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​ Resenha: Justin Timberlake defende título de príncipe do pop no Rock in Rio


​Como todo artista, Justin Timberlake trabalha para se manter relevante. O show dele no Rock in Rio, na madrugada de domingo para segunda (18/9), encerrando o primeiro fim de semana do festival, foi um trunfo para segurar sua coroa de príncipe do pop. Ciente de que a concorrência é alta (o pop internacional vem dominado por homens – Bieber, Sheeran, Mars…), Justin Timberlake trabalha em um álbum novo, envolto de mistério, e optou por enfileirar músicas já conhecidas em sua apresentação na Cidade do Rock. Sem novidades. A setlist, que era um mistério especulado, porque ele não fazia shows há mais de um ano, deu certo. “Can’t Stop the Feeling!” E “Mirrors”, duas do repertório mais recente, acordaram a plateia e foram cantadas com empolgação. Vendedores de cerveja pararam de trabalhar para dançar a música-tema do “Trolls”. É sério.

No intento de manter seu lugar na realeza, mesmo em hiato, Justin também se humanizou e finalmente demonstrou entender que a multidão é de indivíduos e não uma massa amórfica. Em 2013, quando fez show no Rock in Rio, ele não interagiu e pareceu mecânico – eficiente, mas burocrático. Desta vez, ele chegou olhando nos olhos das pessoas próximas ao palco e se emocionou com o carinho e o sucesso de suas canções. Autografou uma bandeira para um fã e se enrolou em outra no fim do show. Também desceu do palco para tirar foto com alguém que havia levado um cartaz dizendo que era seu aniversário. “É seu aniversário mesmo? Você não está mentindo pra mim? Porque, se estiver, o país inteiro vai saber”, brincou.

Justin estava solar – e foi um processo para chegar ali. A iluminação da apresentação marcou isso: começou sombria, sem holofotes no artista, lembrando até a turnê de Ariana Grande, porém mais tarde a luz tomava toda a Cidade do Rock – evidenciando as mãos dos espectadores para cima. Suas músicas eram recebidas com gritinhos de reconhecimento pelo público, ainda que só os fãs mais próximos do palco cantassem todas. A Cidade do Rock estava cheia de posers, verdade seja dita. Mas, no geral, a única faixa que não funcionou e dispersou foi “Drink You Away”.

O cantor ainda atendeu um pedido e, fora do script, cantou “TKO” a cappella. A música faz parte do ” The 20/20 Experience 2 of 2″, último álbum dele. Foi legal ver Justin improvisando. Com sua roupinha esporte social, seu chapeuzinho à la Woody Allen, alguma ginga apropriada do R&B e hip-hop, o cantor cumpre com dignidade o que se propõe. Suceder Alicia Keys – com um show formidável – no Palco Mundo não era exatamente a posição mais favorável para ninguém. Justin tocou piano, dançou (bem menos que antigamente), demonstrou sintonia com as essenciais backing vocals e a banda e ainda soltou palavrinhas em português. Em “What Goes Around”, em especial, ele deixou clara sua fascinação com o coral de milhares de fãs. Foi, sim, um bom show – muito melhor que o de 2013. Aguardemos para ver o que ele trará em seu próximo álbum. Muita gente quer essa coroa de príncipe – e gente de alto nível.

SETLIST
Only When I Walk Away
Suit & Tie
Don’t Hold the Wall (vocal intro)
FutureSex/LoveSounds
Like I Love You / My Love
Summer Love
Señorita
Let the Groove Get In
Drink You Away
Love Stoned
Until the End of Time
Holy Grail / Cry Me a River
What Goes Around… Comes Around
Rock Your Body
Can’t Stop the Feeling! / Lovely Day
SexyBack
Mirrors