Amanda Faia

Amanda Faia: será o “R8” o “1989” ou o “4” da Rihanna?

Uma breve análise do que a gente pode esperar do novo álbum da estrela.

Antes de você continuar a passar o olho nesse texto, peço que leia atentamente uma recomendação de antemão: ao comparar os trabalhos de artistas que dividem praticamente o mesmo público não estou insinuando que uma é melhor que a outra, que houve uma cópia nem “influência”. Apenas fazendo uma correlação de momentos, que acredito serem, semelhantes nas carreiras. Esclarecido (pelo menos eu rezo que sim), vamos de fato ao que estou querendo dizer.

Há uma semana, Rihanna liberou oficialmente o áudio de até então mais uma música inédita do “R8”. “American Oxygen” foi, por meses, tratada como tema de um evento esportivo americano e apenas trechos foram liberados durante a campanha publicitária do March Madness. A expectativa era grande, como de costume. Rihanna se tornou aquele tipo de artista que até quem não curte fica atento para saber o que vem em seguida (nem que seja para criticar) e com a terceira faixa do sucessor do “Unapologetic” não foi diferente. “O problema”, entre aspas mesmo, é que nem todos estão curtindo o que a rainha do pop/eletrônico/R&B da década 2000 está apresentando e muito menos como a agenda de divulgação está se desenrolando. “FourFiveSeconds” foi lançada de supetão com uma sonoridade diferente do que ela vinha apresentando, “Bitch Better Have My Money” virou a mesa em termos de sonoridade do R8 e agora “American Oxygen”, mais intimista e tratada como “buzz-single”.

Acredito eu que o pré-conceito de muitos começou justamente quando o nome do produtor executivo do “R8” foi anunciado: Kanye West. O rapper é “temido” e odiado por parte da “comunidade pop” por N motivos que todo mundo sabe quais são e que não necessitam aprofundamento. No entanto, temos que se concordar (até os haters) que o ego é a única coisa maior que o talento de Kanye West. Você pode não curtir a atitude, o jeito que ele pensa e conduz a carreira, a necessidade de ser o maioral, mas que o cara é um gênio (e ele sabe disso), ele é.

Rihanna na fase “Rated R”

Somando isso tem um outro problema que estou detectando no desabafo da Navy: a grande maioria não gosta quando Rihanna sai do R&B/POP-Eletro-Alguma-Coisa. Desde que foi lançada, a carreira da cantora foi conduzida de maneira primorosa e com todos os solavancos em sua vida privada, Rihanna amadureceu, se tornou uma megastar, arrisca sem medo quando o assunto é a sua imagem, houve mudanças sutis, mas venhamos e convenhamos que ela basicamente manteve o fio condutor da sua linha musical nesses 10 anos. A vez que ela tentou fazer algo diferente precisou lançar urgentemente “Rude Boy” como single do “Rated R” porque o projeto era sombrio demais para a embaixadora do Barbados.

Quando “American Oxygen” foi lançada senti uma certeza que a moça vai arriscar mais do que o de costume na nova fase e talvez essa atitude tenha sido a responsável pela demora do “R8”. Afinal, nenhuma gravadora quer perder dinheiro ou somar incertezas com uma artista que o que lança rende milhões. Só que na mesma proporção, Rihanna sempre tratou o mundo com um verdadeiro “foda-se” e talvez tenha chegado a hora de ligar o F dentro do estúdio também. Fora que deve ser tedioso fazer sempre o mais do mesmo, não acha? Criar o que os fãs querem ouvir é um argumento sempre válido, mas imagine-se cantando a mesma linha há anos! Sendo o sujeito um artista criativo, é necessário botar esse acúmulo de ideias para fora e nem sempre elas continuarão dentro da fórmula do sucesso ou criadas para agradar a todos. Talvez o “R8” seja “para ela”. E não vejo mal nisso.

Não são todos os artistas que podem se dar ao luxo de fazer o que querem. Um exemplo mais recente foi Carly Rae Jepsen que só lançou novo single quando o empresário a mandou criar uma faixa que lembrasse “Call Me Maybe”. Mas a gente não precisa se jogar muito no tempo para lembrar de duas artistas que conduzem como querem a carreira. Taylor Swift é uma das cantoras que mais vende nos Estados Unidos e foi muito criticada com o conceito do “1989” por deixar totalmente, pela primeira vez na carreira, o country de lado. Beyoncé também não escapou de problemas. Quem se lembra do impecável “4”? Me parte o coração em pensar que um disco primoroso como o “4” não teve o desempenho que merecia. A semelhança entre o “1989”, o “4” e o “R8” está na quebra de um fio condutor que todos – mídia e público – estavam acostumados há anos.

De novo: nem todo artista pode ser dar esse luxo, mas Rihanna PODE! E fico feliz que ela esteja arriscando e ligando o “f” mesmo. “American Oxygen” é, pra mim, a melhor faixa do “R8” lançada até agora e provavelmente estou no grupo pequeno de fãs que ficaram até mais animados pela chegada do disco.

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