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Entrevista: Carlinhos Brown fala sobre os 10 anos da animação infantil ‘Paxuá e Paramim’ e a importância da preservação ambiental

O desenho combina elementos da fauna e da flora brasileira. O lançamento traz como protagonista um vilão desconstruído

Arte do desenho Paxuá e Paramim
Divulgação/Paxuá e Paramim

O projeto infantil “Paxuá e Paramim”, criado por Carlinhos Brown em parceria com Andrea Mota, completa 10 anos neste ano. Para celebrar a data, o clipe “Jururú tá Feliz” foi lançado na terça-feira (5)  no YouTube.

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O antagonista da história, o simpático Jururú, cai na cadência do samba, muda de recado e aprende a cuidar e a amar a natureza. Ao lado dos personagens Paxuá e Paramim, Braúna, Lim, Mão e Pajeum. Em entrevista para o POPline.Biz É Mundo da Música, Carlinhos Brown fala sobre o desenho e as mudanças da cultura acerca da preservação ambiental nessa última década.

 “A turma de Paxuá e Paramim está completando 10 anos com o propósito de trazer felicidade e apresentar o conceito de educação ambiental para as crianças, para que elas cresçam aprendendo a cuidar do nosso planeta e da nossa terra. O clipe “Jururú ta Feliz”, assim como outras canções da animação infantil, pretende inserir as novas gerações nesse contexto, para que elas busquem correções e tenham conhecimento sobre as consequências que o extrativismo, a desproporção do consumo e abusos dos recursos naturais vem causando no nosso clima. O que “Paxuá e Paramim” nos ensinam é que, se rios pedem passagem é porque os caminhos sempre foram deles”, explica Carlinhos.

O desenho estreia o projeto do seu primeiro musical infantil em agosto deste ano, com músicas compostas por Carlinhos Brown e a cantora Milla Franco, levando os personagens da tela direto para os palcos e tendo “Jururú” como um dos destaques.

Divulgação/Paxuá e Paramim

 Paxuá e Paramim: a conscientização ambiental na tela das crianças

A animação infantil “Paxuá e Paramim” apresenta de forma lúdica e educativa, personagens da cultura e do folclore brasileiro, promovendo um resgate da identidade cultural de uma terra originalmente indígena. 

O desenho se passa na Floresta dos Encantados, Paxuá é filha da Encantada Iara, Mãe d’água, e por meio de um anel encantado, consegue controlar as águas, se comunicar com os animais marinhos e até mesmo respirar debaixo d’água. Já Paramim é filho do Senhor dos Ventos, e usa o seu cocar mágico para controlar o ar e se comunicar com as aves. Juntos, eles protegem a floresta. 

Para Carlinhos Brown, conscientizar as pessoas sobre o meio ambiente vem do meio em que ele nasceu. O cantor conta que cresceu no meio de uma floresta e que a preocupação e o cuidado com o meio ambiente veio de forma natural.

“O meu conscientizar pessoas sobre o meio ambiente vem do meio onde eu nasci. Eu cresci dentro de uma floresta que ‘favelizou’ e terminou se ascendendo como uma comunidade que expandiu sua capacidade cultural, mas não tivemos a força de deter a exploração que a especulação imobiliária nos trouxe desordenadamente. Eu acredito no progresso, mas não de forma desordenada. Acho que todas essas antenas apontavam para que eu tivesse essa a minha reação pessoal em relação ao cuidado com o meio ambiente, como eu acredito que deva ser, deve vir de cada um, do contrário não coletiva a intenção”.

Carlinhos Brown | Foto: Touché/Divulgação

O cantor recorda que a preocupação com o meio ambiente é antiga. No projeto de habitação no Bairro do Candeal, atualmente um ponto de êxito, foi feita a canção “Água Mineral”. Ao citar o trecho “Olha a água mineral do Candeal, você vai ficar legal”, ele lembra que o intuito era proteger o aquífero que passa embaixo do bairro, que por sua vez atravessa uma boa parte do Brasil para evitar a contaminação.

“Sempre tive esse olhar atento ao meio ambiente. Fui convidado pela Fundação Príncipe Claus, para fazer uma música, “Earth Mother Water” que tem a frase A natureza tem nos aturado. Ou seja, isso faz parte da minha vivência. Hoje eu tenho a oportunidade de comunicação, e eram necessários os equívocos que eu e a minha geração cometemos diante da natureza, para que nós buscássemos formas de reparar. Ora, eu sou um aguadeiro, minha primeira profissão foi levar água de casa em casa para quem não tinha saneamento ainda. Está na minha responsabilidade porque eu também uso produtos da natureza, é preciso pensar em como retornar e entender como ter um consumo responsável.”

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Ainda de acordo com Carlinhos Brown,  a educação ambiental é necessária para todos, em especial para a criança. E, a partir disso, surgiu a ideia de criar uma comunicação sobre conhecimento do meio ambiente.

“Além dos personagens, era necessário eu contar com alguém com capacidade curricular para que tecnicamente isso fosse uma ferramenta educativa, e encontrei Priscila Morthy e a Brasil Sustentável (editora parceira do projeto, com quem criou livros direcionados às crianças de 4 a 5 anos, ingressando nas escolas públicas de todo o Brasil). E antes de tudo, Andrea Mota, que é minha parceira nesse projeto”, conclui.

Carlinhos Brown | Foto: Magali Morais/Divulgação