Os CEOs das companhias de eventos Live Nation e AEG Presents teceram comentários sobre o processo judicial de antitruste aberto no Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Segundo documento obtido pela imprensa americana, Jay Marciano, da AEG, declara que a concorrente Live Nation pratica ‘monopólio‘, acusação que chegou no judiciário.
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No fim de maio, uma ação judicial foi aberta no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Sul de Nova Iorque pelo Departamento de Justiça, alegando a prática de monopólio pela Live Nation, que violaria a Seção 2 da Lei Sherman. No posicionamento público, a Live Nation, responsável pela Ticketmaster, declarou que provavelmente o processo foi aberto por lobby de concorrentes.
“A AEG há muito afirma que a Ticketmaster detém o monopólio no mercado de ingressos dos EUA e usa esse poder de monopólio para subsidiar os negócios de conteúdo da Live Nation, impedindo que outras empresas concorram nessas áreas e deixando os consumidores sofrerem as consequências.”, declara Jay Marciano, CEO da AEG Presents, no documento divulgado no portal Variety.
Na nova página da disputa judicial sobre o impacto da Live Nation no mercado de eventos estadunidense, a afirmação de Jay Marciano posiciona a AEG Presents como um possível agente no jogo de forças que levaram sua concorrente ao Departamento de Justiça.
“É por isso que o antitruste protege a concorrência e não os concorrentes que tentam utilizar os tribunais para defender os seus próprios interesses. A AEG apoia este caso. Na verdade, implorou ao Departamento de Justiça que o arquive, porque não quer pagar taxas de mercado aos artistas ou convencer os locais a adoptarem exclusivamente o seu sistema de bilhetes de segunda categoria. Suas reclamações sobre taxas de serviço são hipócritas, uma vez que hoje poderia reduzir as taxas de serviço AXS se realmente se importasse com isso. Argumentos egoístas como esses são comuns em casos antitruste, mas são justamente ignorados”, rebate Dan Wall, CEO da Live Nation, segundo a Variety.
O processo corre de acordo com a Lei Sherman, instituída em 1890. A peça legal versa sobre o antitruste, ou seja, regulação da competição entre empresas baseada na ideia de ‘livre concorrência’. No novo capítulo do cenário de acusações que a Live Nation e a Ticketmaster enfrentam, o CEO da AEG Presents afirma que o monopólio ocorre por meio da cobertura de contratos, ao longo dos shows em todo o país.
“Este processo não é simplesmente um processo do Departamento de Justiça para quebrar um monopólio; em jogo está todo o ecossistema da nossa indústria, que há muito sofre com um modelo de bilheteria totalmente falido. Estes acordos bloqueiam a concorrência e a inovação e resultam em taxas de bilheteira mais elevadas, negando aos artistas a capacidade de escolher quem irá vender os bilhetes para os seus espetáculos e quanto os seus fãs deverão pagar”, completa o CEO da AEG Presents.
Até o momento, a AEG não se pronunciou oficialmente em seus canais de comunicação. Publicamente, a Live Nation também não comentou diretamente as acusações do executivo da concorrência.
Ingressos e ações judiciais
Nos Estados Unidos, o mercado de eventos vive um cenário de questionamento sobre a oferta de ingressos para show e festivais. Na semana passada, a Ticketmaster foi processada por vazamento de dados. Dois clientes entraram com a ação judicial por violação de privacidade, após o vazamento de dados pessoais da empresa por ‘brechas de segurança’.
Além disso, artistas continuam a se posicionar sobre os meios de compra e venda de tickets, principalmente sobre os casos de danos a fãs em seus concertos. A campanha ‘Fix the Tix’ reúne vinte e oito organizações do mercado musical e de entretenimento, assim como artistas como Dave Matthews, Cyndi Lauper e Lorde para regulamentação de revenda de ingressos.
Já aqui no Brasil, questionamentos a agentes do setor de eventos se dão não por acusação de monopólio, mas por um contexto de ‘boom’ de festivais e shows em relação a demanda de fãs pagantes. O caso mais recente e emblemático se deu com a produtora 30e e os cancelamentos das turnês de Ivete Sangalo e Ludmilla. A produtora segue reembolsando a audiência, contudo outros casos, judicializados, se interpõem aos pronunciamentos oficiais.