Bernardo Sim

Bernardo Sim – Grammy 2016: uma noite de surpresas óbvias

Foi um Grammy bem óbvio, que parece a cada ano se alinhar mais com o gosto popular.

A noite de ontem foi cheia de surpresas completamente óbvias, mas nenhum claro vencedor. Nos acostumamos tanto a esperar pelo inesperado e a torcer por coisas menos populares que, a cada vitória de um trabalho popular, mesmo que merecida, rolou um certo espanto.

“Uptown Funk” (de Mark Ronson e Bruno Mars) vencer Gravação do Ano foi inexplicavelmente uma grande surpresa, porque é claro que foi a Gravação do Ano. Por causa das rádios que tocaram essa música demais, o grande público parece que se esqueceu do quão incrível esta faixa realmente é. Um prêmio justo e merecido, mesmo que tivéssemos outras favoritas. Também foi justo dar ao Ed Sheeran o prêmio de Música do Ano por “Thinking Out Loud”, que também perdeu a graça pela superexposição, mas não deixa de ser uma grande canção de um artista verdadeiramente talentoso. “Eu disse que você ia ganhar um Grammy”, o todo-poderoso Stevie Wonder disse ao Ed antes de entrega-lo seu prêmio, legitimando ainda mais o impacto do menino.

O primeiro Grammy de Álbum do Ano da Taylor Swift foi para o disco “Fearless” de 2008. Ontem à noite, Taylor tornou-se a primeira mulher a ganhar este grande prêmio duas vezes, desta vez premiada pelo álbum “1989” de 2014. É bizarro e extremamente irônico que o Grammy a premiou pela primeira vez durante a origem do conflito da cantora com o Kanye West (que começou no Video Music Awards 2009 da MTV, por causa do prêmio que ela ganhou por “Love Story”, que é um single o “Fearless”), e pela segunda vez durante a segunda fase desta briga que já parecia estar resolvida. O discurso vitorioso de Taylor deve, de uma vez por todas, acabar com a confusão. O que poderia ter sido uma grande decepção para os críticos de música, que pareciam torcer em sua maioria para a vitória do “To Pimp A Butterfly” do Kendrick Lamar, acabou tornando-se o grande momento da noite e abafou qualquer grande reação.

Premiaram o aclamado Kendrick com todos os prêmios da categoria de rap, deram dois prêmios de rock aos iniciantes e incríveis Alabama Shakes, e também dois (de um total de quatro) prêmios da categoria country para a Little Big Town. Dos quatro prêmios da categoria de R&B e Urban, The Weeknd levou dois e D’Angelo levou dois. Skrillex e Diplo, da dupla Jack Ü, levaram os dois prêmios da categoria dance. Todo mundo que estava cotado para ganhar teve um momento próprio, mesmo que os grandes prêmios tenham ficado com apostas menos arriscadas. Meghan Trainor como Artista Revelação foi outra surpresa óbvia, visto que foi mesmo o grande novo sucesso recente que tivemos na música popular. Aliás, a única coisa que me espantou foi que Tinashe nem foi indicada na categoria. Como assim?

Em outras palavras, foi um Grammy bem óbvio, que parece a cada ano se alinhar mais com o gosto popular e deixar as pretensões esnobes do passado (sdds Oscar). Honestamente, já estou empolgado para a edição de 2017, competindo Adele e o seu “25” contra Beyoncé e o álbum que vem aí. Que comecem as apostas.

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