Diante de uma trajetória inspiradora, um sotaque uruguaio e números surpreendentes que impulsionam sua arte, a carreira do multiartista, compositor, empresário e produtor musical Augusto Cabrera, nascido em Montevidéu (URU) é daquelas que são fruto de muita persistência, estudo e sensibilidade artística, capaz de unir culturas com características únicas em uma sonoridade singular.
Com a experiência dos mais de 30 anos envolvidos na música, Cabrera possui mais de 1 bilhão de visualizações e 69 semanas em primeiro lugar nas paradas brasileiras, o produtor musical é responsável por alguns dos maiores sucessos de Claudia Leitte, Ludmilla, Simone & Simaria, Gusttavo Lima, Eduardo Costa, Zé Felipe, entre outros. Recentemente, o uruguaio também passou a empresariar nomes em ascensão na música, levando para a carreira do artista toda a sua bagagem dos bastidores e sob os holofotes dos palcos mundiais.
Para Cabrera, não existe fórmula na música e o seu objetivo é sempre descobrir a magia que envolve um sucesso musical. Então, mesmo diante de um ritmo em evidência, o produtor musical prefere apostar em sua essência artística e não na busca pelos primeiros lugares nos rankings, nos quais acredita que são processos naturais. Esses e outros assuntos foram tema da entrevista exclusiva com o POPline.Biz é Mundo da Música na qual o profissional contou os bastidores da sua trajetória.
Conexión Uruguai e Brasil
Conhecido como Produtor versátil por passear por diversos gêneros musicais, sua origem humilde revela influências clássicas e mais populares. Aos 6 anos, começou estudar piano clássico, aos 9 aos nove, regia o coral da Igreja onde participava e com 12 anos, montou banda. Em seu período como cantor, fez turnê no Brasil e ficou admirado com a grandiosidade da música brasileira. E há cerca de 19 anos resolveu dar um passo importante, que foi sua mudança para o Brasil.
“Vim de um país pequeno. Sabia que para conquistar tudo o que eu sonhava, precisava crescer profissionalmente fora do Uruguai. Encontrei no Brasil a diversidade musical que precisava para isso”, conta o uruguaio.
O produtor musical revela que seu início não foi fácil. Até os 12 anos, ele morava em uma casa com chão de barro, na periferia de Montevidéu. E sua decisão de vir para o Brasil também foi um desafio. “Cheguei aqui com uma mão na frente, outra atrás, R$ 70 reais no bolso, dormi numa praça e eu comecei a trabalhar. Mas, comecei a efetivamente mexer com música no Brasil há uns 10 anos, vai fazer 11 anos agora”, revela.
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Em meio às dificuldades, Cabrera sempre acreditou no potencial da arte. E foi nessas buscas que em um estúdio de São Paulo, teve a oportunidade de gravar com Zezé di Camargo e Luciano quando nem ao menos conhecia a dupla. E foram eles quem abriram as portas do mercado musical brasileiro ao uruguaio, que ainda ganhou um Grammy Latino com o álbum “Double Face” da dupla.
“O Zezé me apadrinhou, ele me ajudou demais, me apresentou à muita gente. E a partir daí foi tudo muito estranho, porque em pouco tempo eu já estava fazendo Leonardo, Eduardo Costa e muitos outros. E já são 63 músicas tanto nacionais quanto regionais que já ficaram em número 1”, celebra Cabrera.
A ponte entre o mercado brasileiro e a música latina
Com mais de 69 semanas com alguma de suas produções no topo das paradas brasileiras, se analisarmos o pódio das músicas mais tocadas, essa conta chega a quase dois anos. Em 2017, Cabrera chegou a ter canções ocupando os três primeiros lugares do ranking no Rio de Janeiro _ uma das praças musicais mais fechadas do mercado brasileiro.
Nesse mesmo ano, com a música “Loka”, interpretada pela dupla feminina Simone & Simaria com participação de Anitta, o produtor uruguaio conquistou o feito de ter a música mais ouvida do ano nas rádios nacionais, ultrapassando o megahit mundial “Despacito”, e somando mais de meio bilhão de visualizações no Youtube.
E falando dessa ponte entre o mercado brasileiro e o mercado latino, Cabrera analisa que: a língua e as dimensões continentais do Brasil são alguns dos desafios para o Brasil se aproximar do mercado latino. No entanto, o uruguaio considera a sintonia que a música brasileira tem com a música Africana e acredita que o artista brasileiro tem que explorar suas principais características para estourar no mercado mundial. Em contato com produtores internacionais constantemente, ele afirma que os gêneros genuinamente brasileiros, como o Funk e o Sertanejo chamam a atenção dos profissionais e são nossas riquezas em potencial.
“A riqueza que vocês tem aqui é absurda, um negócio totalmente incrível e artisticamente, eu acho que faz falta termos artistas assim no mercado latino e que sejam brasileiros”, afirma Cabrera.
Autenticidade Musical e Novos Projetos
A ousadia e a experimentação musical do latino tem atraído artistas que buscam canções que saem da obviedade e que tocam o público. Com uma lista extensa de colaborações, Cabrera revelou que hoje está cuidando da parte artística da cantora Claudia Leitte, que estreou a sua nova fase musical hoje (26) com o single “Agradece” em parceria com Natiruts – no qual Cabrera é um dos compositores, ao lado de Claudia Leitte e Breno Casagrande – revela as oportunidades de trabalhar com uma artista multipotencial.
“Hoje a gente está voltando para a essência dela: ‘vamos voltar lá para trás e entender o que deu certo?’ e dar uma continuidade no trabalho. Para as artistas que eu to trabalhando hoje, vou trazer muitas participações. Fazer misturas, trazer coisas novas. Não apenas olhar o Top 200 e ver o que mais está tocando agora e seguir uma tendência por isso”, revela o produtor.
Em janeiro, Cabrera se uniu ao MC Don Juan e ao espanhol Abraham Mateo para lançar, a inédita “Só Sei Dizer”, que chega acompanhada de videoclipe com a participação dos artistas. A faixa faz parte do projeto autoral “Cabrera Conexión”, que busca conectar artistas brasileiros a grandes nomes da música internacional em uma parceria única e inusitada, que o público muitas vezes nem imagina o resultado final.
Para o produtor musical, na música, são importantes alguns elementos, como: a verdade, o conhecimento, ser realista e a fidelidade tanto com uma carreira artística, quanto com as pessoas que estão envolvidas no projeto.
“O padrão que eu procuro é fazer com que as pessoas sintam essa magia, então, independente do estilo saber o que nós podemos agregar para isso. E ter a responsabilidade musical de trazer coisas diferentes para a música. E eu gosto muito de fazer isso: pegar um ritmo regional e levar para o Brasil todo”, afirma Cabrera.
De acordo com Cabrera, apesar do momento triste que a Pandemia trouxe para o mundo, ele acredita que essa situação também está mostrando que o artista não deve depender dos shows e que hoje, o mercado está liderado pelo digital. Em uma mensagem de incentivo para artistas, produtores musicais e compositores, fruto de uma experência de 30 anos de mercado musical marcado por superações e sucessos que o tornaram uma das grandes referências da indústria, Cabrera indica: o estudo constante, pensar antes de agir, não ter medo de arriscar e acreditar na sua essência.