificante ver a cultura brasileira em um lugar de tanta visibilidade e importância. O retorno desse evento não é apenas para os artistas que estavam ali no Carnegie, mas para todos os que batalham pela música brasileira. A Join se coloca nesse papel. Muitos outros projetos com essa relevância virão no futuro próximo, unindo gerações da música que interagem com essa harmonia e respeito pela nossa cultura”, garantiu Fabio Almeida.