No Brasil, quando se fala em usar a música negra norte-americana como inspiração muitos podem cair no erro de associá-la ao funk carioca, funk melody ou charme – famoso na década de 1990. Não estamos aqui falando da influência R&B ou hip-hop moderno, mas da soul music e do funk de Mile Davis, Chaka-Kahn e, claro, James Brown. Unir esse swing com música pop foi o grande mote do Jota Quest, banda que comemora este em 2014, 18 anos de lançamento do primeiro disco.
O amor pela black music voltou com força no novo disco dos mineiros, “Funky Funky Boom Boom”, e com carimbo de gente importante como Nile Rodgers – guitarrista da banda Chic e que voltou aos holofotes recentemente graças às parcerias com Pharrel Williams e Daft Punk. Jerry Barnes, também do Chic, toca baixo em “Mandou Bem”, música que encabeça os trabalhos do sétimo álbum de estúdio dos brasileiros.
Mas não é de hoje que o Jota Quest bebe da black music norte-americana. Hits do primeiro CD da banda, que naquela época ainda assinava ainda como J. Quest, “As Dores do Mundo”, “ônibusfobia” e “Encontrar Alguém” trazem claramente o groove da guitarra seguida pela limpa linha de baixo que deu fama ao Jamiroquai, por exemplo. Para o segundo disco, outras influências foram sendo adicionadas, mas a levada arrastada e ritmada da soul ainda estava na faixa título “De Volta Ao Planeta” e “Sempre Assim”. Vamos relembrar?
Aí veio a fase dos hits com baladas. A banda até tentou alavancar faixas uptempos, mas foram sem dúvidas as músicas como “Dias Melhores”, “Fácil”, “O Vento”, “Só Hoje”, “Amor Maior”, “Mais Uma Vez”, “Palavras de Um Futuro Bom”, “O Sol” que deram notoriedade, fama e rotatividade nas rádios ao Jota Quest.
No entanto, fãs que acompanham os mineiros desde o início pediam uma visita às raízes. Então, em 2013, veio “Funky Funky Boom Boom” e a volta clara do groove. O primeiro single “Mandou Bem” estreou oficialmente no Rock In Rio com um recado do vocalista Rogério Flausino: “foi assim que a gente começou há mais de 15 anos. Estávamos com saudade disso tudo”.
E nós também.