Will.i.am e Britney Spears, Alicia Keys e Nicki Minaj, 50 Cent e Eminem/Adam Levine, Ludacris e Usher/David Guetta… Só exemplos recentes do novo milagre do pop: colaborar. Muitos, inclusive, justificam o grande sucesso do álbum “Teenage Dream” (Katy Perry) na tal força de tantas colaborações (Kanye West, Snoop Dogg, Missy Elliott – para citar algumas). Esquecem, porém, que a tendência parece atingir praticamente a todos, mesmo que em níveis diferentes. Afinal, Madonna também têm se apoiado em Britney Spears, Justin Timberlake e Nicki Minaj nestes últimos anos. As chocantes participações de Chris Brown em “Birthday Cake” e “Nobody’s Business” foram responsáveis por estas faixas terem emplacado em aceitação do público. E o que dizer do hip hop, que praticamente tem só sobrevivido diante dos grandes trabalhos conjuntos da Young Money (Drake/Nicki Minaj/Lil Wayne), Watch The Throne (Jay-Z/Kanye West) e, mais recentemente, 50 Cent e Eminem na faixa “My Life”?
A cultura da colaboração é menos bonita do que parece na teoria. Na verdade, em 90% dos casos, acontece por decisão estratégica das gravadoras e/ou produtores. Dr Luke, para emplacar sua nova pupila Becky Gomez, tratou de a encaixar em “Oath”, faixa da Cher Lloyd. Skylar Grey, até então desconhecida, ganhou o mundo na música “I Need A Doctor” de Eminem e Dr Dre. B.o.B, que precisava de um sucesso após “Nothin’ On You”, lançou “Airplanes” com Hayley Williams (Paramore) mesmo nunca ter a conhecido até uma apresentação da música. E nem preciso começar a lista de artistas que Pitbull já tentou divulgar em suas músicas, né?
Em alguns casos, com o de will.i.am, a participação de alguém como Britney Spears dita o sucesso de uma música. “Scream & Shout” foi direto para #1 no iTunes USA após a prévia do clipe ter ido ao ar no X Factor USA. No caso de Alicia Keys, mesmo com todo o seu talento, Nicki Minaj foi a escolha para tentar salvar o single “Girl On Fire” numa versão da música que adicionou “Inferno” ao título. A aposta foi tão alta que, em algumas lojas virtuais, só a versão “Inferno” vem compilada ao álbum. Ludacris, que participa dos álbuns e singles de praticamente todo mundo, também precisou da fórmula de sucesso Usher + David Guetta para emplacar o seu single de retorno, “Rest Of My Life”.
Mas como em todo milagre, nem sempre a fé é suficiente. Alicia Keys, com ou sem Nicki Minaj, parece que não emplacou “Girl On Fire”. Já will.i.am, com Britney, parece estar *finalmente* fazendo barulho com um single. No louco mundo do pop, colaborações são apenas mais um meio de tentar burlar a ciência do inesperado na indústria da música. Espero que, assim como em todo aspecto desta indústria, o bom senso – e não o milagre – prevaleça.