A notícia de que o “Caso Richthofen” seria retratado no cinema desagradou muita gente e gerou uma onda de repúdio na Internet, há dois anos. Pouco familiarizado com o gênero “true crime” (crime real), o público brasileiro parecia acreditar que fazer filmes sobre Suzane von Richthofen e Daniel Cravinhos eram uma forma de homenagem. Na linha de frente das críticas, estava Carla Diaz, a atriz que conseguiu o papel de Suzane von Richthofen. Em entrevista ao POPline, ela diz que nunca pensou em desistir do projeto, apesar das críticas.
“De forma alguma isso fez com que eu mudasse minha forma de pensar. Não tem como – pelo menos a meu ver – homenagear um crime. Isso não existe. Acho que ao contar o crime, você abre um questionamento para a sociedade. Eu acho que talvez algumas pessoas abriram para uma crítica, uma discussão, porque ainda não tinham a informação de que os envolvidos no caso real não tem nenhum envolvimento com a produção dos filmes. Ou seja, a gente não teve contato com os envolvidos do caso real e muito menos eles não lucrar com as produções. A partir do momento que isso ficou muito claro – e outras produções internacionais já estão acostumadas fazer isso – eu acho que teve o entendimento das pessoas”.
Desafio grande
Os filmes “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais” estreiam na sexta (24/9) no Amazon Prime Video. Carla Diaz é Suzane nos dois. Um conta a versão de Suzane para o assassinato, e o outro conta a versão de Daniel Cravinhos. “É um desafio muito grande. Os atores sofreram críticas nesse processo, até porque as pessoas não entendiam muito bem o gênero ‘true crime’. Hoje, já entendem mais”, diz o diretor Maurício Eça.
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Leonardo Bittencourt entende reação do público
O ator Leonardo Bittencourt, que faz Daniel Cravinhos nos filmes, acredita que o público rejeitou a ideia inicialmente porque o cinema brasileiro ainda não está acostumado ao “true crime”.
“No momento que os filmes seriam lançados, seria o primeiro do gênero ‘true crime’, então a gente entende que tem um tempo de adaptação do público. Mas eu percebo também a evolução desse processo de dois anos, desde que foi anunciado o filme até agora. Grande parte do público já entende e usa exatamente os argumentos que a gente tinha quando topou fazer esse filme: é um gênero que acontece há muito tempo lá fora e não é porque a gente está fazendo uma dramaturgia brasileira que a gente vai exaltar algo ou ‘glamorizar’, como algumas pessoas ficaram com medo”, opina ao POPline.
Ele destaca que os filmes são baseados nos autos do processo. “Eles levantam essa discussão, para que a gente entenda que não foi algo isolado. O crime de parricídio ainda acontece no Brasil e, debatendo, a gente consegue evitar que novas coisas horrorosas como essa se repitam”, comenta.