A Associação Brasileira de Música de Música Independente (ABMI) divulgou recentemente os resultados da Pesquisa do Mercado Brasileiro da Música Independente. Os dados foram coletados em duas frentes: uma avaliação dos dados das principais plataformas de streaming referentes a 2019 e parte de 2020 e entrevistas em profundidade com 60 empresas – 50 associadas e 10 não-associadas convidadas – entre editoras, produtoras de evento, produtoras audiovisuais e estúdios.
O Presidente da ABMI, Carlos Mills, faz um balanço do ano e avalia os desafios do setor neste período de pandemia.
2020 para a Música Independente
“Podemos elencar impactos negativos e positivos em relação ao setor musical como um todo:
- NEGATIVOS: Forte impacto negativo para a música ao vivo. Músicos e técnicos de espetáculos sem renda para subsistência. Receitas de execução pública caem;
- POSITIVOS: Crescimento dos serviços interativos de streaming, em faturamento e em quantidade de usuários. Aumento da produção de conteúdo gravado pelos artistas e gravadoras: estimamos em mais de 30% o aumento da produção neste período. Novas composições e parcerias inéditas entre artistas”, aponta Mills.
Equipamentos mais baratos + pandemia = aumento da produção
“No cenário da música gravada, o mercado já vinha trabalhando em “home office” muito antes da pandemia. O barateamento dos custos dos equipamentos propiciou aos músicos gravar colaborativamente, cada um de sua casa. A pandemia apenas acelerou e consolidou este movimento que já vinha ocorrendo naturalmente.”
Streaming ainda tem muito a crescer no Brasil
“Segundo as estimativas da ABMI, ainda estamos longe do ponto de saturação do mercado de streaming no Brasil, em termos de quantidade de assinaturas. Mas a pandemia mostrou a consistência deste modelo de negócios, sem dúvida alguma”, aponta Carlos Mills.
Segundo a quinta edição do Data Stories, série mensal de análises da Kantar IBOPE Media, 49% dos consumidores concordam que um menor custo mensal chamaria mais atenção para assinar um serviço de streaming hoje. Entre os interessados em valores mais atrativos, 55% preferem assinaturas gratuitas com inserções de comerciais, 41% optam por assinaturas pagas sem publicidade e 4% não tem preferência.
Pesquisa da ABMI traz surpresas
“Em relação à pesquisa que realizamos com o mapeamento do mercado da música independente, tivemos algumas surpresas. O otimismo dos produtores independentes com o futuro do negócio, que atingiu um percentual de 89%, sem dúvida surpreendeu. Outra surpresa, esta não tão positiva, foi a constatação de que a diversidade de gênero dentro das gravadoras independentes brasileiras, mesmo entre homens e mulheres cis, ainda está longe da ideal, em especial nos cargos estratégicos e de gestão”, revela Mills.
No Rio Music Market, evento realizado pela ABMI, Patrick Ross, SVP da Music Ally, apontou a indústria dos games como um terreno onde a música pode crescer muito
“Concordo plenamente, já existem muitas iniciativas em andamento. Concertos virtuais, em realidade aumentada, interativos, devem crescer muito. Já temos shows ‘ao vivo’ sendo transmitidos dentro dos games e que alcançam um público enorme. A tendência é esta área ter um grande desenvolvimento num futuro próximo”, analisa o presidente da ABMI.
Com o mercado dos games e música em ascensão, nossa colunista Camila Arias fez uma análise apontando a importância da tecnologia 5G para essa transformação, veja aqui.
O impacto da Covid-19 em 2021
“Creio que será semelhante ao deste ano, com os espetáculos ao vivo tendo dificuldades e o setor da música gravada seguindo em crescimento sustentável”, diz Mills.
Lives e shows pela internet ainda farão sucesso
“A tecnologia evolui muito rápido e poderá oferecer opções cada vez mais interessantes para quem assiste. Ao mesmo tempo os times dos artistas estão aprendendo a lidar com essa nova realidade. Acredito que num futuro próximo teremos eventos mais profissionais e menos eventos gratuitos, pois afinal de contas existem equipes que precisam sobreviver de seu trabalho”, analisa o Presidente da ABMI.
Tendências do mercado da música nos próximos cinco anos
“Virtualização de eventos; realidade aumentada; o streaming interativo de música vai atingir, na maioria dos mercados, o ‘platô’ de crescimento; maior integração entre música e games”, destaca Mills.
Para conferir o relatório completo da Pesquisa da ABMI, acesse aqui.