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Tinashe denuncia misoginia e machismo nos bastidores da gravadora


A cantora Tinashe abriu seu coração em entrevista ao podcast “Woman of the Hour”, da atriz Lena Dunham. Ela contou sobre as dificuldades de ser mulher na indústria fonográfica, dominada por homens nos cargos decisivos, e lembrou de uma história do início de sua carreira, quando viveu uma situação de misoginia e machismo durante uma sessão de composição em um estúdio em Toronto, com produtores e compositores que ela costumava admirar.

Confira o relato da cantora na íntegra:

“Quando o tema da música começou a ir em uma direção que não me agradava muito, eu disse ‘hey, talvez possamos tentar algo de uma perspectiva diferente’. Nunca fui de não me expressar. Mas meu comentário foi ignorado. Todos acharam o tema ‘genial’. Eu quis ser respeitosa e então pensei ‘ok, vamos trabalhar nessa ideia por enquanto e depois podemos criar algo que seja mais meu estilo’. O A&R da minha gravadora estava lá e, como eu era uma novata, sem nenhum hit, senti uma grande pressão para deixar os outro falarem por mim. A noite se arrastou, com a música cada vez mais distante de algo que eu cantaria. Eu me lembro de puxar o representante da gravadora pro cantinho e tentar descrever como eu me sentia. Eu não queria gravar aquela música. Não era minha intenção ser uma pessoa difícil, nem desperdiçar o tempo de ninguém, mas eu não podia, como artista, cantar aquela letra. Foi aí que ele virou para mim e disse: ‘bem, podemos ir para casa’. Comecei a chorar, me senti completamente derrotada. Eu sabia que, naquela hora, ele me via como uma ingrata ou inflexível, mesmo quando ir para casa era o oposto do que eu queria. Eu também não pude deixar de pensar que isso nunca aconteceria se um dos meus colegas homens tivessem expressado como se sentiam. Por que eu, como uma jovem mulher, estava sendo tratada mais como se tivesse ganhado um premio para estar lá, como um concurso de beleza ou popularidade, e não com o respeito como um artista? Enxuguei minhas lágrimas e, contra minha vontade, gravei a música que odiei. Fim. Aquela sessão de gravação me ensinou muito. Dali em diante, tentei nunca mais me colocar nessa posição de novo, mas a situação se repetiu em diversas ocasiões. Eu aprendi que, se não posso confiar em mim mesma e nas minhas opiniões, eu perco todo meu valor como artista. Eu perco o que faz a música ser tão mágica para mim: a habilidade de expressar meus sentimentos. Isso é algo ao qual sempre vou me prender e, como mulher, agora sei que tenho que trabalhar dez vezes mais para ganhar meu respeito. Mas isso não me desencoraja, porque sei que vou conseguir e sei que mereço”.

Sem conseguir lançar seu segundo álbum desde 2015, Tinashe já disse também que foi obrigada a gravar “Player” com participação de Chris Brown. Não foi uma escolha dela. A cantora já teria reclamado também, em off, que a RCA Records deixou seu disco de lado quando assinou com Zayn, concentrando os investimentos no lançamento da carreira solo dele.