Ela tinha virado a página, partido pra outra e estava nem aí para os problemas do outros… E foi exatamente tudo isso que tornou a cantora Luka uma das mais bem sucedidas da música brasileira, até mundo afora.
Para quem não tá entendendo nada, deixa eu explicar. No início do século XXI, mais precisamente no ano de 2003, era praticamente impossível ter ouvidos funcionando plenamente e não ouvir, em algum lugar, até mesmo sem querer, a música “Tô Nem Aí”, da gaúcha Luka. A música, inclusive, é uma composição dela em parceria com Latino (sim, ele mesmo!).
Para todos nós que não vivíamos em uma caverna, Luka estava em todos os lugares: novelas, programas de TV, rádios… aqui no Brasil e até mesmo no exterior. O sucesso de “Tô Nem Aí” e do primeiro álbum de Luka, o “Porta Aberta”, foi tão grande que a cantora fez shows no Japão, Portugal e na Espanha e apareceu nas paradas de sucessos de países como Alemanha e Itália. O álbum também foi lançado nos Estados Unidos.
Em 2005, Luka também foi a diva do verão europeu, com a música “Enamorada”, um sucesso que embalou todas as baladas da Europa naquele ano, sendo uma das mais executadas por lá.
Já em seu terceiro disco, “O Próximo Trem”, Luka conseguiu um contrato com uma gravadora em Portugal e passou um bom tempo por lá divulgando seu trabalho em programas de rádio e TV. Tudo isso graças à música “Love is Free”, que entrou como faixa bônus no disco.
Definitivamente, Luka não é só “Tô Nem Aí”. A cantora já mostrou diversas facetas de seu talento, incluindo um projeto acústico, onde divulga, em seu canal no YouTube, vídeos cantando novas versões de sucessos tanto de sua carreira como da carreira de outros artistas.
Nós do POPline ficamos muito felizes em poder falar com a Luka, lembrando um pouco dos sucessos, que fizeram história e marcaram muitas vidas Brasil afora. Confira a entrevista:
Você começou a sua carreira bem cedo e obteve bastante sucesso, como você conviveu com essa mudança na sua vida, na sua rotina na época após o “Fama”?
O sucesso é mágico e assustador na mesma medida, principalmente quando se voa muito alto. Acho que pela minha idade, administrei muito bem na época, viajei o mundo, conheci pessoas, aproveitei ao máximo aquele momento!!
Vi tudo de forma muito positiva e me sinto vitoriosa por ter chegado onde muitos nunca chegaram.
Quando você fez sucesso com “Tô nem aí”, não havia toda essa exposição em mídia e contato com os fãs que as redes sociais proporciona. Como você vê lançar música e fazer sucesso naquela época e agora?
Esse foi justamente o ponto que me desfavoreceu, porque hoje você faz um show na Rússia, posta e o povo aqui no Brasil fica sabendo na hora!!
Há dez anos, infelizmente todos pensaram que eu tivesse sumido e na verdade eu estava bombando lá fora, fiz mais de 30 shows pela Europa, África, Japão e Eua!
Hoje, com a internet,é tudo muito mais democrático, não existe mais o monopólio das gravadoras.
Você acredita que já tem quase 15 anos de “Tô Nem Aí”? A música ainda é bastante lembrada e certeza você ainda é abordada por causa dela e não pode faltar em shows.
Sim!! É muito surreal pensar no tempo, mas muito gratificante saber que marquei uma geração, e minha música faz parte da vida das pessoas! Já ouvi cada história emocionante.. até de uma senhora com câncer que ouvia tô nem aí nos seus últimos dias de vida porque dizia que queria se sentir feliz..
“Tô Nem Aí” foi sucesso na Alemanha, Áustria, Itália, Suíça… Você fez shows no Japão, na África… como você encarou esse sucesso da música em países que possuem um idioma tão distante do português?
Esse é o poder da música. Música é energia, é como o amor, você não precisa entender, precisa sentir.
Muita gente pode não ter acompanhado, mas você tem outros três discos após “Porta Aberta”, álbum que tem “Tô Nem Aí” na tracklist. E você apostou em uma mistura de estilos como por exemplo o “pop rock” em “Sem Resposta” e até cantando em espanhol em “O Próximo Trem”. Quando você olha para a sua discografia, como vê esse leque de “facetas da Luka”?
Cada álbum reflete uma fase da minha vida, “nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar!”
“Cinderela Doida” foi lançada em 2009 e também teve um incrível desempenho nas rádios. Há alguma pressão sua ou interna para repetir esses feitos de “Cinderela Doida”, de “Difícil Pra Você”, “Aposta” e “Tô Nem Aí”?
Houve essa pressão na época por parte do mercado, mas eu creio em algo tão maior. A vida é um aprendizado tão grande que não posso reclamar. E nesse meio tempo, eu aprendi a ser mãe, esposa, mulher, melhor, feliz..
Há uma grande diferença no mercado musical de agora e de quando você se lançou, incluindo uma aceitação maior – e espaço – do pop brasileiro. Como você vê essa, digamos, evolução?
Vejo que o pop mudou de sobrenome.. o que antes era pop rock, hoje virou “pop funk”, “pop sertanejo”, isto é, as outras linguagens musicais vestiram a roupa pop para caírem no gosto popular. Acho super louvável e desafiador seguir com originalidade sem se perder no meio do caminho.
O último disco foi lançado apenas virtualmente, já um reflexo do novo estilo de mercado. Conta para gente mais sobre essa decisão.
Tenho me reinventado e estado atenta às novas tendências do mercado digital. Hoje as pessoas não consomem mais o Álbum inteiro, fazem suas playlists e selecionam o que querem ouvir. Isso é ótimo por que desafia o artista a pensar em cada faixa de forma muito especial. Antes era muito comum o disco ter uma ou duas músicas boas e o restante ser conhecido como música “pra encher linguiça”.
Você ficou um pouco afastada dos holofotes da grande mídia durante um tempo. Como era sua vida nesse período?
Minha vida seguiu lindamente, fazendo shows, compondo para a Som Livre e lançando meus três álbuns seguintes que são Sem Resposta (2006), O Próximo Trem (2009) e Céu de Diamantes (2015).
Sentiu falta da correria de divulgação, mídia etc? Do que mais sente falta?
Minha vida foi tão turbulenta na época do estouro da Tô nem aí, que eu me assustei um pouco com essa loucura toda de mídia. Mas os artistas cantores nem sempre estão na mídia, mas podem estar fazendo show e rodando o Brasil inteiro!
Esse ano, a gente noticiou como “Tô Nem Aí” viralizou novamente nas redes sociais com Raphael Mancini. Fala pra gente como se deu a parceria!
O Rapha é um queridaço! Um garoto dedicado e talentoso que fez uma versão liiinda da música que me encantou! Aí resolvi gravar com ele.
Não sei se você já jogou “Tô Nem Aí” no Spotify. Além da sua, a original, tem a versão com o Raphael, da Larissa Manoela, Kelly Key, no Youtube há paródias e muitos outros covers. É muito bacana quando a música se eterniza assim.
Muitoooo!! É super gratificante esse reconhecimento de saber que eu marquei uma geração inteira!!
O que você está ouvindo atualmente? Cita para gente algumas faixas e artistas!
Tenho ouvido muitas coisas novas, novas tendências, como Ariana Grande, mas ao mesmo tempo, tenho uma coleção de vinis e me delicio com eles.
Seu último álbum é de 2015, o “Céu de Diamantes”. Podemos esperar o que da Luka em 2017?
Estou lançando meu novo single em español!! Aguardem.. está lindo!!
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Texto: Amanda Faia e Kavad Medeiros
Produção e supervisão: Amanda Faia