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Amanda Faia

Amanda Faia: Vamos deixar a Christina Aguilera em paz

Vamos deixar a Christina Aguilera em paz! Quando digo isso não estou querendo que a cantora continue no limbo apenas lançando promessas e nada de concreto. Quando peço que a gente deixe a Xtina quieta, só quero que a gente entenda a fase atual da estrela.

Como a coluna estava parada há algum tempo e temos novos leitores, me apresento: Amanda Faia, editora do POPline, fã de música pop desde criança e que acompanha diariamente as notícias da indústria desde 1996 – o que me coloca em uma posição de ter visto Xtina sair de novata para a voz da geração. Sou fã. Como muitos, também acompanhei o lançamento dos maravilhosos “Stripped” e “Back to Basics” (pra mim um dos melhores discos lançados por uma cantora pop em muitos, muitos anos) e, já como parte da equipe do POPline, os altos e baixos com “Bionic” e “Lotus”.

Assim como muitos fãs estou sedenta por material da loira e me empolguei (muito!) quando a própria Christina revelou que estava produzindo dois álbuns de uma única vez: um em inglês e outro em espanhol. Também concordo com a maioria que voz e talento como a dela são poucas as que possuem e que essa “tendência” de valorizar e oferecer espaço a apenas o que nasceu de 2010 pra cá é doído. Deixamos de fora muitos artistas incríveis em virtude do que “tá na moda”.

Semana que passou dois episódios levaram os fãs a cantora a surtarem nas redes sociais: a estreia da residência de Ricky Martin em Las Vegas com um vídeo gravado recentemente por Xtina cantando “Nobody Wants to Be Lonely” e uma propaganda feita pela cantora no Twitter para uma marca de biscoitos. Quem procurou as mentions à estrela viu uma penca de fã reclamando muito, xingando muito e mandando Xtina parar de promover algo que não é a música dela.

Vamos lá! “Bionic”, 2010. Quatro anos após o “Back to Basics”, Christina lançou o disco apostando em uma diversidade de gêneros, incluindo o eletro-whatever-pop que norteava 90% da programação das rádios na época. O primeiro single foi lançado já cheio de críticas de sonoridade e junto com tudo isso uma comparação com a recém chegada Lady Gaga. Quem lembra o auê feito pela mídia americana jogando uma contra a outra comparando até o corte de cabelo? “Bionic” não vendeu como todos esperavam, é verdade, mas também não fez tão feio assim. Chegou em terceiro no mercado americano, mas as comparações e as críticas a “Not Myself Tonight” meio que nortearam toda a divulgação do projeto. No mesmo ano, o filme “Burlesque” foi lançado e rendeu a Aguilera até indicação do Globo de Ouro em “Canção Original”. No ano seguinte ela conquistava as paradas com “Moves Like Jagger”, música do Maroon 5, e estava sentada na cadeira do “The Voice”.

Beleza, passado tudo isso, Xtina retorna um tempo depois com novo disco e aposta em um álbum com um pop que agradaria os fãs de “Stripped” só que em uma versão “mais atualizada” com o que as rádio e Billboard divulgavam. No “Lotus”, Christina também não foi bem comercialmente falando e não conseguiu promover apenas a sua música. A cantora era mais notícia por causa da forma física do que pelos singles que tentava emplacar. De novo: o álbum não foi um inteiro fracasso: novamente no Top 10 da Billboard e com faixas aclamadas pela crítica como “Blank Page”, “Make the World Move” e “Let There Be Love” (que entrou espontaneamente na parada de Dance dos EUA). Ela ainda gravou grandes duetos com Tony Bennet, CeeLo Green e parceria com a dupla A Great Big World que levou um Grammy de “Best Pop Duo/Group Performance” em 2014.

Entre o período “Bionic” e “Lotus”, Xtina lidou com um divórcio e precisou se ajustar à nova rotina com atenção especial ao filho Max. Já logo após o “Lotus”, uma gravidez. Quando finalmente a cantora conseguiu retomar os projetos em estúdio, uma troca de gravadora. Algo que os fãs pediam há anos por considerarem que a antiga casa de Aguilera não a apoiava como deveria e não possuía um calendário conciso de divulgação.

Finishing touches to my heart ❤️ 🎼

Uma publicação compartilhada por Christina Aguilera (@xtina) em

Aqui um adendo: uma troca de gravadora não é apenas rasgar um contrato ali e assinar outro papel aculá. Em um novo local de trabalho, Xtina pode ampliar ainda mais o leque de profissionais e considerar novos nomes para produção, composição e parcerias no sucessor do “Lotus”. Lembrando que ela tem o controle criativo da sua carreira, porque não explorar, não concordam?

Então, com toda essa turbulência, mudanças, vamos deixar a moça em paz.A troca de gravadora foi “publicamente oficializada” (a Official Charts, empresa responsável pelo ranking do Reino Unido “confirmou” os rumores) há pouco tempo. Vamos deixá-la pensar! Muitas cantoras solo pop estão na iminência de lançamentos e devem transformar 2017 em um dos anos mais concorridos que já vi. Não adianta mais ter um nome para garantir sucesso. A música está mais efêmera, a um dedo do delete, sem compra, com mais streaming. Nunca atrelei sucesso ao que as paradas dizem, mas ninguém pode negar que chart ajuda a gerar mais interesse e a justificar investimento.

Em breve ela estará de volta ao “The Voice” e pela enésima vez vamos criar expectativas sobre o lançamento de qualquer coisa aproveitando a exposição dela no programa. Faz parte. E só resta aos fãs, assim que ela efetivamente lançar algo, mostrar interesse, divulgar, apoiar e COMPRAR (seja físico ou digital). Ficar cobrando em rede social é mole… difícil é efetivamente fazer parte, não é?

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