Hoje (04/12) uma das bandas mais importantes do cenário pop/rock nacional faz aniversário. Quem cresceu nos anos 2000, provavelmente, se apaixonou ou conhece alguém que caiu nas garras do emocore nacional que, naqueles tempos, vivia o seu auge. A Fresno foi a banda número um nas rádios brasileiras, dominou a programação da MTV e conquistou uma legião de fãs no país inteiro, sendo a liderança perfeita para o movimento emo.
Muitas outras bandas e artistas seguiram o estilo, mas, ao contrário do grupo liderado por Lucas Silveira, não tiveram a mesma sorte. Talvez porque, quando o sucesso chegou, a Fresno já estivesse preparada para ele. São 21 anos de existência, com algumas mudanças na formação, altos e baixos e o mais importante: resiliência e reinvenção típicas de quem gosta do que faz e não pode parar. Para comemorar o #FresnoDay, como os fãs apelidaram o dia 4 de dezembro, o POPline entrevistou Lucas Silveira que garantiu não ser um saudosista.
“A gente sempre vai ter saudade, né? Mas eu ainda tenho muitas coisas para as quais olhar e eu não perco muito tempo com saudade.”
O entusiasmo de Lucas com o futuro também se reflete na base de fãs do grupo, que costuma acompanhá-los com a mesma sintonia de anos atrás. “Sinto que são pessoas que, de fato, tem uma identificação bem profunda com a nossa música (…) Então, rola uma coisa muito profunda e bonita. Eu procuro muito saber quem são aquelas pessoas e, várias vezes, aquelas pessoas, tem muito a acrescentar de volta pras nossas vidas.”, explicou o vocalista sobre o amadurecimento do publico da Fresno.
“As vezes, a gente tá se sentindo mal por n’ motivos, até questionando as coisas que a gente faz e só de ouvir a relação de um fã com a música, de ter essa proximidade, acaba até dando um boost na nossa moral, fazendo a gente se sentir nos trilhos de novo.”
Lembranças
Pela fala de Lucas em entrevista ao POPline, percebe-se um tom de maturidade até raro entre artistas do mainstream. Quando perguntado sobre o segredo para manter uma banda por tanto tempo, o artista foi taxativo: “O mesmo de qualquer relacionamento amoroso”.
Silveira acredita que a amizade e a admiração mútua fizeram da Fresno a banda consolidada que é hoje. Essas características, segundo ele, resultariam em confiança, respeito e no fato de que eles se conhecem muito bem e não atropelam os interesses uns dos outros. A respeito das trocas na formação do grupo ele disse que foram, de certa forma, naturais:
“Sempre foi por causa de integrantes ali que, numa boa, entraram em outras ondas e a banda ficou de fato como um obstáculo na busca pessoal daquela pessoa e o cara vai embora.”
A formação atual da banda conta também com Mario Camelo (teclados), Thiago Guerra (bateria) e Gustavo Mantovani (guitarra).
Pedimos ao vocalista para que selecionasse um momento marcante com a banda, mas foi impossível. Diante de tantos lançamentos importantes e 21 anos de história, pontuar apenas uma conquista é uma tarefa difícil para o vocalista e produtor, mas o primeiro episódio citado foi o icônico “Estúdio Coca-Cola Fresno/Chitãozinho & Chororó”.
“Foi a parada mais surreal que aconteceu, porque isso foi em 2008 e, se tu for parar para pensar, em 2006, a gente estava lançando um álbum chamado “Ciano”, que era um projeto de emocore, brasileiro e underground. E, um ano e pouco depois, estávamos recebendo um convite pra tocar com o C&X, e o melhor de tudo: os caras gostando das nossas músicas e sendo o sucesso de público que foi aquilo, que acabou fazendo a gente tocar no VMB daquele mesmo ano e deu uma alavancada na nossa carreira dentro do mainstream”, relembrou, também citando as músicas que a banda gravou com Emicida e Caetano Veloso.
Uma música da carreira
Pedimos a Lucas para que escolhesse uma música da banda e não foi difícil. Ele acredita que “Eu Sou a Maré Viva” represente bem a sua jornada enquanto um Fresno e também a mentalidade da banda. O cantor revelou que se emocionou recentemente ao cantá-la na live QuarentEMO.
Futuro
Diante das incertezas do mercado e da profissão de música, a banda tem se divertido com lives na plataforma “Twitch”, onde mantém uma relação próxima com os fãs, entrevistam outros músicas e brincam músicos. O material novo vem, mas o cantor ainda lamenta o cancelamento de festivais que receberiam a banda neste ano e da turnê europeia que pretendiam fazer.