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Programa de TV repercute controversa relação com meio LGBTQ de Nego do Borel no clipe de “Me Solta”


O lançamento do clipe de “Me Solta”, de Nego do Borel, deu o que falar. No clipe que ele aparece vestido de mulher e beija outro homem na boca, os questionamentos foram os mais diversos. Repercutindo questões como representatividade do público LGBTQ, o programa “Papo de Segunda”, do GNT, abriu uma discussão onde cada integrante deu sua opinião.

“Isso amplia e potencializa a voz de uma minoria ou esvazia uma causa legítima, ao torná-la lugar comum? Quando a militância vira oportunismo? Ou para a militância até a oportunidade do oportunista é bem-vinda?” Essas foram as questões discutidas no programa.

Veja os destaques da opinião de cada integrante do debate:

João Vicente: “Eu não entendi o objetivo, sinceramente. Quando ele diz que está querendo mostrar a diversidade, eu acho que não. Pra mim ele está tentando reforçar um estereótipo… Se ele disser: ‘fiz um clipe porque achei um bonito um beijo entre dois homens, achei que meu roteiro era esse mesmo’, tudo bem, acho que tá tudo certo. Mas se o objetivo foi discutir e apoiar, acho que não. Pra mim ele não abriu debate nenhum. Ele pra mim quis realmente trazer uma simpatia a ele, artista, de um nicho pessoal. Ele atirou para um lado e errou muito. Se quiser fazer pela arte, tudo bem, mas isso não é uma peça contra o preconceito. É mais homofóbico do que anti-homofobia. É uma caricatura e não serve como protesto”.

Emicida: “Não é uma coisa tão simples colocar isso como uma porta para a diversidade, acho delicado. Eu já trombei com ele e parece um cara que é a média das quebradas, mas tem umas posições meio controversas. Aí quando coloca alguma coisa assim, fortalece muito mais as pessoas contra os homossexuais do que aquelas que olham e veem que, sim, dois caras têm o direito de beijar. Principalmente no contexto de 2018”.

Chico Bosco: Eu concordo que tem um estereótipo de ‘bicha pão com ovo’, como se a homossexualidade fosse sempre cair nesse limite do gênero. […] É difícil avaliar como as pessoas recebem isso, nunca é da mesma maneira. Acho natural que as pessoas que têm uma militância e uma consciência política maior tendem a rejeitar aquilo, elas tendem a ver os estereótipos. Fico me perguntando se, fora da bolha, isso não a ajudar a naturalizar o beijo gay”.

Fabio Porchat: “Eu fui a uma festa de 15 anos e estava tocando e todo mundo dançando músicas de Ludmilla e Anitta. Aí passou o clipe e essa música, todos dançando normalmente. Quando passou o beijo, tinham várias TVs, todo mundo reagiu, todo mundo ficou meio incomodado. Naquele momento, eu que penso como vocês, falei: ‘o que fica desse clipe são dois caras se beijando’. O que é normal, é ok, mas o pessoal lá se incomodou. Então eu acho que surtiu o efeito que o Nego do Borel queriam, ninguém ali riu dos gays, só chamou atenção das pessoas”.

Veja a discussão na íntegra: