A cantora e compositora Beth Carvalho, conhecida como a Madrinha do Samba e um dos maiores nomes da história do gênero, morreu no Rio de Janeiro, ontem (30), aos 72 anos.
Ela estava internada no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, Zona Sul da cidade, desde o dia 8 de janeiro. A causa da morte foi infecção generalizada, informou o hospital, em comunicado.
No final de dezembro de 2009, a cantora precisou fazer uma pausa no trabalho, em função de uma fissura na região sacra, na coluna vertebral, que a obrigou a permanecer em repouso absoluto. Em 2012 submeteu-se a uma cirurgia e, desde então, possuía mobilidade reduzida.
O velório será realizado hoje (1) a partir das 10h da manhã, no Salão Nobre da sede do seu clube de coração, o Botafogo de Futebol e Regatas, na Avenida Venceslau Brás, 72 – Botafogo.
O comunicado oficial do falecimento foi divulgado nas Redes Sociais da Artista:
Beth Carvalho foi uma artista engajada nos movimentos sociais, políticos e culturais brasileiros e de outros povos. Um exemplo foi a conquista, ao lado do cantor Lobão e de outros companheiros da classe artística, de um fato que até então era inédito no mundo: a numeração dos discos.
Em 1965, gravou o seu primeiro compacto simples, com a música “Por quem morreu de amor”, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Em 66, já envolvida com o samba, participou do show “A Hora e a Vez do Samba”, ao lado de Nelson Sargento e Noca da Portela.
Vieram os festivais e Beth participou de quase todos: Festival Internacional da Canção (FIC), Festival Universitário, Brasil Canta no Rio, entre outros.
No FIC de 68, conquistou o 3º lugar com “Andança”, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, e ficou conhecida em todo o país. Além de seu primeiro grande sucesso, “Andança” é o título de seu primeiro LP, lançado no ano seguinte.
A partir de 1973, passou a lançar um disco por ano, emplacando vários sucessos, como “1.800 Colinas”, “Saco de Feijão”, “Olho por Olho”, “Coisinha do Pai”, “Firme e Forte” e “Vou Festejar”.
Beth Carvalho é reconhecida por resgatar e revelar músicos e compositores do samba. Buscou Nelson Cavaquinho para a gravação de “Folhas Secas”, em 1973, e três anos depois fez o mesmo com Cartola, ao lançar “As Rosas Não Falam”, em 1976.
Frequentadora assídua dos pagodes, entre eles os do Cacique de Ramos, Beth Carvalho revelou artistas como o grupo Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Sombra, Sombrinha, Arlindo Cruz, Luis Carlos da Vila, Jorge Aragão e muitos outros.
A cantora trouxe um novo som ao samba, porque introduziu em seus shows e discos instrumentos como o banjo com afinação de cavaquinho, o tan-tan e o repique de mão, que até então eram utilizados exclusivamente nos pagodes do Cacique.
A partir daí, esta sonoridade se proliferou por todo o país e Beth passou a ser chamada de “Madrinha do Samba”. Sambista de maior prestígio e popularidade do Brasil, é aclamada também como “Diva dos Terreiros” e “Rainha do Samba”. Com inúmeros shows internacionais e também enredo de várias escolas de samba.
Em 1997, viu a música “Coisinha do Pai”, grande sucesso de seu repertório, ser tocada no espaço sideral, quando a engenheira brasileira da NASA, Jacqueline Lyra, programou a música para ‘acordar’ o robô em Marte.
Foram 50 anos de carreira e uma discografia de 33 discos e 4 DVDs. Com “Beth Carvalho Ao Vivo no Parque Madureira”, passa a ter 34 discos e 5 DVDs lançados.
A cantora recebeu seis Prêmios Sharp, 17 Discos de Ouro, nove de Platina, dois DVDs de Platina, além de centenas de troféus e premiações.
E deixa um legado inestimável de muito amor à música, no qual sua voz e composições ecoarão eternamente.