Ela é jovem no mercado da música, mas já tem ciência do poder de suas palavras e influência. Após a morte de um jovem negro em uma rede de supermercados no Rio de Janeiro, Malía usou seu Instagram para falar sobre o caso. O foco principal da artista seguida por quase 66 mil pessoas, é chamar todos para uma manifestação transparente e indignação com o ocorrido.
“Não ADIANTA NADA falar que as coisas estão erradas apenas dentro da sua zona de conforto enquanto pessoas estão morrendo todos os dias e servindo de entretenimento para a sua cota de drama diário”, escreveu no Instagram. “Eu gostaria que vocês ACORDASSEM e entendessem que há um mundo para além das suas bolhas e eu to aqui pra ver o dia que vocês vão usar a força que tem pra tentar enxergar a merda que vocês assinam embaixo tanto quanto a usam pra dizerem e tentar convencer os outros do quanto não são racistas! “NÃO BASTA NÃO SER RACISTA, TEM QUE SER ANTI-RACISTA” #VidasNegrasImportam”.
A publicação teve “curtir” de outras celebridades como Aline Wirley, do Rouge, e do ator Jonathan Azevedo.
O debate e clamor de Malía também aconteceu no Instagram Stories. “Infelizmente quando se é preto no Brasil, a sua vida é pautada por diversas tragédias (…) Todos os dias pessoas pretas morrem e estou pra ver o dia que pessoas que se dizem à favor da vida e contra o racismo vão se posicionar e colocar a cara para poder começarmos a falar e a discutir sobre esse assunto de vez. Porque falar que é contra o racismo, que é a favor da vida dentro de sua própria bolha, onde você está bem confortável é muito fácil”, disse em vídeo.
“Todos os dias eu me deparo com pessoas defendendo as suas questões e convertendo fiéis para defender o seu rebanho. Todos os dias eu vejo também pessoas que tem as suas próprias questões sendo convertidas e ajudando as outras pessoas a defenderem as questões do rebanho delas. A gente fala sobre como a gente deve cuidar da natureza, sobre a questão do feminismo, sobre a questão da homofobia, dos animais, mas eu tô para ver o dia que a gente vai começar a falar de fato e ter fiéis junto conosco para falar sobre a questão do negro no Brasil. Não é que essa questão seja mais importante que todas as outras, mas é que comparada com as outras questões… essa questão é a que tem menos legitimidade e a que mais sofre boicote”, desabafou.
“Não se trata de pobre-rico, policial-traficante. Não! Se vocês acham que vocês estão fu*****, imagina meus irmãos, eu, que de todos os gays que morrem, a maioria é negro; de todas as mulheres que morrem, a maioria é negra; de todos os policiais que morrem, a maioria é negra; de todos os traficantes que morrem, a maioria é negra; de todas as crianças que morrem, a maioria é negra. Quando é que a gente vai falar sobre isso?”. “Amor, quer mesmo a gente vai começar a falar sobre isso? Quer deixar de ser racista? Quer mesmo? Começa a levantar e a fazer outra coisa. Do jeito que você está, parado, você só assina embaixo de toda a m**** que tá acontecendo”.
PEDRO HENRIQUE GONZAGA
O jovem de 25 anos foi enterrado neste sábado (16/2) no Rio. Pedro morreu após ser imobilizado por um segurança do supermercado Extra na última quinta (14). No vídeo divulgado pela TV Globo, Pedro corre em direção ao segurança na porta do estabelecimento e em seguida cai no chão. Um funcionário e o vigilante levantam o rapaz que cai mais uma vez e logo depois ele é imobilizado por Davi Ricardo Moreira. Davi disse a polícia que Pedro ameaçava a matar todos dentro do supermercado e que permaneceu com seu peso em cima da vítima, sem apertar o pescoço do jovem. A mãe de Pedro disse que o filho estava desarmado, sob efeito de drogas e que os dois estavam naquele dia a caminho de um centro de reabilitação.