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Andrea Bocelli no Brasil: ingresso ‘meia jovem baixa renda’ é vendido a R$2.310 e viraliza

Válido destacar que os ingressos do setor mais caro do show já estão praticamente esgotados... Foto: Vittorio Zunino Celotto/Getty Images (uso autorizado POPline)

O aclamado tenor Andrea Bocelli já tem data marcada para retornar ao Brasil e sua vinda transformou-se em um acalorado debate sobre elitismo, poder aquisitivo e leis de acesso à cultura. Acontece que os ingressos para o show único que o músico fará no Allianz Parque, em São Paulo, no dia 26 de maio de 2024, estão sendo vendidos por até R$4.620, o que deixou a web em choque, sobretudo por conta de uma modalidade meia jovem baixa renda no valor de R$2.310

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É válido destacar que os valores acima mencionados se referem ao setor mais caro do concerto (Platinum), no entanto, fica difícil utilizar de qualquer argumentação a partir do momento que se conclui que o valor cobrado a um jovem de baixa renda supera em R$1.008 o valor do salário mínimo brasileiro (R$1.302, já com o reajuste de 2023).

Andrea, que já se apresentou no país outras vezes, costuma atrair um público pertencente à classe A, de alto poder aquisitivo. Logo, uma cobrança de R$4.620 em um ingresso pode até não parecer tão absurda assim. Ainda que seja um valor tido como “salgado”, não parece inviável para grande parte de seu público…

A lógica se perde, porém, quando uma produtora de eventos lança uma modalidade destinada a jovens de baixa renda em um valor indiscutivelmente exorbitante. Quer dizer, então, que um jovem que ganha um salário mínimo deixaria de se alimentar e pagar contas básicas de luz, água e moradia para ir a um show?! De forma “grotesca”, o cálculo não fecha (sequer passou perto de fechar).

“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”, traz o Art. 215 da Constituição Federal. Na prática, porém, não é o que se vê.

E essa cultura de inacessibilidade a eventos culturais não se restringe apenas ao show de Andrea Bocelli. Vários outros shows de artistas de gêneros musicais distintos, bem como os grandes festivais, aparentam estar se dirigindo ao mesmo caminho e tornando seus públicos cada vez mais homogêneos em um modelo excludente.

O questionamento que fica é: as leis de incentivo à cultura são funcionais de verdade? Será que chegou o momento de ter um programa do Governo que viabilize, de fato, o acesso deste público a eventos como esse? As possibilidades são muitas e merecem ser repensadas.

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