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A produção cosmopolita de Rafinha RSQ e a sua fábrica de hits

Foto: Reprodução/@rafinharsq

Com apenas 28 anos, mas uma longa estrada na música, o carioca – quase baiano, Rafinha RSQ já configura o topo das playlists de hits das principais plataformas de streamings do país com composições e produções que, como ele mesmo diz, tem “cheirinho de sucesso”.

Rafinha é o tipo de produtor cosmopolita. Daqueles que rodam o mundo inteiro de referências, que consegue em apenas uma música revisitar lugares e ritmos tão diferentes que só tendo uma cabeça muito genial para unir lé-com-cré e transformar tudo aquilo num hit. E hit dos bons!

É difícil imaginar uma playlist que não tenha tocado “Santinha” (Léo Santana) ou “Ô bebê” (Kevinho e Kekel), nos últimos anos. Ou uma festa sertaneja em que “Loka” (Anitta e Simone & Simaria) e “Apaixonadinha” (Marília Mendonça e Léo Santana) não tenha cadeira cativa.

Mas, o que ninguém esperava era que, aos 40 minutos do segundo tempo, faltando 10 dias para o ano acabar, Rafinha chegaria com “Modo Turbo”. Um feat com nada mais, nada menos, que Luísa Sonza, Anitta e Pablo Vittar. Um encontro memorável, que promete ser o hit das festas de final de ano, para fechar um ano para lá de produtivo do profissional.

Antes de tudo, o começo

Entender o caminho e a construção musical de Rafinha RSQ é também olhar para esse jovem produtor com uma lupa daquelas que quanto mais você aproxima, mais você se impressiona. Nascido em uma família de músicos, ele cresceu cercado por notas e acordes. Com 4 anos já tocava percussão e cavaquinho.

Aos 13 anos, começou a tocar em uma banda profissional e ganhar seus primeiros cachês. Mas, foi a partir dos 16 anos que ele deu o start nas suas composições, mesmo período que começou a tocar percussão no Parangolé, bem na época do sucesso “Rebolation”.

Tudo que ele aprendeu, da música à administração, foi por força de vontade aliado ao dom. “Comecei a me interessar por produção musical aos 18 anos, quando comprei meu primeiro macbook e resolvi que iria aprender mais sobre essa área. Aprendi a tocar outros instrumentos. Tudo de ouvido. Sempre fui autodidata com relação a música”, conta Rafinha.

“Não toco como um tecladista, por exemplo, mas consigo montar meu campo harmônico dentro do que quero fazer. Foi assim que comecei a aprimorar minhas habilidades dentro do meu conceito musical”, completa. Hoje, o instrumento que colocar na frente dele, ele toca: violão, guitarra, baixo, piano, além da percussão – que ele toca com maestria, claro.

Para Rafinha, uma das coisas que mais o ajudou a criar a sua personalidade musical foi o interesse pelo que estava acontecendo em outros países. “Eu pensava assim: vou ouvir música da África, Índia, Japão, Cuba, EUA…de todos os lugares do planeta, para aprender o que está rolando por lá. Sempre busquei pesquisar o mundo inteiro e é por isso que tenho essa mescla de sonoridades na minha produção. Sou muito versátil”, revela.

Referências

Com um arsenal de referências musicais que vão da percussão de Márcio Victor (Psirico) a Ovy On the Drums (produtor colombiano), passando pelo percussionista argentino Ramiro Musotto e Carlinhos Brown, Rafinha revela que uma das melhores coisas que ele faz na vida é buscar referências.

“Em 2018, resolvi fazer uma viagem com a minha esposa que era rodar diversos países para pesquisar e trabalhar com novos produtores e artistas. Fui para o México, Chile, Colombia, Argentina, Los Angeles, Las Vegas e Miami. Saí rodando pelos lugares que mais me interessavam musicalmente. O que eu fazia: chegava em Miami por exemplo, onde todos os produtores do mundo estão, e trabalhava com o melhor produtor de lá. Entrava no estúdio com ele, fazia música e já saía com uma bagagem, aprendendo coisas novas”, conta. Dos países que Rafinha se interessa, os que ainda estão na lista para promover essa troca musical são Índia e Japão.

Depois de passar quase 1 ano e meio em novas experiências , o produtor trouxe na bagagem a sua primeira produção internacional, ao lado do Ovy On The Drums, o feat entre Karol G (Colômbia) e Simone & Simaria.

Produção Musical X Composição

Foi com a sua riqueza de timbres, mas sem perder a essência de quem ele está produzindo, que Rafinha conquistou artistas e empresários do Brasil. “Eu não mudo a cara do artista. Se a pessoa toca no paredão, eu pego o som dele e misturo com som gringo e boto isso para ficar comercial, para o povo ouvir e se identificar. Meu principal alvo é o povo. Eu faço tudo pensando neles. Se eles vão dançar, se vão curtir”, revela.

Segundo o produtor, não existe fórmula do sucesso, mas revela que, para ele, o caminho é ter primeiro uma boa composição. “Se eu não tiver uma composição que seja hit, a minha produção pode ser a melhor do mundo, mas ela não vai falar sozinha. A música precisa de uma composição que eu chamo de ‘cheirinho de sucesso’”.

Foto: Reprodução/@rafinharsq

Há um ano, Rafinha tem se dedicado apenas à produção musical, em seu estúdio Sala 3, em Salvador, e deixado um pouco de lado seu lado compositor. Enquanto conversava com o POPline.Biz é Mundo da Música, o WhatsApp de Rafinha não parava. O produtor está neste momento com sete produções diferentes, do pop ao funk, passando pelo sertanejo e artistas internacionais.

“Essa responsabilidade da produção me tira a tranquilidade para compor. Eu não consigo tratar com sete empresários, sete artistas diferentes, e ao mesmo tempo sentar, como se nada tivesse acontecendo, para escrever uma música de frente para o mar”.

Ele conta que durante seis anos, sua rotina de composição era obrigatória de domingo a domingo. “Era como se eu tivesse batendo cartão, diariamente eu sentava num determinado horário para compor. Mas onde a inspiração vem eu paro… seja no banheiro, no avião, no trânsito, registro no gravador a ideia”, conta.

“Sinto muita falta dessa rotina de compor, mas já me prometi que em 2021 vou me dedicar mais a composição, porque foi ela que me deu a vida na música. Me comprometi que ano que vem, vou me dedicar 50% para produção e 50% para composição”, antecipa os planos para 2021.

O Rei da Internet

A internet foi (e ainda é) um dos trampolins para a carreira de Rafinha. Foi por lá, quando ele publicou seu primeiro vídeo no YouTube, que as portas se abriram para o seu crescimento.

“Todas as coisas mais importantes que consegui na minha vida foram através do relacionamento e do digital. Quando começou esse boom do digital, rapidamente comecei a estudar tudo que tinha dentro dele, isso muito antes do Instagram. Eu via que a internet era um meio para chegar até artistas e produtores”, conta.

Quando o YouTube começou a dar as caras e ser visto como um canal de relacionamento e divulgação, Rafinha já aproveitava as horas que passava dentro do ônibus viajando com Léo Santana, para estudar Administração e Marketing Digital. E foi assim que ele teve a ideia de montar um clipe instrumental para mostrar seu potencial e disparar para os produtores que ele conhecia.

“Eu tinha na época 3500 reais na conta. Paguei tudo que eu tinha e investi no clipe. Montei um instrumental de 5 minutos e disparei o link para vários artistas e produtores”, revela.

Foi através desse link que Rafinha começou a gravar percussão para diversos sertanejos, inclusive Zezé di Camargo e Luciano. “Esse vídeo foi onde comecei a minha sacada de Marketing Digital. Saí impulsionando, mandando para todo mundo, e, do nada, comecei a receber ligações de produtores falando: ‘Rafinha, acabei de ver um vídeo seu, queria que você fizesse essas coisas no meu DVD’. Quando fui ver eu já estava pegando avião para Goiânia, indo para o Rio fazer Sorriso Maroto…”, conta empolgado.

Mas, se você pensa que a sacada genial para por aí, está muito enganado. Ele usava o seu lado músico para chegar até o produtor. Quando era contratado para gravar uma música, por exemplo, ele já chegava com uma composição pronta para apresentar ao artista. E foi assim que, ao encontrar as irmãs Simone e Simaria no estúdio, ele apresentou “Loka” (Anitta e Simone & Simaria).

A coisa foi crescendo, o Instagram começou a se consagrar como uma potente ferramenta de divulgação, e pronto, mais uma sacada do Rafinha: ele criou um quadro, há 3 anos, chamado ‘Com quem combina’. “Quando lancei todo mundo me chamava de doido, mas hoje ele é super badalado e todo mundo faz”, conta.

Como funcionava: ele postava uma composição no seu perfil e pedia para os seguidores marcarem o “@ do artista” que achava que essa música combinava. “Nessa brincadeira, em uma das composições, o pessoal começou a marcar Matheus e Kauan. Quando fui ver, estavam eles no meu direct: ‘Rafinha tira essa música do Instagram, manda para gente, vamos gravar no DVD mês que vem!’. E foi assim que “Te Amei com Classe” foi parar na voz da dupla”, lembra o músico.

Através do Instagram e do Youtube muitas coisas aconteceram na vida de Rafinha. “A internet pode te trazer destruição, mas pode ser a maior benção da sua vida se você souber usar”, revela. Para ele, se o artista souber administrar, fazer uma boa estratégia, criando conteúdos para seu público alvo, o retorno é positivo.

“Por isso, quando o artista chega até mim hoje, eu faço uma entrega completa. Não entrego só a produção musical ou a composição. Levo para ele a estratégia de marketing, ideias de criação de arte e clipe… então muitos artistas que chegam até mim já vem em busca dessa versatilidade”.

O que esperar de Rafinha em 2021?

Para ele, o maior desafio para 2021 é fazer o artista se adaptar a essa “nova indústria”, ao novo formato de se fazer música, reforçando ainda mais a entrega digital. “Um dos maiores desafios do mercado é levar a nossa música para o mundo, e essa é uma das minhas principais metas: fazer a música do brasil ser escutada em todos os países”, projeta.

Rafinha também aposta no TikTok como sendo um grande aliado nesse novo momento da música. “Está surgindo uma nova fórmula de fazer a música acontecer no mundo, que é através do TikTok. Essa é uma nova geração que, por meio desse aplicativo, consegue fazer sua música estourar mesmo não sendo um artista conhecido”, aposta.

Além disso, o produtor acabou de lançar hits que prometem bombar nas playlists este final de ano e em 2021: “Bruninha” com Kevinho e Tierry; Kevin o Chris, lançou o primeiro single do DVD que ele assina a direção musical, “Prioridadezona”; e tem Simone & Simaria com Dilsinho em “Aí Lascou”. Acha que acabou? Tem mais uma produção vindo por aí! Ele quis manter o suspense mas contou que será outro feat em trio, só que dessa vez masculino. Alguma aposta?

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