Não é de hoje que a arte é vista como uma forma de dar voz à minorias e manifestar o pensamento de um povo. A dança, por exemplo, nasceu com este intuito e, hoje, é um grande espaço de liberdade de expressão. O Black Honey está aí de prova: um grupo de mulheres pretas que uniram talentos para lutar contra o preconceito, com ênfase no racismo e machismo.
Tudo começou como uma brincadeira de escola. As irmãs Carolyne e Bruna da Silva estudaram em um colégio particular, onde sofriam com o preconceito racial. “Lá não tinha representatividade nem de aluno nem de professores, nós éramos uma das poucas pessoas negras. A gente se sentia as patinhas feias, não tínhamos confiança“, contou Carol.
Ela admitiu que todo a sensação de deslocamento sumia quando dançava. As duas irmãs tem dançarinos na família, onde se espelham e se inspiram. Conforme participavam de shows e festivais, ficaram conhecidas como “meninas da dança”, o que lhes garantiu confiança. “Ela (a dança) fazia a gente se sentir ouvida, vista e confiante. A gente se apegou a isso porque vimos que era uma coisa que fazia a gente ser vista“, disse Carol. Ela explicou o que a arte significa:
“Eu acredito que a dança faz parte da gente. Nela, a gente não precisa seguir um padrão de cor, de cabelo, de corpo, só precisamos ser nós mesmas sem nos preocuparmos com a opinião alheia. Na dança, a gente encontra nossa felicidade e a certeza que seremos vistas e ouvidas”
Hoje, o grupo é formado por Bruna da Silva, de 18 anos, Carolyne da Silva e Juliana Moreira, ambas com 21, e Ana Cláudia Barros, de 30, que passava por uma depressão quando integrou o grupo. Carol explicou: “fizemos um convite surpresa pra ela, falamos que íamos ajudar ela a passar por aquela fase. Ela topou e estamos juntas até hoje“.
Sobre o nome, elas explicam que se inspiraram no grupo das tias, chamado “Diamonds Black“. Mas quiseram também homenagear o filme “Honey“, e pensaram em um termo que trouxesse as duas referências. “Pensamos no nome Black Honey, já que somos dançarinas negras, somos doces e simpáticas”, contou Carolyne.
HERvolution
O HERvolution, produzido pelo Kondzilla, convidou o grupo para participar dos episódios. A proposta do programa, que vai ao ar toda terça-feira às 23h30 na RedeTV!, é alavancar e engajar a carreira de jovens mulheres do funk, rap e trap nas favelas. Apresentado com descontração e bom humor pela cantora e compositora Mila, a edição é delas, feita por elas e para todxs, como se fosse uma confraria de amigas que se reúnem para bater papo numa conversa íntima e divertida. E, quando falamos de representatividade e força feminina na música, o Black Honey está em casa.