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Resenha: DJ Filipe Guerra comenta faixa-a-faixa do álbum novo do David Guetta, “Listen”


david guetta listen

Um dos maiores nomes da música eletrônica, David Guetta lança no próximo dia 24 de novembro o novo álbum: “Listen”. Depois de três anos de espera, o DJ e produtor prometeu sair da sua zona de conforto musical nesse novo trabalho. A convite do POPLine, fui ouvir em primeira mão o álbum inteirinho, e trago para vocês o que eu senti desse lançamento.

1) Dangerous (feat. Sam Martin)
O primeiro single de trabalho do novo álbum já está tocando nas rádios e teve seu clipe lançado recentemente. Muitos acreditavam (assim como eu), que essa música marcaria a direção do novo material do DJ francês, algo totalmente diferente do que estávamos acostumados a ouvir. De qualidade espetacular, de acordo com o próprio Guetta, a faixa é mais uma divisora de águas na sua carreira. Diferente das milhares de músicas do chamado “EDM”, lançado em fórmula exaustiva e saturada atualmente no mercado, a figura icônica do Guetta imprime a inovação necessária para a sobrevivência da música eletrônica como braço direito da atual música pop.

2) What I Did for Love (Feat. Emeli Sandé)
A minha faixa favorita do álbum nos remete à boa e imortal House Music. Com um piano clássico arrebatador e o vocal da britânica Emeli Sandé, a faixa é de longe uma das mais marcantes do disco. O que era de se esperar aconteceu. Em algum lugar nos últimos anos, alguém definiu música eletrônica como EDM, que na verdade é uma produção mais suja, mais voltada para os grandes festivais. O que começou apenas como um termo genérico para uma nova forma da música eletrônica, foi ao mesmo tempo um tiro no próprio pé. A pista de dança ficou saturada de produções iguais e sem sentido. Voltando as suas raízes, “What I Did for Love” traz a essência da house music, e aquilo que ele tocava no começo de sua carreira. Para quem não sabe, ele começou tocando em noites gays, em que predomina a house music. Ideal para ouvir na pista as 7h da manhã quando o sol começa a dar as caras.

3) No Money No Love (Feat. Elliphant & Ms. Dynamite)
Um bom electrohouse com pitadas de reggae, apresenta nos vocais a rapper sueca Elliphant e a rapper londrina Ms. Dynamite. A pista irá ao delírio com essa música, uma das mais animadas do álbum. Guetta com cara de Guetta. Lembram do sucesso “Who’s That Chick” em parceria com a Rihanna? É exatamente a mesma sensação. Feita para dançar.

4) Lovers on The Sun (feat. Sam Martin)
A primeira música do álbum lançada como single no final de junho desse ano foi uma tentativa de continuar o sucesso exitoso do Avicii com sua Country EDM. Co-produzida pelo Avicii e os co-produtores da maioria das faixas do Guetta: Giorgio Tuinfort Frederic Riesterer, e os italianos do Daddy’s Groove. Não fez tanto barulho como se esperava no último verão europeu e americano.

5) Goodbye Friend (feat. The Script)
Na minha opinião, a música menos inovadora do álbum. Misturando a receita de seus megasucessos, a faixa começa com uma intro de arpegiator igualzinha a “Titanium” (feat. Sia), e os mesmos riffs de guitarra que hoje não fazem surtir efeito, de “Without You” (feat. Usher). No ápice da canção, ouvimos a mesma sonoridade dos synths que o Avicii usava em suas músicas em 2010. Parece uma sobra de estúdio do álbum anterior.

6) Lift Me Up (feat. Nico & Vinz, LadySmith Black Mambazo)
A faixa tem o mesmo espírito do hit “Am I Wrong” do Nico & Vinz. Produzida para tocar em grandes festivais, os synths apoteóticos levarão o público ao delírio. Ao mesmo tempo radiofônica e pop, o uso de guitarras e pianos, explicam o motivo do DJ e produtor David Guetta ter se tornado um popstar, com uma música que agrada do 0 aos 90 anos.

7) Listen (feat. John Legend)
Quem diria que uma parceria como essa seria possível. John Legend e Guetta é praticamente uma receita de bolo que não tem como dar errado. A música que dá nome ao álbum é bem sentimental, e imprime uma fase mais intimista do DJ, recém separado da sua esposa e parceira comercial Cathy Guetta. Uma produção arrepiante, com um belíssimo arranjo de cordas e piano. Além de claro do magnífico vocal do John Legend. Para ouvir no repeat.

8) Bang my Head (feat. Sia)
A parceria consagrada com a multi talento Sia está de volta, e muito bem representada. Com uma melodia marcante, e um “oh oh oh” chiclete, a faixa remete bastante ao clima emotivo de “She Wolf (Falling to Pieces)”, também lançada com a cantora. Sucesso garantido, fórmula exata: afinal time que se ganha não se mexe né? Para cantar com as mãos para cima.

9) Yesterday (feat. Bebe Rexha)
Sabe quem é a dona do vocal? Apenas a dona do sucesso “Monster”, da Rihanna e Eminem. A vocalista e compositora americana participa nessa faixa, que é mais uma na leva do country EDM, com os mesmos violões acústicos e synths da “Lovers on the Sun”. O que me chamou a atenção foi o belíssimo arranjo de cordas no final da música. Aliás, instrumentos acústicos é o que não faltam nesse novo álbum.

10) Hey Mama (feat. Nicki Minaj & Afrojack)
Com certeza foi pensada para conquistar o mercado americano. O Guetta que não é bobo nem nada, trouxe o Trap, um dos estilos mais atuais da música pop nessa faixa. Com co-produção do Afrojack, essa é daquelas faixas bem farofa que vão tocar e muito no rádio, com toda possibilidade de ser single e conseguir boas colocações nos charts. O vocal da Nicki Minaj completa o sabor de sucesso imediato.

11) Sun Goes Down (feat. Magic! & Sonny Wilson)
Quando começou a tocar essa música, eu quase sai da cadeira para dançar. Imagina juntar “Where Have You Been” da Rihanna com o eurodance dos anos 2000 do The Underdog Project em “Summer Jam”. Percussões latinas e até timbais de escola de samba fazem a faixa mais alegre e dançante do álbum, sem falar na criativíssima junção do Reggae do Magic! e Sonny Wilson. E você pode dizer, “ei mais eu já ouvi isso em algum lugar!”. Essa sempre foi a característica do Guetta, pegar tudo que é sucesso nas pistas e dar uma pitada pop. Eu tô falando dos mesmos synths do megahit das pistas “Showtek – Booyah”.

12) S.T.O.P (Feat. Ryan Tedder)
O hitmaker e vocalista do OneRepublic é o convidado para a música que, no meu ouvido, tem a produção muito próxima a “Don’t Worry Child” do Swedish House Mafia. Mais uma vez, os pianos e violões fazem da música uma bela obra, mas que acaba pecando na fórmula do que já ouvimos em verões passados.

13) I’ll Keep Loving You (Feat. Jaymes Young & Birdy)
Envolvente e com uma letra bem emotiva, a faixa poderia estar em qualquer CD de banda pop ou pop rock. Um dos pontos altos do álbum, faz do produtor como um nome realmente além das pistas e deus seus hits dançantes.

14) The Whisperer (Feat. Sia)
Uma baladinha em um álbum de um DJ? Poderia ter sido faixa do álbum da Sia, mas está ai, fechando o álbum do Guetta. Reflexo do momento conturbado da sua vida pessoal. Provavelmente, ele fez isso, porque nem sempre música é só para fazer as pessoas dançarem.