Beyoncé encerrou seu sumiço musical por uma causa em debate nos Estados Unidos e também no mundo há semanas: o racismo. Na madrugada deste sábado (20), a cantora liberou em todas as plataformas digitais a faixa “Black Parade”, mas mais que um protesto cantado, Beyoncé trouxe uma outra ativação: um site especial com venda de produtos de pequenos empresários pretos.
Quem entra no beyonce.com se depara com o projeto batizado de BLACK PARADE ROUTE e a mensagem da cantora explicando do que se trata: “ser preto é seu ativismo. A excelência preta é uma forma de protesto. A felicidade preta é seu direito”.
O site traz peças de arte, quadros, roupas, serviços que incluem aulas de ioga, lanchonetes, filmagem e também beleza, moda e bem-estar. Tudo 100% criado e tocado por pequenos produtores pretos. Em texto, a ação Black Parade Route afirma ainda que todos os nomes citados e que tiveram os sites linkados ao de Beyoncé passaram por uma curadoria de duas empresas e que os recursos angariados com a música “Black Parade” serão enviados ao Black Business Impact Fund, em parceria da fundação BeyGOOD, da própria Beyoncé, com o National Urban League.
A data de lançamento tem importância histórica
Beyoncé não escolheu um dia qualquer para o lançamento de “Black Parade”. Era sábado no Brasil, mas quando a canção estreou o relógio ainda marcava os últimos minutos da sexta-feira, 19 de junho, nos Estados Unidos. No dia é comemorado o Juneteenth, histórico momento do país de Proclamação de Emancipação da escravidão no Texas, em 1865. O Juneteenth Independence Day também é conhecido nos EUA como o dia da liberdade.
Vale lembrar que o Texas é o Estado natal da Beyoncé. A cantora nasceu na cidade mais populosa, Houston. Então, a data do Juneteenth se torna ainda mais próxima para a cantora.
A letra de “Black Parade” fala sobre superar a discriminação e enaltecer a cor da pele. “Oh terra mãe / caia sobre mim / não posso esquecer que a minha história é a história dela / somos pretos / é por esta razão deles serem sempre raivosos”, canta.
Um novo ciclo de protestos
Não é de hoje, ou desta década, que protestos nos Estados Unidos contra a supremacia e violência branca entra em pauta. No entanto, com a amplitude do caso George Floyd nas redes sociais, o engajamento se estendeu por outras partes do mundo e a participação de diversos segmentos empresariais.
A industria da música, que se beneficia da arte criada por artistas pretos nos Estados Unidos e a recicla até hoje em outros gêneros como o rock e o pop, parou na terça-feira, 2 de junho, na ação batizada de “Blackout Tuesday”. No Brasil e no mundo, o calendário de lançamentos foi suspenso e nos Estados Unidos qualquer tipo de reunião, trabalho ou investimento foi colocado em pausa.
Artistas brancos passaram a ceder suas próprias redes sociais para ativistas que faltam sobre racismo, a importância de ser antirracista em um mundo cada vez mais intolerante e empático e o porquê a importância da frase VIDAS NEGRAS IMPORTAM. Aqui no Brasil, cantoras como Luísa Sonza, Linn da Quebrada, Lady Gaga e Selena Gomez participam da ação.
Esta não é a primeira vez que Beyoncé fala sobre o assunto este ano. A cantora fez um discurso inspirador durante uma ação online do casal Obama para celebrar a graduação de alunos que não puderam se formar com festas presenciais. “Para as jovens mulheres, nossas futuras lideranças, saiba que estão prestes a mudar o mundo. Estou vendo isso. Você é tudo que o mundo precisa! Faça com amor, com excelência”, disse a cantora.