O encontro de gerações deu o tom da première do projeto “Hip Hop Machine” no Net Rio, na zona sul do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (9). Capitaneado pelo saxofonista Leo Gandelman, ao lado do diretor Bruno Costa, nomes como Karol Conká, 1Kilo, BNegão, Baco Exu do Blues, Gabz, Delacruz, Luccas Carlos, BK’, 3030 e o Haikaiss participam de dez episódios da série que chegou ao YouTube e em todas plataformas digitais nesta sexta (10). Juntos em um pequeno estúdio, cada um desses artistas oriundos do hip hop fizeram releituras de quatro músicas de seus respectivos repertórios em uma atmosfera jazzística.
O aspecto mais importante da improvisação é a criatividade. O entendimento dos fundamentos da música é um aliado nessa jornada. Então, nada mais genuíno que unir dois estilos que possuem o mesmo conceito. Durante pouco mais de uma hora, os convidados conferiram um pouco deste resultado final em uma exibição especial que contou com um número de cada convidado e alguns depoimentos. Filmado integralmente em preto-e-branco, a série confere uma aura “antiga” como se estivéssemos no início do século XX, quando os negros do Mississippi e de Nova Orleans criaram o estilo.
Compositor, arranjador e dono de várias trilhas sonoras em novelas, Leo Gandelman buscava uma nova diretriz para a carreira. Até que seus caminhos cruzaram com o de Bruno Costa, idealizador do projeto, e as ideias surgiram. “Há bastante tempo eu estava à procura de caminhos porque o paradigma do mercado da música mudou completamente. E nessa procura encontrei o Bruno e a gente começou a trabalhar imediatamente. Tanto ele quanto eu havíamos assistido a um documentário do Quincy Jones onde ele falava desse movimento do hip hop com o jazz de uma maneira muito forte no início da década de 90. Voltamos nessa proposta e surgiu o nome ‘Hip Hop Machine'”, conta o instrumentista.
Aos 62 anos e com uma carreira consolidada, Leo fala sobre o projeto com ânimo de um iniciante. “Tem sido uma descoberta sensacional. O Bruno começou a sugerir artistas que eu não tinha ligação e foi amor à primeira vista porque conheci todos eles dentro do estúdio. A gente se olhou e começou a tocar. A beleza deste encontro é porque o hip hop e o rap vêm do improviso, assim como o jazz. A grande contribuição do jazz pro mundo foi justamente a questão da atitude. De você criar na hora em que você está produzindo sua obra de arte. E o rap e o hip hop surgem dos combates, das criações espontâneas. No fim, tudo rima e se combina”, completou.
LK é integrante do trio 3030, que também lança nesta sexta-feira o álbum “Tropicalia”. Apesar do novo trabalho ser um caldeirão de influências musicais, ele garante que é a primeira vez que se aventura no universo do jazz. “Essa experiência com o Leo foi a primeira. Gosto pra caramba de Nina Simone, Aretha Franklin, mas até então minha experiência era mais baseada na procura por samples. Eu tava conversando com a Gabz e observando cada artista que se apresentou no filme. A cena rap está muito plural hoje em dia. Cada um tem uma linguagem, uma vivência, um olhar diferente de onde veio. Essa mistura que o Leo promoveu foi muito foda.”
Já Gabz é a mais nova da turma, mas imprimiu seu estilo com personalidade em sua gravação. “Essa troca foi mágica. Quando a gente pensa em jazz, a gente pensa numa raiz de outra temporalidade que é muito parecida com o hip hop. Aprendi muita coisa sobre música, sobre a vivência com banda, de um modo geral. Fiquei de cara com o resultado de ‘O Baile é Funk’ neste projeto. Normalmente tem nas minhas playlist uma galera que usou o jazz pra fazer um sons mais contemporâneos como o Kendrick Lamar, Anderson .Paak, uma rapper chamada No Name… E daqui pra frente não quero que o Leo saia da minha vida. Nunca mais”, comenta.
O primeiro episódio da série é com o Haikaiss e os quatro vídeos já estão disponíveis no YouTube e nas plataformas digitais. Confira a releitura do hit “Pouca Pausa”:
Confira abaixo algumas fotos de Diego Padilha durante a première:
