Inspirada pelo movimento antirracista Black Lives Matter, a cantora Aline Wirley postou um vídeo sobre suas experiências com racismo desde a infância. No vídeo, ela relembra os bastidores do “Popstars”, o programa do SBT que formou e alçou ao sucesso o grupo Rouge. Aline conta que não acreditava que mais de uma cantora preta entraria para o grupo pop.
(Foto: Divulgação / Jeff Porto)
“Na época das eliminatórias do Rouge, eu me lembro de falar com a Karin e a Quelynah: ‘uma de nós vai entrar’. Éramos três finalistas negras e a gente tinha certeza que só entraria uma de nós, porque só cabia espaço para uma negra”, diz.
O pensamento é fruto do racismo estrutural. Aline Wirley, Karin Hils e Quelynah (na época chamada de Jaqueline) estavam acostumadas com a falta de espaço e de representatividade. “Aí a gente teve a surpresa boa de eu e a Karin sermos escolhidas. E, naquela época, eu ainda não entendia o quanto era importante para mim ocupar aquele espaço”, conta Aline, “o Rouge me deu asas para que eu pudesse sonhar um pouco mais alto”.
Veja o vídeo da Aline Wirley:
A cantora conta que até o “Popstars” ela achava que racismo era normal. Como as outras mulheres de sua família, chegou a trabalhar como empregada doméstica. “Eu não tinha referência de que não podia ser assim. Ao longo da vida, sofri muito racismo. Mas a sociedade faz com que os pretos não compreendam o quanto é nocivo, o quanto é doído, porque a gente ‘nasceu para ser assim’. Eu não entendia que estava errado o que faziam comigo, porque para mim era normal”, lembra.