Aproximadamente 11 milhões de foliões, 3 milhões de turistas e R$6,6 bilhões injetados na economia. De fato, os números do Carnaval de Salvador este ano são estratosféricos e reforçam o título de maior festa de rua do planeta. No entanto, o choque entre a grandiosidade desses dados e os problemas enfrentados pelo evento fez com que muitos foliões tivessem uma experiência negativa, sobretudo por conta da superlotação no circuito Barra-Ondina (Dodô). Passada a folia, as autoridades pensam em soluções e estratégias para melhorar o fluxo de pessoas para 2025.
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O Carnaval 2024 na capital baiana foi marcado por uma série de contratempos. O mais ‘gritante’ deles foi registrado no sábado, 10 de fevereiro, dia em que cerca de 2 milhões de foliões passaram pela faixa litorânea que se compreende entre a Barra e a Ondina, segundo contagem da Polícia Militar.
Na ocasião, trios que quebraram em pleno circuito culminaram em um atraso de mais de 5 horas na programação de desfiles. Foliões veteranos e novatos da festa se assustaram com a paralisação do circuito, e, nesse meio tempo, cada vez mais gente ia acessando os portais de entrada para a festa. Por volta de 18h30 daquele dia os portais tiveram que ser fechados devido à superlotação.
Ivete Sangalo, que tocava no primeiro dia de Bloco Coruja na avenida, ‘comprou briga’ com o público pagante da festa ao deixar o trio de Léo Santana passar à frente do dela. Lincoln, ex-integrante da banda Duas Medidas, chegou a sacrificar algumas horas do próprio desfile a fim de desafogar o atraso do circuito.
Novo circuito na Boca do Rio?
Pelo menos desde agosto de 2022 que o prefeito de Salvador, Bruno Reis, tem acesso à proposta de implementar um novo circuito carnavalesco na cidade. O Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) havia pensado, à época, em criar um novo circuito, situado na orla atlântica da capital baiana, na região da Boca do Rio.
Após os contratempos enfrentados na folia esse ano, Reis segue não priorizando a alternativa. Para ele, o que pode evitar a superlotação da Barra-Ondina nos próximos anos é equilibrar o fluxo de pessoas entre os circuitos Dodô e Osmar (Campo Grande). Para isso, seria necessário investir em um número maior de atrações que atraiam foliões para o Campo Grande, sobretudo no sábado, dia mais visado pelo público no circuito Dodô.
“O que é que esse ano mostrou? Que a gente precisa antecipar com mais força o sábado, porque sábado é o dia que chega mais gente na cidade, o dia que é, há uma concentração muito grande na Barra, em especial porque os blocos privados estão com as principais atrações lá. Então, quem vier a ser o próximo prefeito, tem o desafio de trazer atrações de peso por aqui [Campo Grande] no sábado e que mobilize e que puxe a galera”, avaliou Bruno Reis, garantindo que, caso seja reeleito, o problema não voltará a acontecer nas edições futuras da festa.
Já Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia, não descarta a criação de um novo circuito, porém, frisa que não há a intenção de comprometer algum dos circuitos já existentes. Para ele, a ideia é expandir a festa para melhorar ainda mais a experiência e aproveitamento dos foliões.
“Nós precisamos rever a quantidade de pessoas nos circuitos, não é proibir que as pessoas venham. São os governos tomarem decisões de rever circuitos, não de suspendê-los”, argumentou o governador.
Em concordância ao que propôs o prefeito, o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, alega que é fundamental fortalecer cada vez mais os dois circuitos já existentes. Assim, os organizadores da festa evitam que um grande número de pessoas se concentre apenas em um deles.
“A gente quer equilibrar cada vez mais o público entre os circuitos exatamente pra não ter superlotação como aconteceu no Barra-Ondina. Esse tipo de iniciativa garante isso: você ter os dois circuitos cada vez mais fortes, mais completos, isso faz muita diferença pra equilibrar”, refletiu Tourinho.