A prova da força existente nas músicas de James Morrison no seu álbum de estréia, Undiscovered, é que ele rendeu nada menos do que cinco músicas de trabalho: You Give Me Something, Wonderful World, The Pieces Don’t Fit Anymore, Undiscovered e One Last Chance. As música eram simples porém lindamente compostas, cada uma delas servindo de plataforma para a voz rouca e bluesy de James. Não teve enrolação, clichê ou sentimentalismo exagerado, e muitas pessoas gostaram assim.

O álbum Undiscovered alcançou o 1º lugar na Grã-Bretanha, TOP 20 nos Estados Unidos e lhe rendeu o prêmio de Melhor Vocal Masculino no Brit Awards em 2007 (também indicado aos prêmios de Melhor Canção e Melhor Revelação). Vendeu mais de 2 milhões de cópias no mundo e tornou-se, enquanto cantor solo, o maior vendedor de discos em 2006 na Grã-Bretanha. Ele tinha apenas 21 anos, mas já tinha acumulado experiência suficiente de vida para dar à suas músicas emoção verdadeira. Para os padrões de muitas pessoas, James teve uma infância difícil e itinerante, uma família dividida e mudanças infinitas – apesar de ser sempre o primeiro a dar de ombros e dizer que estava tudo bem. Mas, já admitiu que muito de sua emoção ao interpretar suas músicas vêm de sua criação.

Sua reputação como alguém que tem-que-ser-visto subiu às alturas. Após sua apresentação, a qual deixou todos de queixo caído, no programa de TV Later with Jools Holland, ele passou a fazer shows incríveis para platéias apaixonadas, incluindo o festival V, onde se apresentou duas vezes em um mesmo dia – em 2006 foram tantas pessoas que foram assisti-lo numa tenda pequena que ele foi convidado a fazer uma apresentação improvisada no palco principal. No ano passado ele fez um show completo no palco principal. Depois veio o Royal Variety Performance, o Concerto para Diana e 3 turnês esgotadas no Reino Unido. Também participou do concerto Peace One Day no Royal Albert Hall – e foi onde teve um daqueles momentos em que percebeu que sua vida havia mudado para sempre. “Pouco antes de subir ao palco, estava assistindo ao Yusuf Islam e pensei, cantarei logo depois do Cat Stevens! Lembro-me de quando escutava seus álbuns em casa junto com meu pai, nos melhores e piores momentos…” Logo em seguida, James participou do novo álbum do Yusuf Islam.

Sua turnê passou pela Europa, Austrália e Japão, e fez três turnês separadas nos Estados Unidos, de costa a costa. Também abriu os shows para John Mayer nos Estados Unidos. Tocou uma versão acústica de You Give me Something no programa nacional de TV, Today, na NBC e também no programa Jimmy Kimmel e se apresentou duas vezes no programa de TV Jay Leno convidado pelo próprio apresentador. James ficou encantado com a recepção do povo no sul dos Estados Unidos, em particular “As pessoas do Alabama – muito simpáticas, vivas e vaidosas. Mesmo quando você toca uma música lenta, um tempinho depois elas já gritam “Yeah!!!”

Foi um momento especial. Mas, algumas vezes, quando não estava no palco, ou com a banda, ele se sentia meio abandonado pelas pessoas que realmente importavam: seus amigos e a família na Cornualha – onde sua mãe finalmente fixou residência com James, seu irmão Laurie e sua irmã Hayley quando ele tinha 11 anos e foi onde ele aprimorou sua fase auto-didata como cantor e guitarrista tocando nas ruas públicas de Newquay. Porém, mais do que tudo, ele sentia muito a falta de sua namorada de longa data, Gill, a qual inspirou You Give me Something e, durante um momento difícil no relacionamento, inspirou The Pieces Don’t Fit.

Quanto mais o James viajava físicamente e sabiamente em sua carreira, mais ele sentia falta daqueles que amava. “Todos de quem eu me sentia próximo, desapareceram”, diz ele, “Você perde um pouco a cabeça, não tem uma rotina. Algumas vezes, na estrada, tudo que eu pensava era na Gill – mas estávamos distantes. E, quando eu voltava para casa parecia que estávamos começando tudo outra vez.

Em agosto de 2007, finalmente ele deu uma pausa. Por duas semanas. E então sentou, para compor e gravar ‘o famoso e tão difícil segundo álbum’. E a primeira vista se comprovou ser uma tarefa difícil. Tentou compor algo mais rock, tons mais pesados – como mostrado na faixa Call The Police no CD Undiscovered, que fala superficialmente sobre violência doméstica. “Eu tentei algo com um pouco mais de guitarra elétrica mas no final soava como algo muito artificial.”

A pressão era grande e estava fazendo com que ele tentasse mais e mais, fazendo-o sentir-se sendo observado de perto. “Quando eu conseguia alguma coisa boa eu parava para pensar e acabava ferrando com tudo.” E ai a ficha caiu: “Siga seu sentimento. Foi assim que trabalhei no primeiro CD, e de alguma maneira acredito que essa foi uma das razões pela qual as pessoas gostaram dele. Não foi tão difícil.

Então, as pessoas que realmente o inspiram, aqueles que foram tema de suas músicas no CD Undiscovered, sua família e seus amigos, seu relacionamento com cada um deles e os novos capítulos de suas vidas, se tornaram o foco central do novo álbum. As músicas começaram a fluir com quem ou o que estivesse em sua mente.

“Batizei o CD com o título de Songs for You, Truths for Me porque assim é que eu sinto que é. São músicas para Gill e todos os outros mas, para mim, são verdades. É como eu sinto. Tem uma música chamada Love is Hard. Aliás, tem três músicas com a palavra Love no título – algo que nunca pensei em fazer, mas assim aconteceu. Love is Hard fala sobre quando você está profundamente amando e se machuca muitas vezes. Brigam, ou nem sempre concordam, devem se distanciar um do outro e ainda assim precisa ser forte. Então o álbum é uma coleção de verdades aprendidas no ano anterior. Simplesmente aconteceu assim: eu sabia que não queria escrever sobre estar na estrada. Só consigo escrever sobre o que eu sinto.”

No final, James reuniu várias pessoas que já trabalharam com ele no CD Undiscovered, juntando-se novamente aos co-autores Martin Brammer, Steve Robson e Eg White. Também incluiu um novo fã, o Rya Tedder da banda One Republic na sua lista. O quarteto de cordas de Nashville aparece novamente. “Sei que trabalhamos bem juntos – levaria muito tempo para trabalhar com alguém novo.”

Há também uma colaboração notável neste CD, uma das poucas coisas que seu álbum de estréia não teve. Um dueto fantástico com a cantora Nelly Furtado na épica canção Broken Strings.

Songs for You, Truths for Me é um álbum clássico do James Morrison que mais uma vez mostra sua crueza e estilo soulful – mas te leva a um nível acima. “É menos brincalhão, mais direto ao ponto.”, diz ele. “Mas, não procurei conscientemente por um som diferente. Comigo, a coisa sempre pega com a letra, a melodia, e o resto surge a partir daí. Mas, definitivamente, eu recorri aos meus sentimentos sobre a vida muito mais neste CD, mais do que compondo sobre personagens no ônibus (Wonderful World), ou o que for. Apenas deixei as coisas fluírem.”

O grande, desavergonhadamente romântico coração, e o espírito generoso de James Morrison brilham como um farol. Songs for You, Truths for Me vê o inocente garoto soul se tornar um homem mais experiente. Com isso ele reluz uma vez mais com uma coleção de novas músicas brilhantes e verdades catárticas.

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