Ela seguiu os passos dos pais e hoje o Brasil inteiro segue os passos que ela cria. Desde que nasceu Arielle Macedo é rodeada pela dança, com mais de 10 anos como dançarina profissional, a carioca pode se orgulhar de cada movimento que fez para alcançar seus objetivos e despontar no meio da Dança Urbana.
“Comecei a fazer aula na escola e me apaixonei. Aos 11 anos comecei a estudar de verdade e a dança deixou de ser apenas recreativa, para ser uma coisa que eu realmente queria para minha vida”, revela Arielle.
Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, a dançarina revela que começou seus primeiros passos no jazz, passou pelo ballet, dança do ventre, afro, contemporânea e moderna, até se encontrar na dança urbana – uma das grandes componentes das danças comerciais, que é onde Arielle é reconhecida e fez sua história.
Na infância, o hobby da casa dela era assistir MTV e gravar os clipes para aprender os passos. “Lembro de meu pai me chamando: ‘Vem, tá passando clipe’, e a gente corria para gravar em uma fita para ficar vendo depois. Naquela época não tinha Youtube para gente ficar vendo, então essa era a forma de pegar as coreografias e gravar os passos”, conta.
“Acho que por assistir esses clipes que veio a minha maior vontade que era trabalhar no meio comercial como bailarina. No início eu não tinha a pretensão de coreografar”, revela.
Aos 14 anos, Arielle já estava dando aula como assistente da sua professora e foi aí que surgiram seus primeiros movimentos para se tornar a coreógrafa de hoje. “Quando a gente começa a dar aula, sempre tem um evento na escola que precisamos criar uma coreografia, e esse foi o meu primeiro passo como coreógrafa: criando coreografias para Dia das Mães, Festivais…”.
Ela conta que o primeiro vídeo que a instigou a querer trabalhar com isso foi da Janet Jackson com o clipe da música “I Get Lonely”. “Foi uma das minhas primeiras inspirações com o olhar feminino”, diz. Ela também lembra que gostava muito de ver Michael Jackson e James Brown, por causa do pai.
De São Gonçalo para o mundo
Foi quando Arielle resolveu ir estudar dança no Rio de Janeiro (capital) que a vida dela como dançarina engrenou. Por lá, ela começou a fazer parte de um grupo de dança urbana e a conquistar um network forte no ramo comercial. “Comecei a conhecer pessoas que trabalhavam nesse meio comercial, que tinham contato com programas, artistas e shows. Foi quando fui bailarina de palco do Tv Xuxa, na Globo, e participei de um concurso de dança no salto (heels ou stiletto), que foi quando consegui abrir o meu caminho e ser conhecida”.
Mas foi dando aula em uma escola de dança de Niterói que Arielle recebeu um convite que mudou completamente sua vida. “Fui convidada para fazer um trabalho com um artista que cantava na Furacão 2000, o Duh Marinho. E foi lá que conheci a Anitta, no camarim”. Segundo a bailarina, Anitta gostou muito do que viu e acabou convidando ela e uma outra dançarina (Juliana Donato, que foi a primeira coreógrafa da cantora) para compor o seu balé. “Esse foi o nosso primeiro contato, há 11 anos atrás, mas parece que foi ontem” brinca.
“Começamos a criar um vínculo grande na estrada, até que um dia ela falou que queria que eu coreografasse uma música. Só que eu não me achava segura de montar uma coreografia para um show. Era o início dela, mas eu já via uma responsabilidade enorme nisso”.
Hoje, Arielle reconhece que Anitta já enxergava um potencial que nem ela mesma acreditava ter. Seu primeiro trabalho coreográfico começou com o pé direito em “Show das Poderosas”, música que despertou o olhar do país inteiro para funkeira e que já soma mais de 160 milhões de views no Youtube.
Essa música colocou Arielle em outra posição dentro da sua carreira. Agora, além de dançarina, ela também assinava como coreógrafa de uma das maiores cantoras pops do país. “Anitta dá uma visibilidade muito grande para o balé dela, sabe? Acho isso muito legal. Porque as pessoas conhecem o trabalho de cada bailarino que tá com ela. Ela consegue fazer com que isso aconteça, que as pessoas que trabalham com ela tenham esse espaço também”, revela.
A partir daí Arielle ganhou notoriedade e assumiu outros trabalhos pelo mundo. “A porta que foi aberta por ela me levou a um lugar de reconhecimento. Com isso acabei coreografando outros cantores, fiz um trabalho muito legal na Globo para a série “Mister Brown”, com a Taís Araújo e o Lázaro Ramos, e tive a oportunidade de fazer um show com o Kanye West, que foi muito bacana porque consegui trazer muita bagagem dele para o meu trabalho”
Ao lado de Anitta, Arielle também passou pelos palcos de grandes festivais como Tomorrowland e Rock in Rio Lisboa, além de estourar com a coreografia da música “Proibida para adolescente”, do Léo Santana com o MC Du Black, e assinar campanhas publicitárias para marcas como Marisa, Fazenda Futuro, Coca Cola e Fiat.
Quando questionada sobre o tempo que ela demora hoje para criar uma coreografia, Arielle brinca “é o tempo que eu tenho”. “Já aconteceu de a Anitta me enviar uma música com um mês de antecedência, e já aconteceu de entregar coreografia em 1h”, conta. Arielle também assina coreografias dos hits “Bang”, “Vai Malandra” e muitas outras.
Fortalecimento da dança na pandemia
Para a bailarina, a dança teve uma expansão muito grande no ano passado, durante a pandemia, principalmente por causa do TikTok. “A gente ganhou um espaço bem representativo e respeitado. Porque, hoje, a maioria das músicas que são lançadas usam como plataforma de marketing a dança”, comenta.
“A dança sempre foi um fator muito importante para a galera do pop. Quando se vai a um show pop, você sempre espera uma apresentação com interação, e ano passado a gente teve a prova de que, mesmo sem shows, a dança segue sendo um elemento muito importante”, revela.
Para ela, o movimento está muito atrelado ao que a gente escuta, por isso a dança tem um papel fundamental no impulsionamento de uma música. “É uma forma divertida de você se comunicar com pessoas. Eu falo que a minha vida social foi toda construída pela dança. Eu conheço pessoas pela dança, eu fui para lugares e aprendi muita coisa por conta da dança”, revela. “A dança é muito comunicativa, por isso a música anda de mãos dadas com a dança. Ela consegue atingir desde a criança até o velhinho, ela é democrática”, finaliza.