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Entrevista: Troye Sivan quer fazer clipe de “Dance To This” e show no Brasil


(Foto: Hedi Slimane)

6,2 milhões de inscritos em seu canal no Youtube. 8,5 milhões de seguidores no Instagram. Três entradas no Top 10 da Billboard 200. Quatro singles platinados na Austrália. Três turnês desde 2015. Três EMAs. Com apenas 23 anos de idade e cinco anos de contrato com a gravadora EMI, o sul-africano-australiano Troye Sivan já tem alguns feitos. Preparando o lançamento de seu segundo álbum, “Bloom”, ele se apropria cada vez mais de sua função social no mercado fonográfico: é o representante gay de sua geração. É 2018, mas o mundo ainda carece de representatividade neste aspecto. Por isso, Troye escreveu um álbum totalmente franco com suas experiências, incluindo as sexuais. Ele pode ser para toda uma geração de adolescentes o que ele mesmo não teve quando era garoto – um espelho, alguém com quem se identificar.

Recentemente, Troye Sivan foi entrevistado por Elton John para uma revista voltada para o público gay. Adam Lambert também elogiou o seu trabalho e disse o quão é importante ter alguém como ele com visibilidade. Sam Smith já fez posts divulgando-o e enaltecendo-o (ele, inclusive, flertou com Troye antes de namorar Brandon Flynn, mas isso é assunto para outra matéria). Ele foi capa da edição especial da Billboard, em celebração ao mês do orgulho LGBT. Dua Lipa curtiu. Taylor Swift o chamou um dueto em seu show. Shawn Mendes o pressionou publicamente para que lançasse logo seu álbum. E Ariana Grande está com Troye em sua música nova. Não há dúvidas de que a classe artística o abraçou. Troye já recebeu também dois GLAAD Awards, o troféu entregue aos destaques LGBT na mídia.

O álbum novo, “Bloom”, sai no dia 31 de agosto e Troye Sivan atualmente cumpre agenda de divulgação, além de preparar sua turnê nova. A gravadora marcou uma entrevista com o POPline por telefone, de olho no público brasileiro. Antes de passarem a ligação para ele, a intermediária avisou ao repórter: “você tem dez minutos, ok?”. As perguntas eram muitas, parecia impossível fazer todas em dez minutos, mas Troye tem o poder de síntese, sem parecer apressado ou antipático. Atencioso, respondeu todas as questões e ainda ficaram sobrando 30 segundos. Leia abaixo, mas faça isso ouvindo:

POPLINE – Você tem uma fanpage no Brasil com mais de 70 mil seguidores. Por que nunca veio ao país?
TROYE SIVAN – Eu quero ir há muito tempo! Eu não sei… Eu falo com meu empresário, tipo, o tempo inteiro sobre ir ao Brasil. É um grande objetivo para mim. Eu realmente quero ir aí com essa turnê nova.

Você recebe muitas mensagens de brasileiros?
Sim, o tempo todo! (risinho) É por isso que eu sei que eles querem que vá.

Você acabou de lançar sua música com Ariana Grande, “Dance to This”, e ela é muito sexy. É autobiográfica?
É, é sim. Eu queria escrever uma música sexy sobre o quão melhor é ficar em casa do que sair. Assim que escrevi, senti que cairia bem uma voz feminina comigo na música, e não consegui pensar em ninguém melhor do que a Ariana para isso. Estou muito feliz que funcionou e ela aceitou.

Você é do tipo de pessoa que dispensa uma festa?
Eu… Eu… eu sou uma mistura dos dois, mas sim, na maior parte do tempo, sim.

Podemos esperar um clipe para essa música?
Eu estou tentando todo o possível para isso, então acho que sim.

Você tem um álbum novo para lançar. Qual seria o melhor elogio para você quando as pessoas ouvirem?
Acho que o melhor elogio seria se alguém chegasse em mim e falasse “me apaixonei por seu álbum”. E se o álbum se tornasse o tema de uma história de amor seria maravilhoso.

Você tem esse tipo de sonhos – ser nº1, ganhar um Grammy? O que é mais importante para você?
Eu amaria um Grammy! Seria muito, muito maravilhoso. Eu acho que as paradas dão um pouquinho de medo, mas eu amaria um Grammy.

Você já disse que tem 100% de liberdade artística com a gravadora. Sobre o que você quis falar nessas músicas novas?
Eu quis falar sobre a vida. O álbum é realmente muito inspirado na minha vida: quando me sinto confortável, seguro, feliz, apaixonado… são coisas especiais e eu queria escrever sobre isso.

“What a Havenly Way To Die”, por exemplo, é sobre o quê?
É sobre… eu tentando escrever uma música de casamento. Eu queria que alguém usasse essa música em um casamento: é sobre ter um relacionamento e estar apaixonado. Se alguém se sentir com essa música da maneira que eu me senti escrevendo seria maravilhoso.

(Foto: Hedi Slimane)

Você tem explorado algumas maneiras de falar sobre sexo, como “Bloom” e “Dance To This”. O quão sexual você é?
(risos) Você me deixou sem graça! Eu não sei… Definitivamente, eu quis ser verdadeiro sobre todas as coisas. Isso não é algo do qual você deva se envergonhar. É um pouco embaraçoso às vezes, mas é uma coisa bonita, parte da vida, então tentei escrever sobre.

“Bloom” foi elogiada e definida por Adam Lambert como um “hino para os passivos”. Qual foi a resposta que você teve para essa música?
Eu só recebi respostas positivas para essa música. Foi maravilhoso, e fiquei muito feliz que as pessoas tenham recebido bem.

Aqui no Brasil, temos muitas drag queens bem sucedidas na música, mas poucos artistas abertamente gays no mainstream. É importante ter nomes como você, Sam Smith, Adam Lambert ou qualquer outro a nível mundial. Como você lida com esse papel social?
Para mim… eu não quero nunca ficar lisonjeado com o que isso realmente representa. Eu simplesmente tento ser o melhor de mim, e ser verdadeiro e honesto com minhas experiência e minhas histórias. Acho que ser real é o que importa. É o que eu tento fazer.

Você não sente que gays em geral apoiam mais a carreira de divas pop do que a de cantores gays?
Hum… Não sei. Eu acho que isso tem muito a ver com a falta de representatividade e a falta de oportunidades, você entende o que quero dizer? É duro ser um jovem artista gay. Ou um artista gay simplesmente. Acho que quanto mais tiver mais haverá opções para que as pessoas gostem e admirem.

Qual a sua opinião sobre cantores heterossexuais que exploram temas LGBTQs em músicas, perpetuando estereótipos?
Hum… Eu acho que sexualidade não é algo preto no branco. Se alguém tem alguma experiência sobre a qual quer cantar, eu não acho que é banalizar a experiência.

Li sua entrevista para a Billboard e fiquei curioso sobre a música “Seventeen”, que você narra a relação que teve com um cara mais velho pela Internet quando ainda era menor idade. Fale-me mais sobre ela.
“Seventeen” é sobre mim menor de idade, sentindo a necessidade de pertencimento, de fazer parte de uma comunidade, de amar, sem saber onde encontrar isso. Então me coloquei em uma situação… hum… onde talvez eu não devesse estar. Mas é duro, porque eu quero compartilhar a experiência, mas não quero parecer que estou em conformidade com isso.

Você tem medo que as pessoas mal-interpretem essa música?
Não, porque eu acho que já me expliquei. Eu acho que as pessoas… [se interrompe] Eu só escrevi essa música porque acredito que é importante falar sobre experiências verdadeiras que acontecem para muitas pessoas. Não é fácil, não é confortável falar sobre essas coisas, mas sinto que é necessário.

Eu amei “The Good Side”. Ela é tão diferente de “My My My”, “Bloom” e “Dance to This”! Tem mais músicas assim no álbum novo?
Tem sim! Definitivamente, tem mais algumas desaceleradas no álbum.

Para terminar, deixe uma mensagem para os fãs brasileiros.
Sim! Muito obrigado por todo amor e pelo apoio! Eu prometo que estarei aí em breve!

(Foto: Hedi Slimane)