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Entrevista: às vésperas de seu show no Rock In Rio, conversamos com Miguel sobre Emicida, Alicia Keys, Sia e novo disco


Escalado para cantar no Palco Sunset do Rock in Rio, o americano Miguel se uniu ao brasileiro Emicida não apenas para o show como também para uma música. Lançaram juntos “Oásis”, antes mesmo de Miguel pisar no país. A colaboração imortaliza essa união e abre as portas do Brasil para esse artista que, nos Estados Unidos, já vendeu mais de 500 mil cópias de um único álbum e gravou faixas com Kendrick Lamar, Kanye West, Mariah Carey, Rod Stewart, Santana e John Legend. Só gente boa.

Miguel desembarcou no Rio de Janeiro duas noites antes de seu show – marcado para sábado (16/9). Hospedado no Copacabana Palace, ele concedeu uma entrevista ao POPline direto de sua cama de hotel, demonstrando disponibilidade, atenção e simpatia. Para quem não conhece, entre seus maiores sucessos estão “Adorn”, “Power Trip” (com J. Cole) e “#Beautiful” (com Mariah Carey). Do material mais novo, tem “2 Lovin U”, “Sky Walker” e “Shockandawe”, todas lançadas neste ano, além de “Lost In Your Light”, presente no álbum da Dua Lipa.

Desculpe se meu inglês não é dos melhores.
Desculpe-me então, porque meu português é horrível.

É sua primeira vez no Brasil. Está gostando da vista?
A vista, o clima e a comida são incríveis!

O que você quer fazer em seu tempo livre aqui?
Eu espero que eu possa sair por aí, comer mais, fazer alguns amigos, dançar, rir. Eu não sou de fazer muitos planos, mas vou visitar alguém que é incrivelmente talentoso nesta noite, o que é maravilhoso. É o que quero: cultura, comida, diversão, pessoas.

Sobre o Rock in Rio, o que podemos esperar desse show?
Vai ser divertido, e cheio de alma e funky e perfeito e rock ‘n roll. Vai ser um show único. Mas quem faz o show também são os fãs, então espero que todos passemos um bom momento. Eu estou pronto para me divertir.

🇧🇷🙏🏾 interviews in bed 🙏🏾 🇧🇷

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Como você conheceu o Emicida?
Fui apresentado ao Emicida e à sua música pela galera do Rock in Rio. Tive a oportunidade de ouvir e ver que ele é um artista maravilhoso, então topei. Depois de fazer uma pesquisa, descobri que ele tem uma história maravilhosa. É incrível sua autenticidade. Acho que é por isso que essa colaboração se tornou tão boa para mim. Estou super empolgado por ser parte disso. Eu li sua história e fiquei cativado. Além disso, esse show é uma oportunidade de apresentar a mim e a minha música para o público no Brasil.

De quem foi a ideia de fazer a música juntos?
A parceria para o show naturalmente nos inspirou a fazer uma música juntos. Ele já tinha essa ideia da música e me pediu para contribuir. Gostei muito, mas eu não fiz muita coisa. Já estava ótima. Ele é incrível, sabe? Apenas incrível. Colaborar com ele foi incrível.

“Oásis” é uma música em português e vi que você também escreveu em português no seu Instagram Stories ao chegar ao Rio…
(risos)

O quanto você sabe do nosso idioma?
Meu pai é mexicano e minha mãe é negra, então sei um pouco da natureza da língua, porque vejo algumas semelhançasinhas entre o espanhol e o português. Para mim, soa familiar. Provavelmente, eu tenho essa essência da língua, mas não necessariamente sei o vocabulário, o sotaque e as particulares do idioma. Algumas palavras me são familiares por causa da família.

E de música brasileira? O que você sabe?
Minha experiência com a música brasileira é mais com a bossa nova e o funk brasileiro. Não é um conhecimento tão bom quanto eu pretendia que fosse, mas espero ter mais oportunidades de vir aqui e fazer parcerias com artistas do Brasil. Acho que é muito inspirador. Para mim, é excitante. Eu quero mais. O mundo está todo conectado agora, então é muito mais fácil fazer essas coisas acontecerem.

Você também conheceu outra brasileira – a Maria Gadú – durante um show da Alicia Keys na Flórida. Vocês mantiveram contato?
Cara, eu tenho estado em pouco contato com todo mundo, porque estou trabalhando em músicas novas há algum tempo. Tive esse chance de vir ao Rock in Rio, e só descobri aqui, por exemplo, que a Alicia Keys também está no festival. Quando vi isso, me dei conta de que estive em turnê com ela já há muito tempo. Então, eu não tenho estado em contato com a Alicia… e nem com a Maria Gadú. Mas a Alicia é uma irmã na música. Eu sou muito fã da música dela e do que ela representa. Estou empolgado para reencontrá-la.

Falando de música nova, podemos esperar um álbum para este ano?
O que eu posso dizer? Eu nunca sei. Eu tenho criado por algum tempo, e focado no processo inspirador. Lançar músicas para mim, agora, é mais sobre entender que tenho esse processo criativo. A cultura tem sido definida pelos negócios, pelo que é comercial, então procuro não me preocupar com isso. Eu me preocupo mais com o processo, com a ideia de estar criando constantemente. Eu quero ser criativo. É possível que saia um álbum muito em breve, mas não estou focado nisso. Eu só quero ser criativo. Acho que é o que importa, entende?


(o mais recente single de Miguel)

A gente falou da turnê com a Alicia Keys, mas você também fez turnê com a Sia mais recentemente. Como foi?
Cara, foi uma experiência maravilhosa. Sempre tive um tremendo respeito por sua criatividade como compositora e musicista. Ver seu trabalho ganhar vida no palco é uma experiência muito diferente. Aumentou meu respeito e minha admiração. Ela é muito visionária. Ela é muito boa, não apenas na música, mas como pessoa. Eu fiquei impressionado por ver como sua criativade é transportada para o show ao vivo. Ela é muito inteligente.

Vocês fizeram alguma música juntos?
Sim! Nós realmente criamos alguma coisa na estrada, sério. Fizemos uma colaboração, o que é maravilhoso. Eu gostaria de ter feito mais. Mas, como você sabe, fazer uma turnê é uma rotina pesada. Ser criativo no meio da turnê, em parceria, é complexo, porque nem todo mundo está na vibe na mesma hora, com poucos momentos disponíveis. Infelizmente, não trabalhamos juntos tanto quanto eu gostaria.

Você tem muitas parcerias. Tem alguém com quem você ainda gostaria de trabalhar? Aquelas parcerias dos sonhos.
Colaborações dos sonhos! Cara, são tantas! (pausa) Eu acho que me interessam mais as pessoas que ninguém espera que eu trabalhe junto. Quero com Bjork ou Muse ou Jack White… quero trabalhar com todas essas pessoas. São muitas, são muitas.

Ok, para terminar, deixe uma mensagem para os fãs brasileiros.
Obrigado (fala em português). Muito obrigado por descobrirem minha música e a tornarem parte de sua memória. Espero continuar fazendo músicas que vocês possam incorporar em suas vidas e que se tornem parte de suas recordações favoritas. Eu acho que música é uma bonita maneira de conectar as lembranças.