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A Fábrica: O sucesso da intimidade comercial de Taylor Swift


As músicas de Taylor Swift são melhores que uma melhor amiga e um pote de sorvete juntos. O fim de qualquer relacionamento é sempre complicado, difícil, triste, e por isso a fórmula de músicas do tal tema sempre funcionou. Seja com a atitude de “So What?” da P!nk, ou melancolia de “Someone Like You” de Adele, ou ainda o tom de superação em “Stronger (What Doesn’t Kill You)” de Kelly Clarkson, músicas sobre corações partidos fazem sucesso há anos na cultura pop. O que torna Taylor Swift diferente, porém, é que ela vai além do argumento.

Taylor não canta pra fora, mas de dentro. Seu trabalho circula a intimidade em sua forma mais pura e verdadeira. “We Are Never Ever Getting Back Together”, o primeiro single de “RED”, já virou um hino da menina que simplesmente não aguenta mais. E pode até ser precipitado, e que ela volte com o tal cara, mas o que importa é que *agora* ela quer dizer a ele que o relacionamento jamais terá retorno. Em um tempo de crise econômica, pior ainda na indústria musical, a pureza, dignidade e até imaturidade de Taylor Swift fazem sucesso. O espetáculo de seu novo álbum não está na busca por boas músicas, mas na completa falta de vaidade de Taylor em expor os seus sentimentos e falar de sua vida de forma tão inteira e detalhada. “RED” é extremamente bem feito por canções que não falam de amor, mas sim dos amores que a própria cantora viveu em seu pouco tempo de vida. E por que diabos Taylor Swift escolheria para seu primeiro single uma música que provavelmente está atormentando um de seus ex-namorados? Simples: porque às vezes é divertido apontar dedos, dizer o que queria, e dar risada de coisas tristes.

“RED” é muito mais do que a celebração da literatura de autoajuda, e vai muito além do álbum anterior, “Speak Now”, pois este soava solitário, caseiro e pouco divertido. Taylor Swift acerta no tom positivo – mesmo que subentendido – que “RED” carrega. O disco traz mais do que histórias, e pincela a personalidade forte de Taylor em músicas que a mostram tomando decisões, expressando opiniões, e dando lições de vida para pessoas que passaram pelos mesmos problemas. Mais do que estabelecendo uma conexão com os fãs, Taylor Swift agora está apresentando soluções também. E há a transição do country para algo extremamente mais pop. Alguns elementos permanecem, mas Taylor Swift já transcende os gêneros para criar algo organicamente original em composição e melodia. E é tão original que fica na cara quando alguém está tentando fazer algo parecido.

Não há dor que não possa ser transformada em arte. Seis Grammys depois, Taylor Swift ainda consegue lançar novos clássicos modernos e ter arrasadoras vendas. A expectativa da primeira semana de “RED” é para um milhão de cópias adquiridas. Uma carreira construída por calma, confiança e coragem, e que segue em frente com agenda e equipe bem construídas. A percepção é que Taylor ainda não se vendeu para a indústria, e nem pretende, pois o seu grande potencial está justamente na espontaneidade e normalidade. “RED” é um passo inovador, importante, e definitivamente impressionante na carreira de Taylor Swift, que – vamos lembrar – apenas começou.