Presente nas principais estratégias artísticas de sucesso, a Assessoria de Comunicação assumiu ainda mais protagonismo e diferencial em 2020 para o mercado musical, enquanto os espaços ficaram ainda mais concorridos, sobretudo, por causa da pandemia.
Mais do que proporcionar que os artistas sejam vistos tanto pela indústria, como pelos fãs e potenciais admiradores, a Assessoria de Imprensa na música está cada vez mais 360º: abraçando estratégias multiplataformas, responsáveis por fortalecer a imagem, discurso e, assim, coloborando para a criação de uma carreira sólida.
Avaliando o ano de 2020 e projetando as inúmeras possibilidades de um mercado que sofreu profundas mudanças, o Mundo da Música conversou com três dos principais profissionais do setor na atualidade em escala nacional: Ana Paula Aschenbach (Perfexx), Zé Raphael (Estar Comunicação) e Paulo Pimenta (Bpmcom), que são responsáveis pela comunicação com a imprensa de alguns dos principais artistas do mercado musical na atualidade.
A Perfexx tem em seu casting: Ivete Sangalo, Adriana Calcanhotto, Iza, Di Ferrero, Zeeba, entre outros. Já a Estar Comunicação é responsável pelas informações na imprensa de nomes como: Kevin o Chris, Johnny Hooker, Xamã, Tília, Nick Cruz, etc. Enquanto que a Bpmcom possui em seus clientes: Anitta, Maria Rita, Thiaguinho, Pedro Sampaio, Guimê, entre outros.
Em termos de oportunidades e desafios no mercado, Ana Paula (Perfexx) ressalta a mudança de veículos tradicionais para novas oportunidades de mídia:
“Eu acho que perdemos muitos veículos tradicionais de um lado. Fico triste quando vejo tantos jornais e revistas que deixaram de existir. Por outro lado, temos uma nova gama de veículos, sites legais, instagrams que rendem muito. Mas é uma total re-adaptação. Tanto nossa, enquanto assessores, quanto dos artistas divulgando”.
Foto: Logo Perfexx, Agência de Comunicação liderada por Ana Paula Aschenbach. Créditos: Divulgação
Enquanto que Paulo enxerga o papel da Assessoria de Comunicação em franco crescimento.
“Oportunidades surgem da necessidade de incorporar a mídia – e daí eu prefiro esse termo do que ‘imprensa’, que me remete sempre ao impresso – como um instrumento indispensável no plano de marketing para os lançamentos musicais, e também na construção e manutenção da imagem de um artista no mercado da música.
O maior desafio é prender a atenção do público e saber exatamente o que divulgar, quando e onde”, afirma.
Zé Raphael destaca a importância do planejamento que pode direcionar um maior engajamento para o artista.
“Atualmente, o mercado é extremamente expansivo! Ao mesmo tempo que o impresso perde força e diminui o espaço, surge também uma avalanche de veículos no digital – incluindo as redes sociais onde existem ótimos perfis de credibilidade.
Isso tudo porque o streaming deu visibilidade para novos artistas e gêneros que eram esquecidos no passado pelas empresas e gravadoras.
O funk, o rap e o trap, por exemplo, estão nos ouvidos dos jovens, que sempre foram os maiores consumidores de música. Entendo que o principal desafio é estar atento ao mercado. É saber que um perfil no Instagram, dependendo do planejamento, pode gerar mais engajamento que uma pauta na TV. Carreiras foram ‘canceladas’ pelas redes sociais. Da mesma forma, que algumas cresceram e chegaram depois, na TV”, aponta.
A atuação da Assessoria de Imprensa Musical é cada vez mais 360: do palco às novas mídias on & off, estratégia transmídia e atendimento personalizado são algumas das frentes.
Questionados sobre como desenvolver conteúdos que consigam espaço nos veículos de comunicação, principalmente Nacionais, os profissionais reiteraram o peso do planejamento para a obtenção de bons resultados.
“O pensamento estratégico para a mídia tem que ser elaborado junto com o início do projeto artístico. Assim fica mais fácil para o profissional pensar de forma cronológica e temas que possam vir a ser pautas e conquistar espaços orgânicos”, aponta Paulo Pimenta.
Foto: Paulo Pimenta, CEO Bpmcom. Créditos: Pedro Myguel
Ana Paula destaca a importância de ter uma janela entre a data de lançamento musical e a comunicação com a imprensa para conseguir trabalhar da melhor forma:
“Maus planejamentos cada vez mais estão linkados com as datas e conteúdos do que as agências digitais vão postar. Muitas vezes meu start de uma negociação de capa ou teaser no Hugo Gloss, por exemplo, se dá a partir do tempo fornecido o que é uma mudança gigantesca”, afirma.
Para Zé Raphael, a comunicação deve ser vista de forma agregada, compreendendo o artista comunicado e os veículos existentes, principalmente no âmbito digital.
“Primeiramente, entender que o brasileiro consome informação também por apps de mensagens – principalmente os jovens, que usam muito o Whatsapp e o direct do Instagram. Isso significa que um post no perfil de um veículo de música ou um link de uma matéria tem caminhos longos e o engajamento pode surgir de qualquer fonte, seja pequena, grande e com ou sem credibilidade.
Para a assessoria de imprensa, nesse cenário, o importante é ‘amarrar’ bem a comunicação, e isso não é feito apenas com um release aprovado ou fotos selecionadas. É fundamental saber onde comunicar e até mesmo qual repórter deve fazer a pauta sugerida. Isso é uma comunicação 360 graus! Não adianta falar de uma pauta feminista com um jornalista aparentemente machista; entende?!
Eu costumo comentar sempre que a minha empresa poderia mudar de nome: de Estar Comunicação para Soma Comunicação. Há muita informação a todo tempo e, hoje em dia, uma matéria de capa no caderno de cultura de um jornal impresso não é suficiente. Tem que ter matérias no caderno de cultura, mas também nas redes sociais, sites etc.
É necessário fazer uma soma e estar presente em diversas plataformas. Se não for assim, a receita de bolo no Youtube, o app de paquera ou o story do amigo desviam facilmente a atenção do fã. Numa série de reportagens em diversas plataformas, sem perceber, o público faz uma soma e entende que aquele artista está na ‘boca do povo’. E na era digital, todos querem também estar juntos – no mesmo ‘clube’. Qual resultado para o artista? Mais streamings, mais marcas passam a te procurar e o fã clube aumenta!”
Foto: Zé Raphael, CEO Estar Comunicação. Créditos: Daniel Chiacos
Com o fluxo contínuo de informações a “economia da atenção” está cada vez mais valiosa e o papel da Assessoria de Imprensa ganhou ainda mais força em 2020.
O Mundo da Música também perguntou sobre como alinhar as expectativas das equipes e artistas para a manutenção da imagem na mídia, que é sempre muito esperada.
“Eu sou sempre sou sincera, alguns diriam, sincera até demais quando falo de expectativas, porque acho que é melhor o artista ter uma boa surpresa do que ficar com a expectativa frustrada.
Mas, foi um desafio e essas mudanças constantes estão sendo. Hoje falo mais por WhatsApp com as pessoas do que por e-mail ou telefone, mas está funcionando, então é isso, vamos nos adaptar!”, diz Ana Paula.
“Costuma ser compreensível quando bem explicado. Durante a pandemia tivemos um reflexo de demissões e equipes reduzidas nas redações. O foco ficou muito ligado à covid, sobrando pouco espaço para cultura em geral.
A “briga” ainda está sendo acirrada para a atenção da mídia. Mas aos poucos grandes lançamentos estão conquistando seus espaços e uma nova forma de consumir cultura está surgindo, fruto de uma adaptação da sociedade à pandemia”, observa Paulo.
“Não existe mais artista sem lifestyle e discurso. Estamos na era do ‘mood’ e escutar música, hoje em dia, tem muito disso – de como está seu olhar e disposição no dia. Sendo assim, o artista e a sua vida pessoal se misturam.
Até mesmo os sertanejos têm um discurso e lifestyle; sejam na sofrência, feminejo, calça apertada, churrasco com amigos etc. O assessor de comunicação precisa entender isso e estar atento aos acontecimentos do mundo que fazem parte da construção de imagem do seu cliente”, destaca Zé Raphael.
Projetando um mercado da música em 2021 no qual diferenciais estratégicos para manter a atenção e logo, engajamento, são fundamentais; a presença do trabalho da Assessoria de Comunicação que possui resultados a médio-longo prazo deve ser levado em consideração tanto para divulgação de lançamentos, como para momentos de crises e oportunidades.