Pelo terceiro ano consecutivo, Salvador teve a sorte de receber Pabllo Vittar e o Bloco da Pabllo no circuito Dodô. Diferente do ano passado, quando Pabllo saiu à noite, o trio-elétrico sem cordas da maior drag queen da música no mundo começou o desfile por volta das 16 horas, abrindo a segunda-feira de carnaval na Barra-Ondina.
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O sol estava a pino com aquela sensação de 40 graus na sombra, mas isso não impediu os Vittar Lovers de chegarem cedinho para acompanhar todo o percurso. O público, diga-se de passagem, foi essencial para a beleza e importância do Bloco da Pabllo. Em sua maior parte formado por jovens LGBTQIA+, eles mostraram que é possível sim fazer uma pipoca tranquila, sem violência, ainda que com muito pulo e danças bem ensaiadas.
Falando em danças bem ensaiadas… No Farol da Barra, vestido um look rosa, Pabllo Vittar deu início ao seu show ao som de “Parabéns”, parceria dela com o Psirico, definitivamente um dos maiores sucessos deste carnaval. Foi só começar o “é big, é big, é big, é big” que todos já estavam a postos para fazer a coreografia criada por Flávio Verne em uma espécie de “flash mob” gigante. Pabllo foi ovacionada pelos fãs que estavam ao redor do trio e pelos foliões que já estavam pela rua e assistiam à sua performance quase hipnotizados, seja por sua beleza ou até mesmo por não entenderem a dimensão do que acontecia.
Não havia espaço para questionar o impacto de Pabllo Vittar na avenida Oceânica. O mais interessante era que, com exceção dos fiéis Vittar Lovers, os olhares mais curiosos e com maior ternura vinham de idosos e crianças que estavam no chão, em janelas de apartamentos e camarotes e que mandavam corações com as mãos e cantavam as músicas do início ao fim. Algumas pessoas olhavam com semblante questionador, mas não tinha uma pessoa sequer alheia à apresentação.
A sequência de músicas foi matadora, um “smash hit” atrás do outro sem deixar o clima cair. “Problema Seu”, “Flash Pose”, “Buzina”, “Amor de Que”, “K.O” e “Nêga”, com direito a sample e coreografia de “Kill This Love” do Blackpink – que junto com o sample de “Baby Boy”, da Beyoncé, foram as únicas músicas músicas executadas que não fazem parte do catálogo da Pabllo. “Sua Cara”, “No Chão”, “Corpo Sensual”, “Ponte Perra” e a novíssima “Clima Quente” também estavam na setlist.
Após uma troca de roupa, Pabllo Vittar surgiu já em Ondina como Dora Aventureira. No camarim, ela havia contado que a decisão pela fantasia veio por conta dos fãs, que a chamavam pelo nome da personagem toda vez que ela usava uma peruca de cabelo mais curtinho. Parece que a fantasia, com direito a mochilinha azul, deu um gás a mais a Pabllo e a parte final do desfile de seu bloco ganhou um outro tom, até mesmo político. Em frente ao camarote da Band, Pabllo não se intimidou com as câmeras e transmissão ao vivo e engrossou o coro de “ei, Bolsonaro vai tomar no c*” que vinha das ruas.
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Pabllo tinha – e tem – consciência da importância de sua presença no carnaval e de seu discurso e leva isso a sério. Vez ou outra ela lembrava ao público da necessidade de respeitar uns aos outros, de se proteger, de usar camisinha. Falou também sobre diversidade não só no carnaval, mas também em todos os espaços.
O fim do Bloco da Pabllo foi antes das 22 horas e com o público ainda quente. Pabllo Vittar agradeceu aos soteropolitanos inúmeras vezes por ser tão bem recebida em Salvador e por acompanharem sua trajetória neste carnaval, que começou há 4 anos com uma participação no bloco da Daniela Mercury. Diante da comoção dos foliões e da vontade de Pabllo de entregar o seu melhor à Bahia, certamente o povo daqui poderá esperar pelo Bloco da Pabllo em 2021.
Aretuza Lovi, A Travestis e Luísa e Os Alquimistas
Pabllo Vittar recebeu no Bloco da Pabllo em Salvador algumas atrações especiais. Aretuza Lovi foi a primeira a se apresentar e entregou para a galera o single “Joga Bunda”, parceria dela com a própria Pabllo e Glória Groove. Infelizmente, Arê não pode cantar a sua música nova “I Love You Corote” por questões contratuais de patrocínio, entretanto “Catuaba” entrou na setlist, assim como grandes sucessos do carnaval baiano que ganharam versões na voz de Ivete Sangalo, como “Eva”. Teve versão de “País Tropical” também!
Luísa Nascim, do grupo Luísa e os Alquimistas, também abrilhantou o desfile do Bloco da Pabllo na altura do Morro do Gato, assim como a baiana Tertuliana do A Travestis. Vestida com roupa de carne que lembrava Lady Gaga, Tertuliana foi um sucesso à parte com suas músicas virais “Murro Na Costela do Viado” e “Ele Senta Em Cima da Prostituta”.
Todas as participações se repetiram na Ondina, em frente aos maiores camarotes da circuito.