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A impecável agenda pró-LGBT da Pabllo Vittar a mantém longe do “cancelamento”

O comprometimento de Pabllo Vittar com seu público é a principal força da drag queen.

"Bandida": clipe de Pabllo Vittar tem inspiração no BLACKPINK
(Foto: Ernna Cost)

“Você não cancela o que você não consome” – é a frase de efeito mais usada por Carlinhos Maia a cada escândalo que ele se mete. O último, uma festa de natal com centenas de convidados em plena pandemia, deixou claro que a falta de inteligência e estratégia de uma equipe amadora escancara a ineficiência do maior influenciador do Brasil (em números) em se distanciar de polêmicas óbvias, que desgastam sua imagem e mancha cada vez mais sua biografia.

Carlinhos pode ter razão ao definir “cancelamento” como uma ação do público consumidor direto. Mas não seria muito mais inteligente pensar o contrário: “você fortalece o que você consome”? Pois é, subestimar o próprio público é limitador e extremamente arriscado. E está aí algo que Pabllo Vittar não faz. Mais um ano se caminha para o fim, e mais distante a drag queen está do tal temido “cancelamento”. Mas como ela consegue isso?

Pabllo Vittar BANDIDA
Foto: Reprodução YouTube

A primeira regra é saber se comunicar com seu próprio público e ter uma leitura amplamente crítica de quais expectativas os fãs têm. Com essas cartas na mão, fica aparentemente coerente desenhar um planejamento com objetivo certeiro. Para a execução, é necessário uma equipe que pense e emane a mesma energia que a cantora.

Pabllo nitidamente tem uma agenda pró-LGBTQIA+. No decorrer do ano, ações associadas à música, publicidade e show estão conectadas com atos concretos pensados para a sua bandeira. Artistas que têm consciência de classe num momento tão peculiar da história da humanidade disparam na frente na construção de legado.

Nos últimos dois anos, Pabllo Vittar provou isso. Ela espremeu sua agenda internacional para conseguir participar da Parada LGBTQIA+ de Copacabana, no Rio de Janeiro; fez uma parceria global com aplicativo de relacionamentos Grindr que envolvia conteúdo ativista internacional para a comunidade; participou de campanha de combate ao HIV/Aids e conscientização sobre o uso de PrEP; também encabeçou live show em plena pandemia para ajudar ONGs LGBTQIA+.

(Foto: Gustavo Bresciani)

Na música, ela relançou o álbum “111” em versão deluxe com participação de vários artistas independentes da cena LGBTQIA+, usando seu alcance para dar visibilidade para artistas que precisam de suporte e prestígio em um dos piores anos para a cultura.

Além disso, Pabllo pesquisa, consome e entende como ninguém as tendências de cultura e expressão da sua própria bandeira. Todo esse seu interesse só aumenta sua conexão com o público e a mágica acontece. Vira uma troca positiva.

As músicas lançadas por Pabllo têm baixíssima rejeição dentro da sua fã base, que atua como seus saldados para “furar a bolha” e alcançar novos públicos. Nunca podemos esquecer que já são quatro anos desde que estourou seu primeiro sucesso e a drag queen segue sofrendo resistência das rádios e são pouquíssimos programas da TV aberta que lhe dão espaço. Ainda assim, seus números crescem e a cada lançamento seu comprometimento com a “bolha LGBTQIA+” fica mais evidente.

“Bandida”, parceria com Pocah, que já passou de 13 milhões de reproduções no YouTube, é apontada por muitos DJs do segmento como música do verão. O mesmo aconteceu este ano com “Amor de Que”, no ano passado com “Buzina”, que tocaram incansavelmente nas baladas, festas de verão e blocos de carnaval.

Para 2021, que Pabllo Vittar e sua equipe mantenham a resiliência e continuem a construção de um legado sólido e potente. Precisamos de mais artistas sendo referência e de fato influenciando a próxima geração. Agora ficou fácil entender o motivo da maior drag queen do mundo ser brasileira?