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Cannes: Kleber Mendonça culpa Bolsonaro por 500 mil mortes e desmonte na cultura

Diretor de “Bacurau” e “Aquarius” está no Festival de Cannes, integrando o juri técnico

Kleber Mendonça Filho. Foto: Twitter

O Brasil está muito bem representado no Festival de Cannes 2021, na França. É que o diretor Kleber Mendonça Filho, responsável por filmes premiados mundo a fora como “Aquarius”, de 2016, e “Bacurau”, de 2019, foi escalado para integrar o júri que decidirá o vencedor da Palma de Ouro, principal prêmio da cerimônia. Em coletiva por lá, ele denunciou o governo Bolsonaro pelas mortes em decorrência da pandemia de Covid-19 e ainda clamou pela cultura no nosso país.

“No Brasil, atingimos a marca dos 500 mil mortos pela pandemia da Covid-19. Sabemos, através de dados técnicos, que, se o governo tivesse agida corretamente, 350 mil pessoas teriam sido salvas. Penso que uma forma de resistir é espalhar a informação, falar e discutir”, iniciou o premiado cineasta.

O diretor, que também traz críticas socais em suas obras, ressaltou ainda o desmonte do setor cultural brasileiro nos últimos três anos. Ele comentou sobre o fechamento da Cinemateca Brasileira, de São Paulo, referência na audiovisual do país, que detém mais de 90 mil títulos. “Essa é uma clara demonstração de desprezo pela cultura e pelo cinema”, comentou.

Kleber Mendonça Filho, Spike Lee, Tahar Rahim e Song Kang-ho no Festival de Cannes 2021. Foto: Twitter

Vale ressaltar que Mendonça Filho foi o primeiro latino-americano a disputar a Palma de Ouro desde 2016, sendo indicado com “Aquarius” e “Bacurau”, ambos em parceria com Juliano Dornelles. Em 2017, ele presidiu o júri da Semana Crítica, que ocorre simultaneamente ao Cannes. Neste ano, os prêmios serão anunciados no sábado dia 17 de julho.

Kleber Mendonça Filho integra o juri do Festival de Cannes. Foto: Twitter

O desabafo de Kleber surge ao mesmo tempo em Spike Lee, presidente do juri em 2021, que dirigiu “Infiltrado na Klan”, 2018, entre outros diversos filmes que tratam a questão do racismo contra a população negra em grande parte, relatou, em entrevista coletiva do evento, críticas aos governantes Donald Trump, dos Estados Unidos, Vladimir Putin, da Rússia, e o brasileiro Jair Bolsonaro: “Eles são gângsters e farão o que quiserem. Eles não têm moral, nem escrúpulos“.