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Entrevista: estrela do “Lucky Ladies”, Karol Ka diz: “eu encaro qualquer público, qualquer mesa de jurados”


Uma das figuras mais polêmicas do “Lucky Ladies”, a cantora Karol Ka tem uma trajetória artística muito interessante. Começou a carreira cantando gospel, depois caiu no pop e integrou o elenco do “High School Musical” brasileiro. É possível que você a conheça dessa época pelo nome de Karol Cândido. De lá para cá, ela foi figurinha fácil em todos os reality shows musicais possíveis – “Ídolos”, “The Voice”, “Fábrica de Estrelas” e até um pouco conhecido, chamado “Country Star”. Sempre na batalha, agora ela desfruta de seu melhor momento – com um contrato com a Universal Music e empresários dispostos a alavancarem sua carreira.

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Em entrevista ao POPline, Karol Ka falou sobre absolutamente tudo, sem reservas. Comentou os altos e baixos que viveu desde que o público a conhece, falou sobre a perseguição no “Lucky Ladies” e jurou que não é uma pessoa arrogante – como pinta o programa. Com a gravadora, ela prepara para lançar um single inédito, que define como uma mistura de Shakira e Rihanna. O clipe já está gravado e ela está animadíssima para o próximo passo!

Como você avalia o momento atual da sua carreira?
Estou em um momento realmente de realização dos meus sonhos. Acho que cheguei a uma fase decisiva, na qual consegui tanto meu contrato empresarial quanto meu contrato com uma gravadora, e me considero assim, em um momento decisivo.

O que você está planejando com a gravadora?
A gente está planejando com muito cuidado, muito carinho, todas as próximas novidades, porque até o momento eu batalhei muito, trabalho bastante, mas nunca tive nada de concreto como um álbum ou um EP. Eu tenho um clipe, que é o “Pedra Preciosa”, mas ele é totalmente independente. Estamos trabalhando para poder trazer novidades e, tanto meu escritório quanto a gravadora, estamos todos focados na mesma coisa para trazer algo incrível para o Brasil.

E qual vai ser o gênero? Você vai continuar com o funk pop?
Na verdade, eu vou cantar pop englobando tudo – funk, romântico, música popular. Vou fazer de tudo.

Você faz parte do elenco do “Lucky Ladies”, um programa que está tendo muita repercussão na Internet, principalmente entre os jovens. Você esperava esse barulho todo?
Na verdade, não. Até porque é um canal fechado. Hoje, na TV paga, alcança 17% dos telespectadores, então tanto eu quanto as meninas estávamos todas bem apreensivas quanto à repercussão. Mas está tendo um sucesso absurdo, que nenhuma de nós esperava, então estou muito surpresa. Estou curtindo bastante! (risos)

No programa, a Tati Quebra-Barraco fala que está procurando talento, e não “boniteza”…
(risos)

Já falaram que você é falsa, que não sabe o que é funk, que caiu de paraquedas… Como encara tudo isso?
Bom… Quando eu estava dentro da casa, gravando o reality, eu sentia sim que havia um pouco de rejeição das meninas, mas não sabia que era tanto quanto o que assisti. Doeu mais para mim assistir do que estar lá dentro, sabe? Ver o que elas realmente pensavam sobre mim foi bem triste. Fiquei bem chateada. Eu assisti ao primeiro e ao segundo capítulo e depois não queria assistir mais, porque fiquei muito decepcionada. Os depoimentos eram gravados em off, então a gente não sabia o que uma falava da outra. (risos) Eu fiquei muito triste, e agora que estou começando a me recuperar. Mas faz parte, né? Realmente sou uma artista que não tenho a essência do funk, não sou carioca, não nasci na comunidade, mas eu fui convidada para fazer parte de um projeto no qual eu ia cantar, dançar e fazer parte de um show final. Não sabia para onde estava indo, nem na loucura que estava entrando. Mas encaro tudo com muito bom humor e muita garra. Foi uma experiência incrível, e hoje me considero uma outra artista depois do programa.

Você começou a se direcionar para o funk depois do “The Voice Brasil”, a convite da Valesca. Sempre sentiu esse preconceito por estar investindo no gênero sem ter vindo da favela?
Quando eu comecei o projeto, que saí do “The Voice” e recebi a proposta da Valesca, eu estava sendo muito bem aceita e não via nenhum comentário ruim. Assim, os meus fãs do “High School Musical”, no início, ficaram um pouco apreensivos, porque a maioria não gostava de funk né? Criança geralmente gosta de pop, de romântico… Então meus fãs ficaram muito decepcionados, mas quando escutaram “Pedra Preciosa” e entenderam como eu ia levar o funk, todo mundo me apoiou, veio junto comigo e adorou. Até o “Lucky Ladies”, eu não tinha sofrido nenhum tipo de preconceito! Tudo começou a partir do programa.

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Algumas pessoas falaram nas redes sociais que você chegou sem humildade, meio que se achando. Você concorda com isso?
Na verdade, o povo não consegue entender que aquilo é um programa e que a edição tem o poder de manipular, né? A edição tem o poder de mudar muita coisa: ela coloca a cara de uma coisa e pega uma situação completamente diferente. Então, em nenhum momento ali eu deixei de ser humilde… Quando eu assisti ao programa, foi uma surpresa, porque criaram para mim um personagem que não existe! (risos) Eu ficava vendo algumas coisas e falava “Meu Deus! Olha isso! Eu sou… Tô má, hein?”. Até eu fiquei chateada comigo mesma. Meu Deus, que Carol é essa que eu não conhecia? Realmente a edição não me ajudou, mas é isso, é um show de TV e faz parte.

Eu vi que você já lançou um CD gospel! É verdade isso?
É verdade! Eu canto gospel desde os quatro anos de idade e lancei meu primeiro CD gospel com 14 anos. Tive um longo trabalho nas igrejas, fazendo muitos shows evangélicos. Mas o que eu gosto de fazer é cantar, dançar, ser muito expressiva, e infelizmente o meio gospel não aceita isso. Tem que cantar mais quietinha, sempre estar com roupa muito comportada, e eu sou muito espalhafatosa e perua desde criança. Tive muitos problemas com isso, por querer fazer algo que não era aceito dentro da Igreja. Foi quando eu decidi sair e seguir minha vida, fazendo o que eu gosto, sem nenhuma opressão.

Você teve essa fase gospel, fez muitas coisas com música pop, investiu no funk, tentou girlband… Você consegue delimitar sua essência como artista?
Quando eu decidi sair do gospel, eu fui direto para um musical, então eu canto, eu danço, eu me formei como atriz… O que me representa realmente, independente de ritmo e estilo musical, é fazer um show, é fazer uma performance. Eu sou uma artista performática: gosto de cantar, dançar e atuar, tudo ao mesmo tempo. Eu acho que o musical me representa muito bem, porque você dança uma batida, entra no romântico, expressa tudo que está sentindo, então eu acho que é isso. Gosto de criar uma história toda para um show. Isso sou eu, não adianta. Se alguém me contratasse para cantar MPB sentada com o violão, não ia dar certo. Eu ia jogar o violão para cima! (risos) Para mim, o estilo não importa. Já cantei em banda de baile por R$ 50 por sete horas de serviço, cantando 40 músicas, desde Calypso até a coisa mais brega que você imaginou, e também coisas super de alto nível. Independente do estilo, eu quero cantar.

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E o que você gosta de ouvir? Quais são seus ídolos e suas influências?
Eu gosto muito do pop americano, do black. Eu fui criada escutando Michael Jackson, então eu gosto muito desse estilo e acabo me inspirando muito nos gringos. Sou fã nº 0 da Beyoncé, amo o Chris Brown, eu escuto de tudo. Aqui no Brasil, eu sou apaixonada pelo Ed Motta e curta muito umas coisas assim, puxadas para o black music.

O segmento pop funk está com vários nomes, como a Anitta, a Ludmilla, a Lexa, a própria Valesca com quem você trabalhou. Com qual você se identifica mais?
Ah, com a Anitta, com certeza! Eu acho a Anitta muito graciosa. Acompanhei um pouco a história dela, ela batalhou muito, faz os próprios clipes… Eu me identifico muito com ela por isso – pela batalha, pela luta. Ela não foi uma artista que feita, que pegaram e jogaram no mercado. Ela veio com isso aí desde que era criança, e eu acho muito legal.

Como você falou, você trabalhou na Disney Brasil e depois caiu no funk. Dá para comparar essa reviravolta com a da Miley Cyrus, que fez de tudo para se desvencilhar do universo infantil? Você sente que está querendo se afastar da imagem de infanto-juvenil?
Eu acho que já tivesse época, que foi quando criei o grupo Kandies. Foi logo que eu saí da Disney, e estava me sentindo muito oprimida por estar ali fazendo sempre a mesma coisa. Já tinha amadurecido o suficiente e pedi para sair. Nós fizemos vários programas com o Kandies – “Criança Esperança”, “Turma do Didi”… – foi bem legal, mas infelizmente acabou, porque grupo é muito complicado dar certo. Nessa época eu estava meio que revoltada da vida, sabe? É normal. A gente está amadurecendo… Mas hoje não. Hoje eu me considero muito madura e preparada para mostrar para o Brasil o que eu nasci para fazer, então eu nem me lembro na verdade disso. Parece que minha mente está tão distante e tão a frente… Eu quero manter os meus fãs, e é muita gente, viu? Sempre escuto “Sou sua fã desde o High School Musical!”. Escuto isso o tempo todo.

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Eu tenho um amigo que é seu fã desde o “High School Musical”.
Viu? (risos) Todo mundo tem um! (risos) É muito bom. Eu adoro! Sempre que vou a uma balada, alguém vem e pede para tirar foto porque é fãs desde o “High School Musical”. É o que eu mais escuto, e eu adoro, porque foi uma das melhores experiências que tive na minha vida. Foi uma febre, foi maravilhoso.

Você participou de vários realities… “Ídolos”, “Country Star”, “The Voice”, “Fábrica de Estrelas”… Você conhece alguém que tenha participado de tantos quanto você?
Bem, nas audições, eu sempre encontrava todo mundo, só que a maioria não chegava ao programa e ficava para trás sem nenhuma exposição. No “Fábrica de Estrelas”, eu fui até a semifinal, no “The Voice” eu cheguei na batalha, no “Country Star” também… Em todos, eu consegui chegar até muito perto, mas de ter o resultado de vencedor foi só no “High School Musical” mesmo.

Você participou de todos, eu acho.
É, é! Só do “Superstar” que não! (risos)

Parabéns por sempre conseguir entrar, porque a concorrência é sempre muito grande.
É muito grande! A gente já tinha até um grupinho, porque todo mundo já se conhecia. É maravilhoso, porque você vai criando uma experiência absurda. Hoje, eu encaro qualquer público, qualquer mesa de jurados. Principalmente depois do “Lucky Ladies”, eu encaro qualquer público mesmo! (risos) Isso é bom porque vai calejando a gente. Eu cheguei no “The Voice” e estava todo mundo tremendo, tomando água, e eu estava tipo “ah, vamos lá, mais um, se não der, próximo!”. Eu chegava muito segura. Eu tenho muita certeza que a minha insegurança acaba incomodando algumas pessoas, porque pensam que eu chego me achando. Mas não é isso. É que estou calejada de estar sempre ali tentando. O não a gente já tem, e eu estou em busca do sim. Isso me deu uma segurança. No “The Voice”, eu estava lá tranquila, só querendo cantar.

Por que você sempre insistiu nessa plataforma televisiva?
Na verdade, quando eu optei em sair da Disney, eu acabei montando o Kandies, mas o grupo não deu certo. Para mim, foi uma decepção, porque antes eu tinha um trabalho maravilhoso, em uma multinacional que me dava toda a estrutura, tinha segurança, um salário maravilhoso, estava sempre em países diferentes… Quando optei por largar o Disney Channel, achei que tudo ia continuar no mesmo ritmo, e infelizmente dei mil passos para trás e não consegui me recuperar. Então, começa a bater o desespero, porque você chega no auge e despenca de uma forma absurda. Eu não conseguia sair na rua, entendeu? Era uma coisa louca. E de repente… O Brasil esquece muito rápido. De repente, eu me vi devendo o aluguel. A vida é muito louca, né? Então, quando bate o desespero, o artista não pensa duas vezes em tentar, afinal a gente vive de teste. O reality show, para nós, é bom por causa da exposição. Eu tenho uma frase comigo que é essencial: “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Eu sabia que, alguma hora, alguém ia me ver e acreditar no meu trabalho. Foi o que aconteceu.

E você mudou de nome algumas vezes. Usou Karol Cândido com K, Carolina Cândido com C, agora Karol Ka. Por quê essas mudanças?
Eu sempre me chamei Karol Cândido. Meu nome é Karolina Borges Cândido, então Karol Cândido era na época da Disney. Quando eu fiz o “The Voice”, ainda usava o Karol Cândido, e foi quando a Valesca me procurou. Ela achou que o nome não combinava, não era artístico, e sugeriu mudar. Eu dei a ideia do Karol Ka, ela achou ótimo, o empresário dela, o Pardal, também, então decidimos ficar com ele. No “Fábrica”, eu usei Carol Cândido, porque ainda não tinha o contrato com a Valesca. Só que a Valesca ficou um tempo comigo e depois decidiu largar, quando focou na carreira dela, e optou por não investir em ninguém. Eu acho que tudo acontece porque tem que ser. Não tenho ressentimento nenhum, e continuo como Karol Ka, porque gostei. Foi uma mudança mesmo. E o Kandies era um grupo, né, então não era meu nome (risos).

A Universal Music te contratou por causa do “Lucky Ladies” ou foi antes?
Foi no meio. Eu estava dentro da casa, gravando em outubro do ano passado. Só que eles me contrataram por causa do clipe de “Pedra Preciosa”. Ele chegou na mão do presidente e ele mandou me caçar. Ele gostou. Não foi nada forçada. Foi super natural, porque tinha que ser mesmo.

A gente pode dizer que agora você finalmente se encontrou?
Eu tenho certeza! Até porque essa música nova é um estilo único. É muito latino, tem uma pegada de Shakira, com Rihanna, então está exatamente o que eu sempre sonhei em fazer. Está maravilhoso, muito legal!

Agora me diz cinco músicas que você tem ouvido bastante ultimamente!

Para terminar, deixe um recadinho para os leitores do POPline!
Eu queria agradecer o carinho de todo mundo e dizer que eu amo a música mais do que tudo. Tudo que eu quero é passar, através da música, a minha essência, a minha verdade, o meu amor. Eu amo muito os meus fãs. Sem eles, não sou absolutamente nada. Eu quero, a partir de agora, mostrar quem eu sou, independente de reality show, e tenho certeza que vão gostar muito!