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Baú – Entrevista: Felipe Dylon


Quando a gente pensa em música pop no início dos anos 2000, o nome dele certamente vai vir à sua cabeça. Você pode não curtir o som, mas não vivenciou a música pop nessa época, principalmente o que tocava no Brasil, imune a febre Felipe Dylon. Com apenas 15 anos e um contrato com grande gravadora, Felipe chegou chegando com seu primeiro disco, homônimo, e que tem em sua tracklist o hit “Musa do Verão”. A carinha de novinho, sardas, olhos grandes, pinta de gente boa e sempre de violão na mão, Felipe saiu do anonimato para grandes programas de TV, capas de revistas e shows lotados de uma plateia animada e bem barulhenta.

Quase 15 anos após o hit e com três discos em seu currículo, Felipe continua na ativa se reinventando e produzindo. Ele está de single novo, sabia? O Baú do POPline correu atrás do rapaz para conversarmos sobre o passado e os planos atuais!

POPline: Você começou a sua carreira bem cedo e obteve bastante sucesso. Como você conviveu com essa mudança na sua vida, na sua rotina?
Felipe Dylon: Muito intenso! Desde cedo muitos shows, muitos trabalhos que tiveram uma ótima repercussão, graças a Deus. Desde sempre tive um apoio muito grande da família e dos amigos mais próximos que me fizeram sentir sempre amparado. Nesta época o trabalho teve grande repercussão no Brasil e no exterior. Fizemos shows no Estados Unidos (2004 e 2005) e Japão (2005). Naquela época eu estudava ainda, estava no colégio e vi esse trabalho tomar um vulto muito grande. A gente estava com tudo para ir em frente com muita garra e determinação. A gente tinha a maior vibe ao lidar com todo mundo e comecei a desenhar meu sonho, fazia desenhos de guitarristas e  sempre pensando: ‘poxa essa tour vai dar certo, vai ser muito bom, a galera vai vibrar nos shows’. Um sonho de menino se realizando! Graças à Deus tudo correu da forma mais perfeita possível. Hoje sou um homem de 29 anos e sigo no mesmo sonho e determinação.

Quando você fez sucesso não havia toda essa exposição em mídia e contato com os fãs que as redes sociais proporciona.
Naquela época era diferente. Eu dei muita sorte de fechar um contrato com o Jorge Davidson que lançou Os Paralamas, Legião Urbana, Ana Carolina, entre outros. Sou muito muito grato ao Jorge. Ele acreditou em mim! A gente fechou esse contrato com a EMI na época, gravadora do Iron Maiden e Lenny Kravitz que eu sempre fui fã! Tivemos a oportunidade de rodar todo esse país com mais de 30 shows por mês. O pessoal da gravadora acreditou no Projeto Felipe Dylon. A assessoria da gravadora enviava uma equipe que fazia panfletagem na porta dos colégios, fazia várias promoções de rádios e ações em São Paulo, tardes de autógrafos, muita dedicação de todos. Tudo isso fez com que o trabalho desse super certo. Houve uma alcance incrível nacional e internacional.

E como você vê lançar música e fazer sucesso naquela época e agora?
Hoje em dia com as redes sociais, tem um lado que facilitou bastante todo esse trabalho: o artista é quem se dedica e se empenha, pode montar sua equipe e ir à luta, não precisa esperar que os outros façam por ele. Na real… acho que o ideal seria uma repaginada e mixada nas duas épocas. Digo isso pois uma gravadora que é parceira e tem um Diretor Artístico, como tive o Jorge Davidson, te dá um caminho, te ajuda a pensar em um repertório que faça ter uma abrangência rumo ao sucesso tão esperado e desejado por todos os artistas. Existe um investimento financeiro e condução artística.

Após 2006 você ficou um pouco afastado dos holofotes. Como era sua vida nesse período?
Cheguei a lançar dois trabalhos: o primeiro gravamos nos Estúdios Mega que foi produzido pelo Marcelo Sussekind. Neste disco tivemos a participação do Lulu Santos na faixa “Ano Novo Lunar” de própria autoria do Lulu, também do cantor Michael Sembello autor do sucesso mundial “Hit Maniac” e também do rapper Helião do RZO. Cantei com o Marcelo Falcão, com a Claudia Leite, com o Marcelo D2, participando de seus shows. Nesta mesma época eu estava voltando de Nova York onde gravei uma faixa com o Sacramento Mc’s, fui fazer em 2011 uma viagem para Los Angeles onde tive a chance de ter aulas com o mesmo professor do Bon Jovi e do Bono Vox, o nome do professor era Matt. Nessa viagem conheci o Anderson Silva, e fui depois convidado para cantar na festa de aniversário da filha dele. Eu estava buscando meu novo caminho não podia parar. Eu também estava tocando talvez em um circuito mais “off”. É que algumas informações às vezes chegam defasadas pois o nosso trabalho naquela época rolava muito mais nos interiores deste “Brasilzão”, sempre na correria e elaborando toda esta nova fase.

“Musa do Verão” não foi o único grande hit de Felipe. É certamente o mais marcante e a música pela qual ele é mais lembrado. Antes dela, veio “Deixa Disso”. Você lembra?

Como você está seguindo hoje?
Hoje em dia montei minha própria equipe. Zé Henrique e equipe do Estúdio Yahoo na direção e produção musical, Fernanda Balbino comandando a assessoria de imprensa, minha banda e tenho grande apoio dos meus pais. Vamos reinvestindo para seguirmos em frente. Na real, quem veio do vinil, passou pelo CD e chega hoje às plataformas digitais, teve que se reinventar legal! É isso, arregaçar as mangas e ir em frente! Como te falei, eu já criança desenhava meu sonho. E o trabalho e estudo não para. Hoje em dia faço duas aulas de canto por semana, uma popular e uma com técnica de lírico, faço aulas de violão e harmonia e trabalho no meu trabalho. Toda esta dedicação e esse empenho rodando o Brasil, fazendo vários shows, tem sido muito legal. Quando comecei, meu trabalho era novidade na indústria e com isso os eventos eram muito requisitados, a gente acreditava que poderia dar certo e deu certo. Nunca pensei em desistir. Pelo contrário. Todos os dias me alimento de energia com a natureza, quando vou surfar e volto ao trabalho com ânimo e caio dentro. Isto aprendi com meus pais. Hoje com as redes sociais, facilitou muito a comunicação porém acho que quem começa hoje sua carreira tem muito mais dificuldade de se tornar expoente devido a quantidade de informação. Tem que trabalhar e se dedicar muito para se destacar em meio a tantas opções.

Você voltou a lançar música após muitos anos. O que mudou para você de lá para cá?
Neste período continuei estudando, fazendo shows e reorganizando minha equipe e o direcionamento da minha carreira. Temos recebido um ótimo retorno nos shows e também nas redes sociais. Agora lançamos “Meu Verdadeiro Amor” e pretendemos alcançar um grande espaço com o apoio dos nossos fã-clubes e do público em geral.

Fala para a gente sobre “Meu Verdadeiro Amor” (lançada em maio deste ano).
Meu mais novo single, uma canção que eu esto acreditando muito, fala de amor de verdade, e isto é lindo, sempre será lindo, é atemporal. Optamos por uma sonoridade e batida moderna que poderá fazer com que essa canção dê muito certo Brasil à fora.

Muita coisa mudou de 2003 para cá. São quase 15 anos de quando você estourou. Sentiu falta da correria de divulgação, mídia etc? 
Sinto falta de mais casas de shows no Rio para os artistas façam suas temporadas. Sinto falta de mais espaço de boas músicas nas rádios. Sinto falta de mais programas de TV que deem espaço para música. Tudo isto é fundamental para que haja um reaquecimento da Música Brasileira.

Existiu algum tipo de pressão para obter o mesmo sucesso de “Musa do Verão” e “Deixa Disso”?
Pressão é algo não muito interessante para a criação. O sucesso de uma canção é algo que depende de vários fatores. O artista deve buscar sua verdade, fazer seu som sem pensar no sucesso, deve pensar em fazer o seu melhor, ter boas inspirações e criar canções com sentimento de verdade, buscar arranjos legais com sonoridade moderna que as pessoas curtam. Cada época tem suas respectivas tendências e esta evolução da música deve ser respeitada. O sucesso acontece se tiver que acontecer naquele momento. Acho que cada um de nós tem que fazer a sua parte, tem que estar preparado para as boas oportunidades quando surgem. De repente o artista tem a sorte de sua música ir parar em uma novela, o público se identificar, aí vem o sucesso.

Já temos data e título de seu novo álbum?
Na verdade, acabamos de lançar esse novo trabalho. Primeiro vamos ver como vai ser a repercussão de “Meu Verdadeiro Amor” e depois pensamos em novidades. O que posso falar é que ficou um single moderno e pra frente. O novo álbum está sendo elaborado, mas ainda estamos embrionários.

Podemos esperá-lo para quando?
Agora estamos trabalhando para, se Deus quiser, sair em 2018. O boca a boca vai bem, a galera está se identificando, nós acreditamos que este trabalho vai seguir em frente. Sim, estamos plantando para ter um trabalho consistente. Sempre penso e falo: ‘vai dar certo, vamo que vamo, a hora é essa e todo esse investimento vai ter bons frutos, estamos muito dedicados’.

Texto: Kavad Medeiros e Amanda Faia
Edição de vídeo: Ricardo Oliveira
Produção e supervisão: Amanda Faia