Um dos grandes clássicos do The Beatles ganhou nova versão pela cantora Beyoncé. A música “Blackbird” está presente em “Cowboy Carter”, novo trabalho de estúdio da artista. Poderia ser só outra regravação, mas a escolha vai mais além (a gente sabe que sempre tem um propósito maior).
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A canção escrita por Paul McCartney foi inspirada no Little Rock Nine, grupo de nove estudantes negros que tiveram acesso a uma escola anteriormente só para brancos, após uma decisão da suprema corte norte-americana que declarou a segregação em escolas públicas inconstitucional.
Em um primeiro momento, o governador do estado enviou a Guarda Nacional para impedir que os alunos pudessem entrar, mas o presidente à época, Dwight D. Eisenhower, destacou tropas federais para garantir que os alunos pudessem assistir suas aulas.
Em 2016, Paul encontrou pela primeira vez duas integrantes do grupo Nine e compartilhou o encontro no seu perfil no Facebook, com a legenda:
“Incrível conhecer Mrs. Thelma Mothershed Wair e Ms. Elizabeth Eckford do Little Rock Nine – pioneiros do movimento dos direitos civis e inspiração para ‘Blackbird'”.
“Blackbird” é também homenagem às mulheres negras
Para a revista GQ em 2018, ele falou mais sobre a criação do clássico. “Eu tinha ouvido falar dos problemas de direitos civis que estavam acontecendo nos anos 60, no Alabama, Mississippi, Little Rock, em particular. Achei que seria muito bom se eu pudesse escrever algo que, se chegasse a alguma das pessoas que estão passando por esses problemas, poderia lhes dar um pouco de esperança. Então, escrevi ‘Blackbird’.
“(…) na Inglaterra, um pássaro é uma menina [ou era na gíria dos anos 1960], então eu estava pensando em uma garota negra passando por isso – você sabe, agora é sua hora de se levantar, se libertar e pegar essas asas quebradas.”
Já que a ideia em “Cowboy Carter” é também exaltar a cultura negra no Country, “Blackbiird” (tem mais um i, pra combinar com a grafia da atual era), se encaixa perfeitamente na tracklist do projeto. Sem contar que, além de Beyoncé, a versão conta com Brittney Spencer, Reyna Roberts, Tanner Adell e Tiera Kennedy, quatro artistas não brancas de destaque no estilo – no qual mulheres e negros não são valorizados. Ouça abaixo o resultado: