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Ações de inclusão, sustentabilidade e diversidade democratizam o acesso aos eventos e precisam ser ampliadas para todo o país

Nos últimos anos, intensificou na sociedade debates sobre ações de inclusão, sustentabilidade e diversidade, e no setor de eventos não é diferente. É cada vez mais necessário que essas ações se amplifiquem e que os produtores atentem para a importância de incluir ativações em suas produções. Hoje, os grandes festivais de música oferecem muito mais do que shows, eles buscam ampliar suas ações de modo a proporcionar espaços em que as diferenças são aceitas, respeitadas e celebradas.

O grande desafio da cadeia de produção de eventos é levar essas ativações para além das grandes capitais. O processo operacional é um desafio, pode ser algo complexo, mas não é impossível de ser realizado. Exige esforço, dedicação, comprometimento e uma boa dose de boa vontade para fazer acontecer. E, claro, parceiros, apoiadores e patrocinadores dispostos a investir nessas ações. Um caso recente no Brasil que mostra que é possível seguir esse caminho é o São João do Reencontro, projeto que realizou festividades em 35 municípios baianos com o intuito de reviver as tradicionais festas juninas no Estado da Bahia, com o patrocínio da Petrobras. A produção da festa direcionou o olhar para as cidades do interior focando na descentralização e na circulação artística com ênfase na regionalidade.

Com esse olhar, foi possível levar os festejos juninos para cidades que são importantes para o São João na Bahia e para alguns municípios que precisavam de uma estrutura para o desenvolvimento de suas festas, promovendo assim um resgate da tradição no local. Outro ponto é que os eventos são ferramentas para fomentar o desenvolvimento turístico regional. Além das grandes capitais, as cidades do interior precisam receber uma estrutura eficaz para realizar suas festas. Como resultado, foi registrada uma movimentação econômica de R$ 400 milhões nas cidades participantes com geração de empregos temporários, rede hoteleira com grande público e aumento no número de turistas. 

A nossa proposta no São João do Reencontro foi realizar uma festa para todos de maneira respeitosa e acolhedora, além de ser sustentável. Com isso, realizados uma série de ações e ativações para promover a conscientização do público nos festejos. Como por exemplo a construção de plataformas PCD. Em todas as festas construímos áreas PCDs ou fizemos áreas reservadas para pessoas com necessidades especiais. Em alguns municípios, foi a primeira vez que uma festa contou com um espaço voltado para PCDs. Muitas cidades tiveram neste ano ações de sustentabilidade, acessibilidade e inclusão, que antes não estavam presentes nas comemorações. A campanha “Não é Não”, o Coreto da Diversidade e a coleta seletiva foram outras ações realizadas. 

O cuidado com o meio ambiente e a sustentabilidade também foram pilares que nortearam as atividades que desenvolvemos no projeto. Em todas as cidades criamos pontos de coletiva seletiva com o objetivo de dar uma destinação correta para latinhas, garrafas PET e embalagens em geral. Contribuindo, assim, para a geração de renda dos catadores de recicláveis das cidades. Também firmamos uma parceria com o Instituto VOAR, onde todas as lonas usadas na comunicação do São João do Reencontro serão usadas como insumo na confecção de bolsas e acessórios comercializados no Centro Cultural do povoado de Baixio, movimentando a economia quilombola da região por meio do reaproveitamento de materiais. 

Recebemos feedback muito positivos de todas as ações que foram feitas. E os resultados mostram que essas ativações precisam ser uma preocupação dos produtores de eventos, em muitas cidades já é uma realidade, mas essa realidade precisa ser ampliada para todo o Brasil, principalmente para as cidades do interior para que o Brasil tenha cada vez mais espaços seguros, acessíveis e acolhedores em suas produções culturais. Quando a acessibilidade é realizada com planejamento e ela é priorizada, os eventos se tornam de fato um espaço para todos. E é um desafio criar espaços inclusivos em locais muitas vezes não possuem uma boa estrutura, a exemplos das cidades do interior que muitas vezes não realizam essas ações por falta de apoio e patrocínio. Por isso a importância de direcionar o olhar para as cidades do interior. 

Filipe Ratz é Founder & CEO da Pira e idealizador do São João do Reencontro

 

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