in

Taylor Swift é enaltecida por supremacistas brancos e mídia cobra postura da cantora


Taylor Swift só queria lançar uma musiquinha, “Look What You Made Me Do”, e talvez quebrar alguns recordes, claro. Mas seu retorno está envolvido em uma polêmica – desta vez sem qualquer responsabilidade dela. A questão é que, em época de Estados Unidos governado por Donald Trump, supremacistas brancos ganham força no país, e a cantora tem sido eleita uma espécie de símbolo neonazista, o que é muito grave. Nesta semana, a revista Elle britânica publicou uma reportagem cobrando uma postura da cantora: “Taylor Swift deveria falar contra sua crescente base de fãs supremacistas brancos?”.

De acordo com o site Dazed, o novo single da cantora passou a ser usado por supremacistas em material de divulgação pró-Trump e contra opositores, inicialmente. “No ano passado, Broadly investigou como a cantora tem se tornado um pôster não-oficial para os nacionalistas brancos, que acreditam que ela é uma apoiadora secreta de Trump, usando suas músicas para inflamar uma guerra racial e fazer a América acreditar em uma agenda conservadora”, diz o texto, “na falta de estrelas pop jovens, legais e abertamente de direita, os direitistas reivindicaram Taylor Swift para si. Como ela começou como cantora country, sua base de fãs supremacista branca acredita que ela é secretamente uma republicana e que sua postura apolítica é apenas uma fachada. Seu cabelo loiro clássico e seus olhos azuis a tornam a garota perfeita para o pôster”. Essas alegações da Broadly foram contra-atacadas pelos advogados da cantora, que acusaram a página de difamação. Mas quem acredita na história continua firme: existem páginas no Facebook voltadas para espalhar mensagens racistas acopladas a fotos da cantora. Muitas vezes, colocam frases discriminatórias entre aspas, como se fossem falas ou versos de músicas da cantora. Não são.

Insanidade não tem limites. Segundo a revista Elle, enquanto muita gente investiga se “Look What You Made Me Do” alfineta Katy Perry, Kim Kardashian, Tom Hiddleston e Calvin Harris, neonazistas acreditam que a música é toda sobre eles – e para eles. “De acordo com algumas facções radicais de direita, Taylor Swift é uma deusa ariana enviando mensagens codificadas de supremacismo branco através de sua música”. A cena de Taylor com seus dançarinos no clipe, por exemplo, é entendida como “okay ladies now let’s gentrification” – em referência ao “formation” de Beyoncé (que tratava do empoderamento negro). “Gentrificação” parte de um projeto urbanístico que expulsa pessoas de baixa renda em prol de melhores residências para a elite.

No fim de sua reportagem, a revista Elle pondera: “considerando que Taylor Swift deve estar atenta a essas afirmações bizarras, poderia ser o momento de ela finalmente falar politicamente? (…) Sabemos que deixar esses comentários perigosos e essas crenças sem repressão apenas encorajam a extrema direita (veja Charlottesville), então espera-se que ela faça sua parte para desconstruir essas afirmações fantásticas”.