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Artes para Capas de singles e álbuns potencializam mensagens das músicas; conheça cases

Analisando capas nos mais variados gêneros lançados em 2020, o Mundo da Música reuniu 8 cases de trabalhos visuais, são eles: "Umbalista" (Carlinhos Brown), "Infinito Interno" (3030), "Eu Feat. Você" (Melim), "Letrux aos Prantos" (Letícia Letrux), "Chora Agora, Ri Depois" (MC Hariel), "Open House" (Dilsinho), "Rosa Flor" (Ruxell, Ana K e Francisco Gil) e "Sementes" (Emicida e Drik Barbosa).

A história da música e seus diversos gêneros transitam por singles e álbuns clássicos, não apenas pela letra e melodia das canções, mas, pelas artes das capas.

Conhecidos como “Capistas” no período do apogeu das vendas físicas de Vinis, CD’s e DVD’s; esses profissionais criam verdadeiras obras de arte, que marcam uma era musical e artística, potencializando as mensagens das músicas.

Dentro do universo de um single ou álbum na era digital é fundamental o entendimento que a música compreende um grande trabalho artístico, incluindo a tradução visual da música em diversas plataformas, para além do streaming; como a identidade imagética para redes sociais diante de um lançamento, até à unidade com a concepção e direção de um clipe.

Analisando capas nos mais variados gêneros lançados em 2020, o Mundo da Música reuniu 8 cases de trabalhos visuais que compreendem características como: ilustração, conceitual artístico, arte com base em shows ou materiais audiovisuais, composição com diferentes elementos e texturas, simbiose entre música e parte gráfica, importância do entendimento da identidade artística, entre outros.

São eles: “Umbalista” (Carlinhos Brown), “Infinito Interno” (3030), “Eu Feat. Você” (Melim), “Letrux aos Prantos” (Letícia Letrux), “Chora Agora, Ri Depois” (MC Hariel), “Open House” (Dilsinho), “Rosa Flor” (Ruxell, Ana K e Francisco Gil) e “Sementes” (Emicida e Drik Barbosa).

Conversamos com os profissionais: Ian Thommas, Designer, responsável pela concepção da capa do álbum “Umbalista” do cantor e compositor Carlinhos Brown; Leo Pinotti, Diretor de Arte e Sócio da Art Intel, empresa responsável pela arte do álbum “Infinito Interno” do grupo 3030; Felipe Thomaz, responsável pela criação da capa do álbum “Eu Feat. Você” do Melim e atualmente Diretor de Conteúdo da U.M Music; Marina Mattoso, especialista em Marketing Digital, Sócia-Diretora da Jangada Comunicação, que compartilharam suas experiências e visões de mercado sobre a criação artística das capas das músicas.

Confira mais detalhes:

Simbiose entre música e a arte gráfica

O cantor e compositor Carlinhos Brown lançou o álbum “Umbalista” no último dia 14 de agosto. Responsável pela concepção artística de inúmeros trabalhos de Brown, o Designer Ian Thommas contou ao Mundo da Música sobre sua experiência de trabalho ao sintetizar a mensagem da música de forma visual.

“Além de estudar a história do artista e conversar sobre o trabalho, eu tenho o costume de sempre solicitar o álbum/single para ouvir antes de iniciar a criação. É uma simbiose necessária entre a música e a parte gráfica. Ouço antes, durante e depois de finalizar. Mesmo que eu passe horas criando a capa de um single, eu ouço ele em looping, pois, acredito nessa união”, afirma.

Foto: Capa do álbum “Umbalista” de Carlinhos Brown, concepção por Ian Thommas, Logo por Rogerio Pedro. | Créditos Foto: Caio Gallucci

Para Thommas, é fundamental a compreensão de que a música de trabalho precisa de inúmeros elementos, que devem seguir uma ordem cronológica dentro de um planejamento, para que seja alcançado o sucesso a partir da mensagem que o artista deseja transmitir.

“O papel visual na era digital é justamente essa simbiose. Hoje em dia com a plataformas, muitas capas já nem precisam mais inserir o nome/título. A estética ganha um peso maior quando ela toma àquele espaço totalmente para o visual e os fãs conseguem reconhecer aquele trabalho/artista através dela”, finaliza.

 

Composição – Identidade, Memória e Letras das Músicas

O Grupo 3030 lançou no início do mês o álbum “Infinito Interno” no qual os artistas Bruno Chelles, LK e Rod sintetizam os 10 anos de carreira do grupo com os versos livres do rap, a brasilidade do álbum anterior “Tropicália” e as sonoridades do pop que marcam as suas músicas mais recentes mesclando com espiritualidade, fé e meditação.

Responsável pela arte da capa do álbum, Leo Pinotti, Diretor de Arte e Sócio da Art Intel, falou para o Mundo da Música sobre o seu processo de trabalho e a importância de conhecer o artista para a criação gráfica.

“Para esse tipo de trampo eu procuro sempre criar um processo pra mim mesmo que passa por algumas fases que são: minimamente conhecer a fundo com quem você trabalhando, se você puder e tiver oportunidade de entender a vida da pessoa; de onde ela veio, pra onde ela quer ir, isso é importante na hora de você conseguir traduzir a mensagem real dela.
 
Então, nessa capa do 3030 eu posso dizer que um pouco desse processo foi bem isso, conhecer quem são os meninos entre si. Não só entendê-los, mas, compreender a fase que eles se encontram, a indústria, tudo o que está acontecendo; uma pesquisa sobre o quê que os artistas do mesmo ou parecidos gêneros estão fazendo no mundo inteiro; qual a mensagem que a banda quer passar e qual o público-alvo que eles conversam”, afirma.
 
 
 
Foto: Capa do álbum “Infinito Interno” do Grupo 3030, criado por Leo Pinotti, Diretor de Arte e Sócio da Art Intel | Créditos: Divulgação
 
 
Para Pinotti, que trabalha com música e visual há cerca de 18 anos, um dos seus processos de trabalho também inclui a divisão das referências artísticas em pastas a partir da escuta contínua do disco. Com isso, ele percebeu que o 3030, por exemplo, está em uma fase mais madura com ideias desconstruídas, amor e expansão de consciência, o que o permitiu trabalhar a arte por meio de cores mais sutis e elementos de desconstrução de rótulos, como o beija-flor e o girassol.
 
De acordo com o profissional, a arte tem o papel criar uma experência visual e também uma memória afetiva associada ao sentimento que o álbum traz.
 
“A arte ligada à música tem essa sensibilidade para ajudar a memorizar, ainda mais hoje em dia que a gente vive em uma era de informação rápida e as pessoas acabando digerindo rápido e descartando rápido, o produto, a obra. Então, as artes, o visual, a capa, uma direção de arte, eles ajudam a memorizar a experiência que a música está trazendo”, destaca.
 
 

Composição – Verdade Artística

Segundo álbum estúdio do trio Pop Melim, “Eu Feat. Você”, foi lançado em maio com 8 músicas inéditas. O Mundo da Música conversou com Felipe Thomaz, responsável pela criação da capa do álbum “Eu Feat. Você” do Melim e atualmente Diretor de Conteúdo da U.M Music, que falou sobre a importância de entender a verdade artística para traduzir a mensagem das músicas e da trajetória em uma identidade visual na qual o público se identifique.

“O projeto de identidade visual tem que carregar a verdade do artista, o conceito do trabalho – e querendo ou não – também a história que àquele artista traz consigo. Não existe uma fórmula, mas, se eu pudesse colocar uma metodologia, seria para entender bem onde àquele artista quer chegar, por onde àquele artista já passou e com quem que se deseja comunicar.
 
Tendo esses pilares em mente, você começa a procurar referências e inspirações que dialoguem com isso, não necessariamente dentro do universo da música, do mercado musical – o ideal até é que seja fora – que você traz um frescor, uma novidade ao universo e não fica preso à ninguém, não copia ninguém”, afirma.
 
 
 
Foto: Capa do álbum “Eu Feat. Você” do Melim, criado por Felipe Thomaz, atualmente Diretor de Conteúdo da U.M Music | Créditos: Divulgação
 
 
De acordo com Thomaz, uma identidade visual bem estabelecida é fundamental para facilitar a compreensão do público sobre um determinado artista e isso se reflete em inúmeros desdobramentos que uma marca pode ter, seja em uma aplicação de uma foto em papel parede, no consumo de um produto de merchandising ou em uma edição especial de vinil, por exemplo. 
 
“Eu me arrisco a dizer que nunca foi tão importante um artista ter uma identidade visual bem estruturada. Pelo volume de informação que a gente recebe, tanto em rede social, quanto em plataformas de streamings, você possuir uma marca que converse com o todo, com a tua identidade musical, artística, você sai um pouco à frente. Porque quando o público tem acesso ao seu conteúdo, ele já consegue reconhecer de quem é, e consegue assimilar, linkar àquela música com um projeto muito maior”, ressalta.
 
 

Conceitual Artístico – Pintura, Fotografia e Colagem

 
O “LETRUX AOS PRANTOS” (Natura Musical), segundo álbum da carreira da cantora, compositora e poeta Letícia Novaes (Letrux), foi lançado nas plataformas digitais no dia 13 de março.
 
Com participações especiais das cantoras Liniker e Lovefoxxx, o disco chegou depois de “Letrux em Noite de Climão” (2017), estreia elogiada pela crítica e pelo público de todo o país.
 
Neste novo trabalho as canções trazem referências a momentos de alta densidade sentimental, entre lágrimas de tristeza e choros de alegria. Por isso, a arte da capa assinada pelo designer Pedro Colombo traz uma pintura que reproduz o rosto da cantora em momento de forte emoção, pelas tintas da artista visual Maria Flexa sobre foto de Victor Jobim.
 
Já o fundo amarelo ouro, se integra à cor dos cabelos e ao colo iluminado de Letrux pintados no quadro que a própria artista segura, em foto de Ana Alexandrino. “Nesta capa queria muito mesclar artes que amo, como pintura, fotografia e colagem”, explica Letícia.
 
Foto: Capa do álbum “Letrux Aos Prantos” de Letícia Letrux, criado por Pedro Colombo | Créditos: Divulgação
 
 
“Assim que a Letícia me contou o nome do álbum, eu já sabia que nessa capa ela teria que estar imersa em água salgada. Recebi as fotos já prontas e a recomendação para que eu ficasse totalmente livre para criar.
 
Propus então, essa capa onde procurei ressaltar outros elementos do pranto que não só a tristeza, mas também força, densidade, catarse”, conta o designer Pedro Colombo, que dirigiu o clipe da música “Puro Disfarce”, do disco anterior, lançado em novembro passado, e no qual também usou muitas colagens e animações.

O projeto “LETRUX AOS PRANTOS” foi selecionado pela Natura Musical por meio do edital 2020, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura.

 
 

Composição – Nome do Álbum e Singles

 
Composto por 10 canções inéditas, “Chora Agora, Ri Depois” é o terceiro álgum da carreira do MC Hariel, lançado no início de maio.

“Quero que esse álbum e essas músicas sejam um alento para momentos tristes e que traga um pouco mais de felicidade aos nossos corações, e lembrem-se que depois do choro, vem a alegria. E acreditem que os momentos bons, só são tão bons, porque já se passaram os ruins”, ressaltou Hariel.

 
Foto: Capa do álbum “Chora Agora, Ri Depois” de MC Hareli, arte gráfica de Gabriel Nathan| Créditos: Divulgação
 
 
Com elementos na capa entre o passado, o presente e o futuro com esperanças de dias melhores e referências diretas com singles do álbum como “Cupido” e “Flores”, o desginer Gabriel Nathan é responsável pelo trabalho visual da capa.
 
O álbum já possui mais de 15 milhões de plays nas plataformas digitais em apenas 4 meses de lançamento e o Mundo da Música conversou com Marina Mattoso, especialista em Marketing Digital e Sócia-Diretora da Jangada Comunicação, que deu dicas sobre a correlação entre o bom desempenho nas plataformas e a imagem da capa de um single ou álbum.
“Uma coisa que me vem a mente já de cara é sempre, sempre, pensar que a capa será vista numa dimensão bem pequena. Então, não adianta ser uma arte com diversos detalhes que diminuídos vão parecer poluição. Acredito que na capa de um single/produto, menos é mais.

Outra coisa, vamos prestar atenção em identidade? Se você tá lançando um single que compõe um projeto maior, não cria a capa do single sem pensar na identidade geral do projeto. Encontra uma identidade que poderá ser percebida pelo público como parte de um todo”, indica.

 

Identidade do Projeto Audiovisual

 
Principal nome do pagode da atualidade, Dilsinho possui uma trajetória marcada por prêmios, indicações, projetos e parcerias especiais. No início do mês lançou o novo DVD, Open House, o trabalho da capa possui foto de Rodolfo Magalhães e lettering de Hid Said.
 
A identidade visual de Open House traz forte referência dos tons Neon. Dilsinho conta: “trouxe referências muito inovadoras para o meu novo projeto, com o intuito de dar um novo passo na minha carreira, mostrar o quanto cresci e amadureci. Tudo o que rolou no Open House foi muito único, nunca fiz nada parecido. Foi um desafio diferente, dei um salto musical na minha carreira. Esse espetáculo teve uma pulsação diferente“.
 
Este é o primeiro projeto onde o cantor trouxe a referência das cores, diferente de tudo o que costumava usar. Os tons eleitos foram em neon, com a ideia de trazer algo mais íntimo para as pessoas, e o artista responsável por assinar toda a comunicação do DVD foi Hid Saib. Hid é publicitário e especialista em fotografia.
 
 
 
Foto: Capa do álbum audiovisual “Open House” de Dilsinho, foto Rodolfo Magalhães e lettering de Hid Said. | Créditos: Divulgação/Rodolfo Magalhães
 
Reconhecido no cenário nacional e internacional, SAIB já realizou mais de 13 exposições, em diversas capitais brasileiras. Também ilustrou o prédio da varejista de Paris Vente Privee (em uma exposição digital) e atualmente conta com uma mostra permanente em uma boate na Ucrânia.
 
Sobre Hid, Dilsinho comenta “ele tem uma ideologia de que as pessoas são todas iguais e o que as diferencia são suas emoções. Para ele, as cores são responsáveis por trazer essa emoção e permitir que os sentimentos venham à tona. Era exatamente isso que estávamos procurando para o Open House“.  
 
 
 

Composição e Parceria Musical

 
Um dos principais produtores da atualidade, o beatmaker Ruxell lançou no dia 24 de julho sua nova música, “Rosa Flor“. A faixa saiu pelo Inbraza, selo pop da Som Livre em parceria com a Liga Entretenimento, que leva a assinatura dos Dogz, trio de produtores composto por Pablo Bispo e Sérgio Santos, além do próprio Ruxell. Fruto de uma parceria com Francisco Gil e Ana K, responsáveis pelos vocais, a música marca ainda a estreia da cantora sob o selo do Inbraza, que promete mais lançamentos em breve.
 
“Essa música traz uma outra face do Ruxell, para que as pessoas conheçam esse meu outro lado, onde falo de temas mais profundos e sensíveis sem perder a minha essência”, comenta o produtor sobre a mais recente criação.
Para traduzir esses elementos, o trabalho de arte da capa, que segue a mesma identidade do clipe, é assinado por Thiago Modesto, Xilogravurista, Desginer Gráfico e Ilustrador do Rio de Janeiro ao lado de Natan Aleixo, responsável pelo Motion Design do clipe e da capa.
 
 
Foto: Capa do single “Rosa Flor” feito por Thiago Modesto e Natan Aleixo. | Créditos: Divulgação

 
Rosa Flor” conta ainda com elementos típicos do trabalho do artista, como a mistura de timbres sintetizados, elementos do reggaeton e do trap, além da famosa assinatura “Ruxell no Beat”, responsável por hits de sucesso de artistas como Lexa, IZA, Gloria Groove, Lulu Santos e Rashid.
 
 

Ilustração

 
Tendo como fio condutor uma mensagem contra o trabalho infantil, “Sementes” single de Emicida e Drik Barbosa lançado em junho é mais um dos temas que giram em torno desta grande manifestação antirracista – lembrando que o trabalho infantil é majoritariamente exercido por crianças e adolescentes negros – com base em ilustração.
 
Foto: Capa do single “Sementes” de Emicida ft. Drik Barbosa| Créditos: Divulgação
 
 
A capa do projeto segue a mesma identidade do clipe, com Direção de arte feita por Felipe Macedo e Fernanda Garcia e as ilustrações por Fernanda Garcia, Marcella Tamayo e Elisa Carareto.

 

 

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