in

Mallu Magalhães fala sobre amadurecimento no álbum “Vem” e diz que quer fazer EDM


Mallu Magalhães cresceu. Prova disso é a maturidade compartilhada no seu novo álbum “Vem”, lançado no começo de junho. O novo trabalho já rendeu os singles “Casa Pronta” e “Você Não Presta” e é uma celebração do seu dom natural para combinar música e letra como compositora.

A cantora começou aos 15 anos juntando seu próprio dinheiro para gravar suas músicas, ganhando destaque inicial por meio da internet. Desde então, ela já lançou quatro discos autorais, outro como parte da Banda do Mar (com Marcelo Camelo e Fred Ferreira), casou e teve a Luísa, sua primeira filha. Definitivamente, temos uma versão mais experiente daquela “menina” que muitos lembram, esta que tem muito a dizer.

Com seu jeito doce e ao mesmo tempo autêntico, Mallu Magalhães conversou com o Portal POPline sobre sua nova fase de vida e carreira. Confira:

POPline: Você começou com 15 anos de idade, como uma menina tímida e prodígio. Após experiência na carreira musical, casar e ter filho, vemos uma Mallu mais madura. Você consegue separar a Mallu de antes como a “nova” Mallu?
Sim, acho que tem algumas mudanças. Tem uma coisa da maternidade que é uma injeção de coragem, a gente fica mais corajosa! Ao mesmo tem toda uma readaptação da vida, uma questão prática, mesmo, de como administrar a vida e a carreira com uma criança. É um aprendizado. Também tem novas experiências musicais que também foram muito relevantes e tiveram um grande papel no meu amadurecimento. Este ano faz 10 anos desde que eu coloquei minha primeira música na internet e foram anos intensos. Acho que é um amadurecimento natural.

POPline: Nos seus álbuns anteriores, você optou por desenhos ou pinturas delicadas nas capas. No “Vem”, pela primeira vez, você aparece em uma foto mais “produzida”. O que mudou, foi uma vontade sua?
Os conceitos e diretrizes partem sempre de mim. Minha intenção é fazer um álbum muito mais direto ao ponto e maduro, sem muito detalhe em volta. A capa e o encarte também funcionam como mensagem, assim como nas músicas, é a mesma mensagem contida: esse conceito mais certeiro e firme. Não existe tanto devaneio e contemplação. É um disco mais assertivo.

POPline: Escutando o “Vem”, percebo um sentimento “good vibes”, bem solar e agradável. Foi algo pensado para ser assim ou é algo que acontece?
Não foi pensado para que fosse solar, mas muitas pessoas têm essa interpretação e eu nunca tive. Minha intenção na verdade seria fazer um disco mais pé no chão e realista e, às vezes, a realidade não é tão doce e solar assim.

POPline: Você gravou o álbum entre São Paulo, Rio e Lisboa. Como essa mudança entre cidades influenciou no estilo das músicas?
Influencia em vários aspectos. Cada cidade tem sua energia, vibração e personagens. Acho que o Rio tem essa coisa solar e alegre, que acho que fica no disco. São Paulo tem a pulsação e a força. Lisboa tem a calma, o que é muito importante, assim a gente fica com mais firmeza e confiança pra fazer um trabalho autoral.

POPline: Como definiria o estilo musical do “Vem”?
A minha intenção era fazer um disco comunicativo e pop. Diria que é pop, porque ele é feito especialmente para as pessoas.

POPline: Você busca alguma inspiração do mundo pop?
Eu gosto de várias divas pop! Por exemplo, gosto muito da Beyoncé e da Madonna, que é minha maior diva. Elas me inspiram principalmente no fundamento e atitude (principalmente a Madonna), que é uma artista muito autêntica e comunicativa ao mesmo tempo. É uma combinação muito difícil de alcançar, é muito admirável.

POPline: Você tem planos de gravar algum estilo musical diferente no futuro?
Isso é comigo mesmo! Adoraria gravar música eletrônica, eu adoro! Em Lisboa eu tenho tido cada vez mais contato com o estilo e fico com vontade de experimentar.

POPline: Isso é uma coisa que eu não esperava!
Sim, acho que é mais por influência do Orelha Negra, do Fred Ferreira, (banda de música eletrônica de Portugal), que eu escuto e gosto bastante. Tem também os rappers, fico curiosa com a base e como eles usam as batidas, acho lindo e fico sempre interessada.

POPline: “Culpa do Amor” foi uma canção inicialmente enviada à Gal Gosta. Você escreveu a música inspirada nela?
Eu já estava com essa música em processo de composição quando a Gal fez a encomenda. Eu enviei algumas opções e finalizei as músicas para ela. É sempre assim… Tenho um comecinho de música e depois finalizo paras as pessoas. Geralmente tenho um pouco da melodia e modifico para o estilo da pessoa.

POPline: Você coloca assuntos extremamente pessoais no álbum. “Casa Pronta” foi feita para aguardar a chegada da sua filha, Luísa, enquanto “Gigi” é dedicada à sua mãe. Como é ser tão transparente no seu trabalho? Sempre foi assim ou é uma coisa nova?
Sempre foi assim. Minhas primeiras músicas também eram super autobiográficas e transparentes. A sinceridade é a grande bandeira do meu trabalho. Esse caráter humano é o fio condutor do meu trabalho como um todo, não só nas composições, mas também como um personagem de figura pública. Todas as minhas manifestações artísticas têm sempre uma vertente humana e sincera.

POPline: Mas ouvi que você não gosta muito de falar de vida pessoal nas entrevistas…
Sim, eu sempre tento proteger minha família por uma questão prática. A indústria da comunicação trabalha com consumo, as pessoas consomem informação. Então eu procuro poupar a minha família pra poder justamente livrá-los desse risco de serem “consumidos”. Mas sobre os meus sentimentos, não, eles estão sempre nas canções e não há receios.

POPline: A música é uma válvula de escape.
Sim, funciona como uma terapia e desenvolvimento pessoal.

POPline: “Love You” é a única canção em inglês do álbum, reconectando sua raiz folk. Tem alguma preferência em compor em inglês ou português?
Funciona mais por ondas e tendências por minha parte. Tem épocas que escrevo mais em português e outras em inglês… Essa é uma música muito fofinha que acabou surgindo um pouco antes da gente gravar o disco e achamos que valia gravar. Mas não tem nenhum motivo prático ou específico.

POPline: Recentemente o clipe de “Você Não Presta” foi envolvido em polêmicas, acusado de ser racista. Pelas redes sociais, você precisou esclarecer as coisas, mostrando seu real ponto de vista. Como recebeu essas críticas?
Eu fiquei muito surpresa, porque isso é o extremo oposto das minhas intenções. Mas eu acho que todo mundo sabe quem eu sou e ficou muito claro, até para quem criticava, o que eu realmente queria como fundamento. No entanto, acho que essa é uma discussão sensível e importante e mereceu minha atenção. Eu fiquei muito triste por isso ter visto desta maneira, fiz questão de acompanhar todas as discussões e de me pôr à disposição do público, tanto para esclarecer, quanto para aprender. Acho que todos nós aprendemos muito com essa situação e ficamos mais sensíveis, informados e cidadãos.

POPline: Você acha que esse gatilho da discussão sobre o racismo pode te fazer incluir temas de inclusão e aceitação em sua carreira?
Não sei… Acho que a inclusão e aceitação estão incluídas no meu trabalho desde o início. Eu sempre representei uma minoria pelos temas que eu dizia e por quem eu era e sou.

POPline: Verdade, você nunca foi uma menina padrão.
Nunca fui… Sempre mantive minha autonomia e atraí um público de pessoas que faziam o mesmo com suas vidas e escolhas. Pessoas autônomas, diferentes. Por isso acho que meu trabalho sempre foi construtivo, de aceitação e convite. Acho que esses temas estão sempre contidos porque o meu trabalho é muito sensível e humano, então tem sempre uma mensagem construtiva por trás.

POPline: Acaba que a partir de uma polêmica, foi criado um espaço para debate e isso é válido.
Sim, acho que é preciso respeitar as pessoas que tiveram essa interpretação. É preciso ouvir e saber o que elas têm pra dizer. E pronto, eu lamentei muito e continuei lamentando, mas acho que todos sabem que eu sou e entenderam. Todos viram que eu estive atenta à situação e me coloquei à disposição, em nenhum momento ignorei.

POPline: Como é tocar as músicas novas ao vivo na turnê “Vem”?
Tem sido interessante, porque é um show muito energético. É como se fosse o melhor de cada disco, o melhor da Banda do Mar (trio com Marcelo Camelo e Fred Ferreira), então as pessoas vão, dançam e cantam. Tem sido Fantástico.

POPline: Tem alguma outra música do álbum que podemos esperar clipe?
Tem! Vai ser “Será Que Um Dia”. Com mais algumas semanas de trabalho ele já sai, vai ser bem em breve!