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“Boquetáxi”: clipe de Lia Clark é censurado e drag queen acusa Youtube de LGBTQfobia

Com quase meio milhão de acessos antes de completar 24 horas no ar, o clipe de “Boquetáxi” da drag queen Lia Clark está dando o que falar. Era para ela estar feliz com a repercussão, mas o Youtube a surpreendeu com a notificação de que o vídeo foi marcado como restrito para maiores de idade. Para Lia, trata-se de um caso claro de LGBTQfobia, e ela publicou um textão no Instagram reclamando da decisão da plataforma, motivada por denúncias de terceiros. Assista ao clipe e leia o post da Lia Clark:

“Ontem à tarde, eu lancei meu novo clipe ‘Boquetáxi’ no Youtube e a repercussão do vídeo foi enorme. Fiquei muito feliz e conseguimos alcançar o #1 dos vídeos mais vistos do dia.

Hoje acordei com a triste notícia de que o vídeo foi automaticamente removido da lista de vídeos em alta e não foi por ter caído de posição, o que é um processo natural, mas sim pq ele foi marcado como restrito por conteúdo impróprio para menores de 18 anos por conta do número alto de denúncias do público heteronormativo que o vídeo atingiu com tamanha exposição. Vocês podem estar pensando que é por causa da bunda no clipe e/ou letra da música ou até concordando com o bloqueio do youtube, porém, o buraco é bem mais embaixo.

Eu poderia listar milhões de vídeos/músicas cis-héteros brasileiros que constam no youtube com nudez e palavrões nos quais não consta a tal restrição de +18. Isso sem mencionar as traduções das músicas de vídeos internacionais. Porém, não vou apontar o dedo pra ninguém, só quero deixar explícito que isso é LGBTQfobia. E este preconceito não está vindo exclusivamente dos cis-heteros, mas também dentro da nossa comunidade, que acaba acreditando que se enquadrar aos padrões de higienização impostos por nossos opressores é uma questão de respeito. Não, não é! Respeito é tratar todos de forma igualitária.

E não, eu não estou pedindo pra gostarem/consumirem o meu trabalho, eu só quero igualdade e respeito.

Eu tenho direito de fazer o meu trabalho como todos eles. Eu tenho noção que a forma que me expresso nas minhas músicas não é a que ‘a grande massa’ espera de um músico, mas eu tenho direito de fazer o trabalho da minha maneira e isso não deslegitima a luta de ninguém. Eu cantar ‘Boquetáxi’ e pedir respeito não é hipocrisia. O macho cis-hétero que canta funk proibidão não é julgado da mesma forma que eu e continua lá no Youtube livre de qualquer restrição que atrapalhe seu trabalho.

E o pior é que muita gente não consegue enxergar isso, a LGBTQ+fobia é real e não é brincadeira. Hoje eu estou reclamando por ser silenciada pelo Youtube mas amanhã coisa muito pior pode acontecer com outra pessoa.

Obrigado pelo apoio, estamos tentando reverter a situação! Amo vocês🚕🔥”

Em 2016, o clipe de “Viado” de Valesca também foi classificado como restrito para maiores de idade no Youtube por conta de bumbuns masculinos à mostra. Na época, ela também criticou a decisão da plataforma, dizendo que, se fossem mulheres seminuas, não haveria problema.

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