Acontece que a digitalização e venda de músicas através do iTunes já não é mais o bastante para artistas e gravadoras que precisam ganhar dinheiro, e fãs que demandam experiência. Com a força da Web 2.0, onde tudo é comentado e compartilhado, a indústria da música ficou para trás na hora de transferir ao mundo virtual a experiência fantástica que era ter em suas mãos o LP ou CD de seu artista favorito. Comprar ou baixar música, de repente, virou algo banal.
Esta experiência digital também foi explorada, mesmo que indiretamente, com o clipe mais recente de Justin Bieber, “Beauty And A Beat”, que se apoiou na estratégia de marketing onde o cantor fez parecer que o seu laptop havia sido roubado. O clipe foi gravado num formato quase caseiro, de estilo parecido às gravações amadoras que tantos jovens fazem para o YouTube. O lyric video para “Wide Awake”, de Katy Perry, contou a jornada da cantora durante o álbum “Teenage Dream” através de uma linha do tempo de Facebook. De longe, na minha opinião, um dos lyric videos mais criativos de todos os tempos. Will.i.am, figura principal do grupo Black Eyed Peas que mais uma vez está tentando uma carreira solo, também se rendeu ao uso de tecnologia – vazando disfarçadamente várias novas faixas – para divulgar o seu novo álbum “#willpower” (que já vem em formato de hashtag!).
Mais do que nunca, artistas estão aprendendo a ser mais cautelosos com as estratégias que usam para lucrar sobre os fãs. Parte da lógica, mesmo que seja algo ilegal, que o ouvinte em geral não vai comprar um produto cuja cópia ele possa conseguir de graça num mp3. O público em geral voltará a gastar dinheiro com música a partir do momento que se sentir inclinado para comprar tal experiência. Num mercado musical de públicos segmentados, é importante o estudo comportamental de cada geração e que a experiência musical de cada artista possa traduzir o que cada público demanda. Não há fórmula geral, mas há caminhos individuais, que citei anteriormente, já muito bem sucedidos na atualidade.