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A Fábrica: O efeito Jennifer Lopez

O “efeito Jennifer Lopez” é um caminho sem volta para a televisão americana e o padrão de reality shows musicais no mundo inteiro.

O ano de 2010 trouxe a maior revolução dos últimos tempos na indústria de reality shows, e por consequência da TV americana, visto que estes programas ocupam um grande espaço da programação das redes de televisão dos Estados Unidos: a saída de Simon Cowell do American Idol. O American Idol é um reality show musical da FremantleMedia, franquiado da edição britânica Pop Idol, e representa as maiores médias de audiência da televisão americana (excluindo o Super Bowl). Criado em Junho de 2002 pelo produtor Simon Fuller (que já foi manager das Spice Girls e também criou o reality show So You Think You Can Dance), o American Idol contou com o mesmo time fixo de jurados durante oito temporadas: Simon Cowell, Paula Abdul, e Randy Jackson. Na oitava temporada, Paula Abdul deixou o time para criar o seu próprio reality show de dança, que teve números muito baixos em audiência. Na nona temporada, Simon Cowell anunciou que sairia do programa para se concentrar na edição americana de outro reality show britânico, o The X Factor. Simon, até então, fora a principal personalidade do American Idol. A sua saída colocou em dúvida a audiência líder do reality sem seu principal personagem, e por consequência foi especulado se seus patrocinadores (Coca-Cola, Ford e AT&T) renovariam contrato.

Foi no fim de 2010 que Jennifer Lopez e Steven Tyler (vocalista da banda legendária de rock Aerosmith) foram anunciados como novos jurados do American Idol a partir da décima temporada, exibida em 2011. Esta decisão, porém, revolucionou todo o modelo de reality shows nos EUA, e foi apelidada por especialistas de “o efeito JLo”. Jennifer Lopez usou o programa (que seguiu líder de audiência) para estrear o clipe de seu single “On The Floor”, e imediatamente colocou a música em #1 no iTunes. O sucesso da cantora como jurada seguiu uma série de patrocínios que perduram até hoje: L’Óreal, Fiat, Gillette-Venus, Harmon Kardon, Brahma, TOUS, Gucci, Lux e Kohl’s são apenas alguns dos nomes.

Mas por que a entrada de Jennifer Lopez como jurada significou tanto? Porque a rede de televisão Fox aceitou pagar $12 milhões de dólares para que a cantora aceitasse participar do American Idol, que sucedeu os $10 milhões para Christina Aguilera ser jurada do The Voice, e $15 milhões para o radialista Howard Stern entrar pro time de jurados do America’s Got Talent (substituindo o Piers Morgan, que agora tem um talk-show na CNN). Para retornar ao American Idol em 2012, especula-se que JLo tenha recebido um aumento para $20 milhões, que ultrapassa os $15 milhões que Britney Spears tenha supostamente pedido para integrar a bancada do The X Factor americano.

Os produtores de televisão, preocupados com a competição de audiência com a web, perceberam que custa mais barato pagar caro por uma estrela do que criar uma, e que esta é uma arma poderosa para atrair telespectadores. Para os artistas, a TV também é um importante veículo de divulgação, visto que o espaço na Internet está cada vez mais escasso. “On The Floor” e “Moves Like Jagger” são grandes exemplos de músicas que estrearam na televisão e trouxeram um retorno enorme para todos os envolvidos. Sem contar a grande base de fãs que Blake Shelton ganhou com o The Voice, visto que na primeira temporada ele era o artista menos popular da bancada de jurados, o $1 milhão de dólares pago para que Jessica Simpson seja jurada do reality show de moda Fashion Star, e o crescimento de 115% das vendas do álbum “Hands All Over” do Maroon 5 comparando o antes e depois da entrada de Adam Levine no The Voice.

O “efeito Jennifer Lopez” é um caminho sem volta para a televisão americana e o padrão de reality shows musicais no mundo inteiro. Custa caro, mas traz retornos ainda mais lucrativos.

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