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A Fábrica: The Voice Brasil estreia com erros acertados e acertos errados

Versão brasileira do reality musical estreou neste domingo (23).

Enfim, a versão brasileira da franquia do programa de calouros The Voice estreou com seus mentores Carlinhos Brown, Lulu Santos, Cláudia Leitte e Daniel. Diante de tantos gêneros diferentes, não tinha como ser mais brasileiro do que a mistura entre afro, pop rock, axé e sertanejo. Apesar de achar que o time fosse talvez um pouco “velho” demais para um programa de caráter tão jovem, acredito que os produtores dificilmente conseguiriam formar um outro grupo com tanta credibilidade para a primeira temporada de um programa como este. Fazendo uma comparação internacional, o nosso The Voice não tem a juventude trazida por Adam Levine e Christina Aguilera (The Voice EUA), Jessie J e will.i.am (The Voice Reino Unido). Ao contrário, traz nomes consagrados, fazendo um paralelo com Tom Jones (Reino Unido) e Cee Lo Green (EUA). O The Voice é no Brasil mas cantar em inglês foi permitido. E todo mundo que cantou em inglês foi escolhido, mesmo com tremendos erros na letra em praticamente todas as performances. Em casos como o do médico que cantou “Viva La Vida” (Coldplay), a língua só atrapalhou a excelente voz do cara. No caso da menina que cantou “Moves Like Jagger” (Maroon 5), porém, ficou parecendo que a música foi o fator principal que fez Claudinha virar a cadeira.

O cenário, a iluminação e até o clima nos bastidores do The Voice Brasil estavam impecavelmente parecido com as outras versões ao redor do mundo. Para mim, a edição e as câmeras foram os aspectos que às vezes pecaram e deram ao programa um ritmo lento que não deveria acontecer. Carlinhos Brown falou muito, mesmo quando o discurso girava em torno da mesma coisa, e Lulu Santos muitas vezes pareceu simplesmente entediado com certos candidatos. Também faltou briga e faltou confronto. Muitos mentores que giraram a cadeira não apareceram defendendo as suas posições pro candidato. Ao contrário, foi vista uma troca de elogios politicamente correta entre os mentores – o que não faz sentido nenhum no cenário de uma “competição”. Com poucas exceções, ficou parecendo que um estava falando por cima do outro, e ninguém sabia exatamente o que fazer ou de quem era a vez de falar. Pro primeiro episódio da primeira temporada, isto é normal.

E quem diria, Daniel surpreendeu! Para mim, ele fora o jurado que eu menos entendi ter sido escolhido. Daniel indiscutivelmente vendeu muitos álbuns, mas não o encaro como necessariamente o nome mais relevante da música sertaneja atual. Comparando com Cláudia, Lulu e Brown, praticamente não se ouviu falar de Daniel nos últimos tempos. Mas aí estreia o The Voice e Daniel mostrou que ele não é apenas a voz mais forte dentre os mentores, mas como também o mais bem preparado. Como disse uma amiga ainda pouco: “Parece que o Daniel foi o único dos mentores brasileiros que assistiu às outras versões do The Voice”. Tem razão. Daniel se fez a perfeita versão brasileira de Blake Shelton (The Voice EUA) e, ainda mais importante, se portou como todos deveriam se portar. Falou na hora certa, defendeu o seu time quando virou a cadeira, e fez certas brincadeiras com os outros mentores. Tiago Leifert e Dani Suzuki praticamente desapareceram neste primeiro episódio. É normal que o apresentador não tenha mesmo uma presença forte nas audições, visto que o programa está tentando ainda apresentar os mentores e os participantes. Do que foi visto, porém, há uma química boa entre Tiago, Dani e os participantes.

Falta um direcionamento mais claro para tornar este programa de extremo potencial num sucesso da TV brasileira. Menos política de boa vizinhança dos mentores, melhor divulgação do programa por parte da Globo, e candidatos que saibam escolher a melhor forma de expor as suas vozes.

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