Baú

Baú – Entrevista: Natasha Thomas

Cantora falou sobre os anos longe da música e seu desejo de gravar um novo disco.

Quando tive a honra de ser convidado por Amanda para junto com ela fazermos de forma diferente o especial “Por Onde Anda?”, para sua coluna Baú, um dos primeiros nomes que me passou pela cabeça foi o dela. O ano era 2004 quando fui apresentado por um amigo à música de Natasha Thomas. Uma dinamarquesa de voz suave que cantava um pop altamente influenciado pelo reggae (uma mistura inusitada, mas que deu super certo).

Em tempos de internet discada a 56kbps e redes sociais ainda engatinhando (beijos, Orkut), seu primeiro álbum, “Save Your Kisses”, lançado em 2004, obteve um resultado considerado bom apesar de não ter alcançado o topo das paradas dos mercados onde foi lançado, incluindo o Brasil. Apenas quando Natasha chamou a atenção de uma das maiores grifes do mundo que colocou a cantora como garota propaganda de uma das linhas de seus perfumes, que seu sucesso aumentou. No comercial, Natasha esbanjava toda sua beleza ao som de uma de suas músicas, alavancando sua carreira.

Foi por isso que ela chegou ao Brasil, onde visitou programas de televisão, teve música em trilha de novela e alcançou, inclusive, o Top 5 da nossa parada musical com a faixa “It’s Over Now”.

Passada a era “Save Your Kisses”, Natasha terminou seu contrato com a Sony partindo para uma gravadora menor. E disso nasceu o “Playin’ With Fire”, um álbum altamente R&B e que pegou carona na onda que começava exatamente nessa época e que dominou o mercado por muitos anos (colocando também Nelly Furtado em evidência com o “Loose”). O segundo álbum de Natasha Thomas falhou em repercutir mundialmente devido à fraca divulgação e lançamento apenas na Alemanha, Dinamarca e Japão, além do Reino Unido.

O único single do disco, a música “Skin Deep”, é talvez a faixa mais diferente do conceito do álbum (algo como “Two Hearts” é para o “X” da Kylie Minogue, se é que vocês me entendem). Depois dessa “baixa”, Natasha sumiu dos holofotes lançando uma música ou outra esporadicamente. Tornou-se mãe, formou-se maquiadora profissional e tem um canal no YouTube sobre maquiagem. E foi uma simpatia em entrevista para o “Por Onde Anda?”, especial do Baú do POPline.

POPline: Oi Natasha! Já se passou um tempão desde a última vez que ouvimos falar ao seu respeito, musicalmente falando. O que você tem feito desde o último lançamento?
Natasha Thomas: Minha vida mudou muito! 🙂 Morei em na Alemanha e trabalhei como artista até 2008 e depois me mudei de volta para a Dinamarca. Conheci meu marido (estamos juntos há sete anos) e agora temos uma linda garotinha de quatro anos. Eu estava trabalhando em um álbum em dinamarquês com uma gravadora em 2010, mas ela acabou falindo e o disco nunca foi lançado. Como eu queria focar no meu novo relacionamento, não quis recomeçar do zero com uma nova gravadora e empresariado na Alemanha porque teria que me afastar por meses. Então voltei a estudar. Primeiro eu conquistei meu certificado como maquiadora profissional e depois eu me graduei em Design Multimedia e comunicação. Adoraria fazer música novamente. Confesso que sinto falta e eu ainda me reconheço como artista e performer. Criei um canal no Youtube para falar sobre beleza e comportamento. O foco da audiência são mulheres jovens criativas, que estão interessadas em muitas coisas.

Você também esteve nos Estados Unidos por um tempinho, né?
Sim. Eu viajei para os Estados Unidos e fiquei lá por alguns meses em 2008. Gravei muitas demos na Flórida e em Atlanta no RedZone Studios e estava quase fechando um contrato lá. Mas naquele momento eu estava mentalmente esgotada e não estava no clima de sair da Alemanha para os Estados Unidos e recomeçar do zero sozinha. Eu queria ter uma vida normal por um tempo. Estava viajando sem parar desde os 16 anos. Bem, então acho que eu tenho 30 demos nunca lançadas que são realmente boas, mas infelizmente aquele não foi o momento certo na minha vida. Teria sido uma outra aventura divertida.

Mas você tem planos de voltar? Lançar um novo single ou álbum?
Para falar a verdade eu adoraria, mas não tenho mais contato com muita gente da indústria então não tenho certeza com quem eu me associaria. Meu empresário voltou aos Estados Unidos e estou sem nenhum representante nessa área. Eu já fui chamada algumas vezes para cantar uma música no Eurovision. Talvez eu faça isso algum dia, mas preferia ter meu próprio álbum. Não sou muito fã de competições. Também fui chamada para representar a Alemanha e a Suíça. Também neguei. Ano passado, por exemplo, eu tinha acabado de começar em um novo emprego e senti que minha filha era muito pequenininha para eu deixá-la por muito tempo – e se eu ganhasse eu não teria garantia alguma de lançar uma música em grande escala. Mas quem sabe ano que vem? Sinto que estou “fora de forma” vocalmente, então eu precisaria de muito treinamento para voltar aos palcos. 🙂

Como a vida de uma Youtuber é diferente de uma cantora? E o que te levou a tomar essa decisão?
No momento não trabalho apenas com vídeos no Youtube, é algo que faço porque amo, um projeto paralelo. Eu dificilmente teria tempo para filmar e divulgar tantos vídeos, mas espero aprontar uma sala de vídeo em breve na minha casa para começar a gravar depois que minha filha dormir (risos). Antes disso não tenho tempo durante o dia. Mas adoraria ser uma “full-time Youtuber” e apenas ser criativa fazendo conteúdos diários tanto no Youtube quando no meu site oficial – onde também faço menos atualizações do que eu gostaria. Mas estou planejando e espero que tudo mude em um futuro próximo.

Paralelo à música, você foi garota-propaganda de diversas marcas. Você também se considera modelo? Considera voltar a modelar?
Seria divertido, mas uma pessoa com 30 anos de idade no mundo da moda é considerada “muito madura”, infelizmente. Mas se alguma oportunidade surgir, eu ficaria interessada sim, claro. É muito divertido fazer um trabalho desse. No momento eu atualizo meu Instagram (risos).

Você veio ao Brasil para promover seu primeiro disco, o “Save Your Kisses”. Como você se sentiu sabendo que tinha tantos fãs no Brasil naquela época?
Foi minha primeira visita ao país e foi surreal! Até esse momento eu não tinha ideia que as pessoas me conheciam ou conheciam minha música. Só apenas quando eu cheguei aí e fiz minha primeira apresentação para promover a fragrância. Eu me diverti muito e as pessoas são tão receptivas e convidativas, senti uma energia super positiva como nunca antes, na verdade.

Podemos esperá-la de volta um dia?
Amaria voltar, mas como mencionei precisaria estar trabalhando com música novamente. Geralmente recebo convites de diferentes pessoas, mas no momento acho que eu precisaria estar mais proativa se eu quiser fazer música novamente porque faz muito tempo.

Com seu segundo disco você optou por algo diferente em termos de estilo musical, trocando a vibe reggae por uma mais R&B, algo que na época não era usual para uma menina loirinha fazer. Então, podemos dizer que você foi uma das primeiras cantoras não negras a ingressar nesse caminho do R&B. Por que você optou por essa troca?
Na época a minha gravadora me chamava de “Barbie Gangsta” (risos). Foi uma fase da minha vida que eu consegui quebrar aquela imagem de “Britney inocente” e me expressar um pouco mais como muitos adolescentes fazem. Nunca me senti insegura e hoje eu acho que aquele disco é muito bom, apenas um pouco adiantado no seu tempo. Demorou um pouco mais de tempo para aquele estilo musical se tornar popular e as pessoas não estavam tão preparadas assim. Principalmente na Alemanha, onde agora o R&B é como se fosse o “novo pop” e as pessoas estão abraçando cantoras como Zara Larsson que se inspira demais no gênero. Então foi um pouco triste não ter sido valorizada na época. Pelo menos não para garotas brancas como eu, mas acho que se eu tivesse que fazer um novo disco agora (com meus 30 anos e mãe) seria algo mais cantora/compositora e menos pop/dance ou um bom equilíbrio dos dois.

O que aconteceu depois do lançamento de “Skin Deep”, o primeiro e único single do álbum “Playin’ With Fire”?
Outra gravadora faliu. Logo depois do lançamento. E é apenas um fato, pelo menos naquela época antes das redes sociais se tornarem tão enormes, que se você não tem dinheiro para investir no seu álbum você não consegue competir. Então a coisa foi ruindo e eu não consegui o apoio que eu precisava ou que eu tinha direito de acordo com o plano. Eu queria trabalhar em uma “gravadora indie” depois da Sony ter tido todo o controle no processo criativo, mas infelizmente muitas dessas gravadoras indies não possuem o mesmo orçamento e eles sofrem um bocado.

Como você vê a indústria no momento?
Acho que melhorou muito! O artista tem muito mais controle e eles podem ter todo esse controle dentro das próprias plataformas. Existe ainda uma gama muito maior de estilos musicais que são populares e mais oportunidade de negócios, em geral. Então sinto que tudo se abriu e se tornou mais livre e positivo e isso só beneficia os artistas.

Já que você está fora do circuito, diz para a gente o que você anda ouvindo na atualidade?
Eu gosto de Justin Bieber. Ele é meu “guilty pleasure”. Zara Larsson é também ótima e super talentosa, ela me lembra quando estava começando. Eu também curto muito Coldplay e o Little Mix. Uma das minhas músicas preferidas é “Say You Won’t Let Go”, do James Arthur. Ela é muito similar ao estilo de música que eu adoraria fazer. E também sou muito orgulhosa dos dinamarqueses do Lucas Graham. Ele é tão talentoso… amo todas as músicas da banda. Tenho certeza que estou deixando muita coisa de fora nessa resposta, mas essa é uma boa mistura do que eu gosto (risos).

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Texto: Kavad Medeiros
Tradução: Amanda Faia
Revisão: Mari Pacheco
Edição de vídeo: Ricardo Oliveira
Produção e supervisão: Amanda Faia

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