No dia em que comemorou 45 anos, Preta Gil fez a sua estreia do monólogo “Mais Preta do Que Nunca” no teatro! Em uma noite para convidados, com a plateia repleta de famosos como Kelly Key, Cléo Pires e Amora Mautner, Preta Gil mostrou que “pra ser feliz tem que ter coragem”. Com pais como Gilberto Gil e Sandra Gadelha, por ser uma “filha de”, muita gente pensa que a vida é muito mais simples e sem problemas. Porém, em uma peça que pode ser chamada de “stand-up comedy” musical, ao longo de 1:30h vimos uma Preta forte, medrosa, apaixonada, errante, mas sobretudo humana.
“Eu sou eu, diga aí quem é você”
Leonina, filha de Oxum, mãe de Francisco, avó de Maria, esposa de Rodrigo e bissexual são adjetivos que Preta Gil usa para se definir no espetáculo que inicia exatamente contando a história de seu nascimento. Com fotos de sua infância e uma breve narração de seu pai, Gilberto Gil, Preta Gil chega ao palco toda de preto e com um all-star rosa (componente de uma das suas histórias) e usa das fotos, vídeos e animações no telão para contar pontos importantes da sua vida sempre com uma música de pano de fundo, cantada pela própria.
Entre os relatos está o insaciável desejo de ter uma mochila Company e a bicicleta Caloi Ceci, não aprovados pelos seus pais, que hippies, não ligavam para o “materialismo” da filha, que fazia de um tudo para juntar “suas moedas” e realizar os seus sonhos de adolescente. No palco, ela deixa claro que é movida pelos desejos desde criança sem preocupação com julgamentos alheios.
Porém, nem somente de tópicos leves a peça é construída. A vivência do racismo desde criança, o preconceito por falar “baianês” na infância e até mesmo uma vaia homérica que sofreu em uma palestra chamada “Mulher Com a Palavra” ao usar termos como “mulata” e “denegrir” foram fatores importantíssimos para o seu crescimento enquanto pessoa.
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A peça ainda tem uma participação marcante do público como no momento em que Preta convoca na música “Vá se Benzer”, com a deixa da frase: “Eu sou eu, diga aí quem você”, que os participantes do espetáculo não tenham medo de se apresentarem e verbalizem os seus desejos para o mundo. Outro momento de participação é quando Preta revela que descobriu o seu talento como cantora em um karaokê na casa de Regina Casé e então convoca o público para cantar o clássico de todos os karaokês, “Evidências”, de Chitãozinho e Xororó.
E como termina? Simplesmente quando começa! O fim da peça é justamente quando Preta lança o seu primeiro álbum, que por sinal resolver aparecer nua e comenta: “Em 2003 fui extremamente massacrada. Como uma mulher gorda posa nua? Tem que ter muita coragem. Se fosse hoje em dia seria chamada de “empoderada”. E com a frase: “Eu nasci bonita e gostosa e cresci tendo a certeza que sou bonita e gostosa”, que Preta Gil termina o espetáculo com um show de autenticidade!