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Baú – Entrevista: Natasha Bedingfield


Se você ouvia rádio e/ou assistia MTV na primeira década dos anos 2000, você provavelmente se deparou com alguma música de Natasha Bedingfield. Sim, estamos falando de “Unwritten” e de “Pocketful of Sunshine”, que tocaram em todo lugar em 2004 e 2008, respectivamente. Após fazer você se lembrar desses sucessos, agora você se pergunta: por onde anda Natasha Bedingfield?
Nós também estávamos curiosos e entramos em contato com a neozelandesa radicada em Londres para falar sobre sua carreira e sobre o que esperar para os seu futuro musical.

E se você acha que ela estava parada, você se engana. Natasha, dona de hits estrondosos e irmã de outro cantor de sucesso, Daniel Bedingfield, não parou de escrever desde o lançamento de seu último álbum, o “Strip Me”, de 2011.

Oi Natasha, muito bom falar com você. Como você está?
Oi! Eu estou ótima, obrigada! Estive curtindo uma viagem pelos Estados Unidos nesse verão, que tem sido bem divertido. Eu até escrevi um pouco enquanto estava no ônibus da turnê.

Você está atualmente em turnê solo e com o Train, correto? Mas você pode nos dizer se você está em estúdio fazendo novas músicas?
Sim, eu acabei de voltar da turnê com Train em grandes arenas abertas! Era uma plateia incrível toda noite em um Estado diferente. Cantando com o pôr do sol. Eu também estive em estúdio todo dia nos últimos anos compondo músicas para mim e para outros artistas.

Você recentemente lançou o single “Let Go” para uma marca de bebidas. Foi apenas para a marca ou a música é uma prévia do que está por vir?
Eles vieram até mim e pediram para fazer uma música para a campanha. Muitas das minhas músicas são sobre liberdade e aproveitar o que está ao seu redor então eu acredito que eles acharam que era uma compatibilidade natural. Você provavelmente irá ver coisas desse tipo de mim.

Há alguma novidade que você pode nos adiantar?
Eu escrevo músicas todo dia e isso é uma das minhas coisas favoritas de fazer. Eu espero lançar algumas delas em breve.

Já se passaram 13 anos desde o “Unwritten”. Consegue acreditar como o tempo voa?
Não! Eu não consigo acreditar porque eu canto essa música tanto que ainda parece que ela está no presente. A coisa é ainda mais estranha quando vejo alguém que parece ter minha idade, que diz que ouvia minhas músicas quando criança ou meu show foi o primeiro que eles foram na vida.

Eu confesso que é difícil não sorrir ouvindo ela. Eu não sei se isso foi intencional! (risos)
Eu amo quando as pessoas sorriem, então fico feliz em ouvir isso. Mas, eu também faço algumas pessoas chorarem – essa é uma coisa ótima sobre a música, que cada pessoa tem uma resposta diferente.

Quando você escreveu essa música, você imaginava que ela iria se tornar tão grande?
Eu escrevi essa música para meu irmão mais novo e fui o mais honesta que eu podia ser naquele momento. Eu não poderia imaginar que uma música para uma pessoa poderia se tornar para tantas outras. Mas, eu tive sim uma sensação quando eu gravei a música que ela era especial.

O que você mais se lembra sobre aquela época?
Eu lembro de uma fome profunda para que minha voz fosse ouvida. Eu me entreguei por completo nisso. Algumas pessoas disseram que eu não conseguiria, mas isso só me fez mais determinada.

E ela te deu sua primeira indicação ao Grammy, não foi? Melhor Performance Vocal Pop Feminina. Você se lembra o que estava fazendo quando recebeu a notícia?
Eu não lembro de verdade onde eu estava ou o que estava fazendo, mas sim, foi muito importante para mim. É engraçado quando tudo isso está acontecendo, pode se transformar em um grande borrão.

Agora, sobre “Pocketful of Sunshine”. Como “Unwritten”, a música tocou em todo lugar em 2008. O que você se lembra sobre aqueles anos e a recepção da música?
Eu lembro de dançar pela sala no dia que eu escrevi essa música e quando algumas pessoas que a escutaram disseram que era uma música incomum. Alguém da gravadora disse que amou a música, mas estava preocupado que porque ele amou, ninguém mais amaria (risos). Isso era como insegura a indústria fonográfica estava naquela época. As pessoas ficaram com medo de confiar em seus instintos. Felizmente eles decidiram seguir seus corações e lançaram a música. Então ela acabou entrando no filme “Easy A”, e a reação de Emma Stone no filme contou uma história similar de achar a música irritante e depois achá-la irresistível.

Nós sabemos que “Unwritten” e “Pocketful of Sunshine” falam sobre empoderamento, acreditar em você mesmo, mas tem um single que me atinge com força, todas as vezes, que é “Strip Me”. O vídeo também teve uma ótima recepção. Você pode nos contar um pouco mais sobre a história por trás dessa música?
Para mim, eu sempre via muita falsidade em como a música é transformada em uma marca e eu acho que essa música é sobre tentar se achar com todo mundo tentando transformar você no que eles querem, algo que muitas pessoas experienciam, não apenas artistas.

O que você acha do mercado musical atualmente? Quais são as diferenças da época que você estava sob os holofotes?
Parece haver muito mais liberdade. O tempo todo eu encontro artistas que colocam suas músicas online sem a necessidade de um selo de aprovação da gravadora, e as pessoas podem decidir por elas mesmas o que elas gostam e descobrir novos artistas. É difícil para esses novos artistas e não é tão fácil monetizar números online, mas a demanda por música nunca esteve tão alta.

Seu último álbum foi o “Strip Me” (2011) e a indústria da música mudou um pouco desde então com os streamings fazendo grande diferença nas paradas – e por causa disso alguns artistas estão pensando em lançar apenas singles ao invés de fazer um álbum inteiro. O que você pensa sobre isso?
Uma diferença de quando eu cheguei no mercado é que eu tinha que ter permissão para postar até uma foto minha. Eu acho que o streaming é similar à rádio de uma boa maneira, mas as pessoas podem ouvir o que elas querem, quando elas querem. Meio como a Netflix, é bem prático. Eu acho que é o futuro… Alguns advogados apenas precisam se juntar para fazer isso justo para os artistas e para as pessoas que fazem música recebam benefícios similares.

As pessoas podem não saber, mas você também é envolvida com projetos de caridade. Você disse recentemente que sua família saiu da Nova Zelândia sem dinheiro para criar seu irmão. Poucos anos depois, com você, tiveram quatro pequenas bocas para alimentar. Seu passado e sua família inspiram esse seu lado também?
Minha educação como uma imigrante em Londres realmente me influenciou. Londres é uma cidade incrível para crescer nela porque você pode usar o transporte público quando criança e ser bem independente. Meus pais sempre me ensinaram que cada pessoa tem o seu valor.

Você nunca veio ao Brasil, mas temos certeza que você recebe muitas mensagens dos fãs brasileiros (nós somos bastante barulhentos, até nas mídias sociais! risos). Você gostaria de vir aqui algum dia? Nós adoraríamos tê-la aqui.
Eu fui ao Brasil para gravar meu vídeo “These Words” no Rio. Nós fomos a uma escola de samba e dançamos, bebemos caipirinha e dançamos na chuva. Eu estou muito animada com a possibilidade de voltar – significaria tudo para mim fazer um show para os fãs brasileiros.

Você gostaria de mandar uma mensagem para seus fãs?
Um grande obrigado aos meus fãs brasileiros – vocês me inspiram e encorajam e eu amo suas mensagens nas mídias sociais. Mal posso esperar para encontrar com vocês algum dia na vida real.

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Texto: Amanda Faia e Kavad Medeiros
Tradução: Kavad Medeiros
Edição de vídeo: Ricardo Oliveira
Produção e supervisão: Amanda Faia