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Entrevista: argentina Lali quer conquistar o Brasil e “feat.” misterioso será a chave para isso


Ela é uma estrela em seu país, mas ainda uma ilustre desconhecida no Brasil. Seguida por uma legião de fanáticos na Argentina, na América Latina e em países europeus, a cantora e atriz Mariana Espósito, conhecida como Lali, quer marcar o mercado brasileiro em seu mapa. “Quando vou a algum lugar novo e não sabem nada da minha história, fico contente: ‘que bom! que bom!’. Meu empresário ri, porque sabe que eu gosto de contar minha história e ver a reação das pessoas que não me conhecem. É parte desse trabalho também”, ela diz ao POPline, em entrevista via telefone direto de Buenos Aires. E haja história.

Com 26 anos de idade, Lali é um rosto conhecido desde os 12. Isso significa que a maior parte de sua vida foi cercada de fãs. Ela estreou na TV sob os cuidados da empresária Cris Morena – a criadora de “Chiquititas”, “Floribella” e “Rebelde”. Lali, inclusive, fez as versões argentinas de “Chiquititas” e “Floribella”, que fizeram ainda mais sucesso lá do que aqui, por mais incrível que possa parecer. Mas foi com a novela “Casi Ángeles”, exibida entre 2007 e 2010, que ela despontou. Como toda obra de Cris Morena, era uma trama musical e o grupo surgido na novela, os Teen Angels, gravou seis discos – a maioria certificados com platina. Foi um fenômeno e durou até 2012, com shows inclusive no México, na Espanha e em Israel.

Terminado o grupo – o que deixou muita gente arrasada – Lali emergiu como cantora solo. Seu primeiro álbum, “A Bailar”, saiu em 2014, e o segundo, “Soy”, em 2016. Ambos a colocaram em longas turnês bem sucedidas e, pela primeira vez, Lali se apresentou nos Estados Unidos – mais precisamente em Miami, onde a comunidade latina é enorme. Tornou-se a popstar da Argentina e abriu shows de Katy Perry, Fifth Harmony e Ricky Martin. Prêmios, ganhou vários. Sua última novela foi em 2015, “Esperanza Mía”, e o sucesso foi tão grande que, além do álbum com a trilha sonora, virou também álbum de figurinhas, game, livros e karaokê. Quando quiseram renovar para a segunda temporada, ela disse não. “As pessoas eram fanáticas. Todos me acharam louca, mas para mim seria como me repetir. A novela já tinha contado tudo que tinha para contar. Não gosto de abusar de mim e do meu público. Prefiro me envolver em outros projetos”. E é exatamente isso que ela está preparando: seu terceiro disco, “Brava”, sai em agosto – e com participação de um artista brasileiro, que ela ainda faz mistério sobre quem é. Mas temos pistas…

POPLINE – A Argentina e os países hispânicos te viram crescer na televisão, com trabalhos infantis e com um grupo pop de personagens de telenovela. Foi difícil fazer a transição para o trabalho solo, às vezes mais sexy e com certeza mais adulto?
LALI – Não. Quando lancei meu primeiro álbum solo, confiei nos fãs de música pop. Não forcei nada. Fui criança, adolescente, e agora adulta fazendo um trabalho artístico. Eu queria fazer algo novo em meu país, que poderia se estender pouco a pouco pela América Latina. Na verdade, nunca tive medo disso de “não sou mais menina” e “tenho que mostrar outra vida”. Sou realista com meus momentos, com minha idade, e não tento mostrar nada que não sou.

O público aceitou a mudança de primeira ou ainda tinha a imagem de você criancinha na cabeça?
Não, não houve isso, porque eu crescia e as fãs também cresciam. As pessoas me viram criança e também me viram fazer novela já adulta. Não creio que ninguém ficou impactado por me ver mais mulher, mais sexy, porque acompanharam todo o processo. Não se surpreenderam. Foi algo natural.

Quando esses grupos pop terminam, geralmente apenas um integrante faz sucesso em carreira solo. Foi assim com Beyoncé e Destiny’s Child, Justin Timberlake e ‘N Sync, e você com Teen Angels (foto abaixo). Você teve medo de não dar certo? De que não fosse você “a escolhida”?
Tenho que dizer que todos meus companheiros de Teen Angels são muito bem sucedidos em suas coisas. São realidades distintas.

Sim, eu digo na música.
Claro, claro, claro! Alguns tomaram o rumo direto para a atuação e estão afastados da música. Eu continuei com projetos nos dois âmbitos. Obviamente, sou super musical, mas a verdade é que não tive medo. Sou muito confiante quando decido fazer algo. Não fico pensando em cumprir certas expectativas e sim entregar algo que eu queira fazer, que neste caso é música. Todo mundo que queira seguir minha carreira musical obviamente me deixa feliz, porque trabalho para isso, para ter um público, um público em cada show, mas realmente não tive medo. Ao contrário. Eu estava saindo de uma superescola na qual aprendi muito, e também me deu força e atitude para fazer minhas próprias coisas. Não tive medo.

Que aprendizado ficou para você do trabalho de anos com Cris Morena?
Uh, um montão de coisas na verdade! O que ficou mais marcado para mim foi a responsabilidade com o trabalho. Acredito que sou bastante profissional. Pelo menos é o que dizem as pessoas que trabalham comigo. Para mim, essa é a melhor opinião que podem ter de mim. Não me importa que digam “linda, deusa”. Eu prefiro que gostem de trabalhar comigo, porque é disso que se trata, né? Passamos muito tempo juntos nesse trabalho, então é bom que as pessoas gostem de você, te valorizem, e queiram acompanhar seu trabalho. O melhor que aprendi com Cris foi isso – aprender a trabalhar e a ser respeitosa com o trabalho. Ela era muito dura na hora de trabalhar e não queria que nós jovens que trabalhávamos com ela no déssemos conta da importância do que fazíamos. Esse foi o melhor que aprendi, sem dúvidas.

Você trabalha com arte e música desde criança. Em algum momento, pensou em fazer outra coisa?
Não… Acho que eu seria ruim fazendo qualquer coisa! Não que eu seja boa nisso (risos), mas seria pior em outras coisas! O mundo da atuação e da música me representa. É o que eu gosto de fazer, é onde penso que cresço e que tenho algo para mostrar. Nunca me imaginei fazendo outra coisa.

Sua carreira parece uma sequência de sucessos, imparável desde pequena. Você teve algum grande obstáculo?
(pensa) Obstáculos grandes, não. Nada que me freasse fortemente. Temos nossos momentos, né? Momentos de dúvida, em que não sabe se está fazendo certo, ou que está cansada. São tantas as situações que você passa em um ano de trabalho duro, mas a verdade é que tudo é bastante leve. Nunca duvidei que houvesse um caminho. O caminho é sempre em frente, é se encontrar em cada projeto. A verdade é que tenho muita energia, não paro, e estou sempre olhando para frente, porque tenho sonhos e metas.

Você sempre esteve envolvida com projetos que foram fenômenos e uma loucura com os fanáticos, como “Chiquititas” e “Casi Ángeles”. Como era viver esse fenômeno de popularidade quando ainda estava formando sua personalidade e sua mentalidade?
Essa é uma boa pergunta, porque em algum ponto você queria sua mamãe, seu papai, sua família, sua casa e, naturalmente, quando você divide ambiente de trabalho com adultos, você tem que ter força e isso te forma. Na verdade, eu tive sorte né, porque encontrei uma mulher como Cris Morena, tão forte e criativa. Isso, para mim, me ensinou a ver que uma mulher também pode ser líder e realizar sonhos. Obviamente, não é fácil para a criança: você não tem a mesma vida que seus colegas do colégio, ou não tem o mesmo tempo – então perde festas, aniversários, viagens de colégio. Mas quando você tem clareza e segurança que faz o que te alegra, que isso é maior que tudo, isso te ajuda a superar qualquer situação em que te encontre esquisita, porque você é muito jovem. Eu sempre soube que estava onde queria estar e que me dava muito alegria fazer o que fazia. Por amar meu trabalho, nunca tive dúvidas entre ter uma vida normal de criança ou a minha. Sempre me pareceu uma benção a minha vida. Às vezes me perguntam “o que perdi por ter trabalhado desde criança” e, na verdade, o que me ocorre primeiro é tudo que ganhei. É o contrário. Enquanto os outros estavam pensando o que iriam estudar, o que iriam fazer, e não tinham nem ideia, eu já estava fazendo o meu e sabia perfeitamente que era isso. Toda a experiência que tive criança foi uma benção.

A fama precoce, com os fãs gritando “linda, perfeita, deusa, te amo”, não te deixou metida em algum momento?
(risos) Eu sou de uma família muito espetacular, com pais com a cabeça muito no lugar, que nunca se confundiram com meu papel e sempre me acompanharam com muito cuidado e muito carinho. Eu tenho dois irmãos mais velhos, com suas vidas, suas coisas, e acredito que se eu tivesse ficado metida ou algo assim, eles teriam sido os primeiros a se chatearem comigo. E isso nunca aconteceu. Sempre fomos muito unidos. Somos muito amigos. Acho que nunca confundi as coisas: sempre vi que era meu trabalho, minha paixão, que eu cuido. Sou respeitosa com todos que trabalham para fazer o melhor ali – os produtores, os bailarinos, os músicos… Sou muito respeitosa e busco de ser carinhosa e viver todas as experiências com alegria. É bom não esquecer nunca de onde você saiu, do lugar que você cresceu, porque ali estão as pessoas que te amam de verdade – por quem você é e não por seu trabalho. Ter isso claro sempre me ajudou a manter minha essência.

Conheça alguns de seus trabalhos

Rincon de Luz (2003)

Chiquititas (2006)

Casi Ángeles (2010)

Esperanza Mía (2015)

Você já fez muitas coisas em sua carreira – novelas de sucesso, turnês internacionais, grandes temporadas no Teatro Gran Rex, duetos importantes, prêmios. De qual conquista se orgulha mais?
(suspira e pensa) Bem, na verdade, todas as conquistas têm sua emoção para mim. Mas não há como esquecer do começo: a primeira conquista, a conquista argentina, de lançar um álbum independente, como foi “A Bailar”. Do jeito que é a indústria, é muito difícil fazer assim [independente]. Eu já tinha fama em meu país, já era conhecida pelas novelas, mas ali as pessoas estavam conhecendo minha música, eu como artista solo, e não mais um personagem de novela. Meu país me recebeu muito bem. Foi um boom, incrível. Meu primeiro show foi em um lugar muito grande, me deram prêmios de música por esse primeiro álbum, então minha primeira conquista foi argentina, porque foi o primeiro país a me abraçar como artista adulta, fazendo minhas coisas. Nunca vou me esquecer disso.

Ficou surpresa com o resultado na época?
Sim. A verdade é que trabalhei para isso e seria muito hipócrita dizer que não esperava. Eu esperava, trabalhava para que isso acontecesse. Mas às vezes uma pessoa tem expectativas e elas não se cumprem. Vê-las se cumprindo foi incrível, sem dúvida.

Diferente da Argentina, as pessoas no Brasil não te conhecem desde a infância e não te viram crescer artisticamente. Você acredita que é mais fácil ou mais difícil apresentar um trabalho novo assim, livre do passado?
Muito mais difícil, não? Sem dúvida. Nos últimos anos, fiz bastante shows pela América Latina e não pude visitar o Brasil ainda, o que é muito triste. Mas não fiquemos mal, porque vou em breve. Sem dúvida, é mais difícil se apresentar do zero e contar sua história para as pessoas, que não têm nem ideia de onde você apareceu. É muito difícil fazer-se conhecer. Mas eu gosto muito desse processo.

Então está nos seus planos vir ao Brasil para divulgar o álbum novo?
Sim, sim e sim. Vou em breve. Tenho uma colaboração brasileira MUITO espetacular no meu disco. Não posso dizer ainda quem é, mas vocês saberão logo. Estou muito feliz, porque é UMA BOMBA!

Como ficou essa parceria?
Incrível! Eu creio que é uma fusão perfeita de Argentina e Brasil. Somos dois artistas que trabalhamos com a força, sendo nós mesmos e respeitando nossa história. Não tenho dúvidas de que os fãs vão gostar muito. Espero que todo mundo goste.

Eu vejo você e Pabllo Vittar curtindo uma as fotos da outra no Instagram.
Ahhh! (risos) Sim, sim! Nós nos mandamos muito amor pelas redes. Pude falar com Pabllo e é um amor total. Sou encantada por seu trabalho. Mas não vou te dizer se a parceria é com Pabllo! (risos)

Mas como se conheceram?
Pelas redes sociais. Eu o acompanho como todo mundo. Ele cresceu muito rápido, né? Muito rápido! É esse tipo de evento musical que acontece de anos em anos, com muito fanatismo e muita histeria. Ver isso me alegra muito, porque conheço sua história e seus sonhos. Sou encantada por sua performance e pela maneira como canta. Respeito muito os artistas que colocam coreografia em suas apresentações. Eu adoro! E ele também começou a me seguir, por me conhecer através dos fãs. Nos respeitamos muito mutuamente.

Os argentinos têm muita simpatia pelo Brasil…
(interrompe) Siiiiim!

Entrar no mercado brasileiro é um sonho para você?
Sem dúvida. É um dos desejos mais grandes do meio artístico. Vocês são uma indústria muito rica, são uma indústria que se alimenta e sustenta por si mesma, e têm uma cultura musical enorme. Para qualquer estrangeiro, entrar nesse mercado é um sonho. Vocês estão muito mais abertos à música latina ultimamente, então nos dão a possibilidade de sonhar com isso.

Você conhece o Sul do Brasil, não é?
O Sul e o “Norte”. Já fui à Pipa, já fui a São Paulo, já fui ao Rio de Janeiro.

Ah, verdade. Você foi com os Teens Angels em divulgação.
Sim! E depois eu fui em uma viagem no aniversário do meu namorado ao Rio.

Que lembranças você guarda do Brasil?
Festa! (risos) Vocês são muito alegres e contagiam qualquer um com sua energia e suas boas vibrações. Amo ir ao Brasil. Meu sonho é poder ir com meu trabalho para shows. Espero que aconteça, porque vocês são um público positivo, muito alegre. Quero viver isso.

Seu álbum novo já está pronto?
Está pronto! Ele se chama “Brava”, mas não é no sentido de “furiosa” como no Brasil. Aqui brava é alguém com força, com determinação. Alguém bravo no bom sentido da palavra. Isso resume perfeitamente o som deste disco.

Serão quantas músicas?
11 ou 12. Estamos terminando de decidir. Sairá em agosto. Mas, até que saia, haverá outros singles, assim como “100 Grados” e “Tu Novia”. Vão sair logo logo.

Que ótimo! A música com o artista brasileiro será um desses singles?
Vai estar no álbum e seguramente será single, porque a música é um fogo! Mas provavelmente será trabalhada depois que sair o disco.

Se você tivesse que comparar com o álbum “Soy”, como faria essa comparação?
Eu não faria a comparação, porque seria um erro da minha parte. São dois discos diferentes e do mesmo artista, com a mesma voz, o mesmo sangue. Eles têm também uma conexão, porque são ambos de música pop, que representa o que sou. “Soy” é um disco que saiu das minhas entranhas, do meu coração, com letras muito pessoais. “100 Grados” é o primeiro single do “Brava”, que é um disco muito mais “para fora”, mostrando minha faceta de mulher, com letras que tratam do meu lugar como mulher, letras muito mais livres e não tão autorreferenciais. São muito diferentes, mas são dois filhos da mesma mãe!

Como foi o processo criativo? Você também fez um filme. Como concilia isso? Para tudo para fazer o álbum ou faz tudo junto?
Faço mágica! (risos) Não sei como faço! Sou muito apaixonada e trabalhadora, então quando gosto de um projeto, faço o possível para poder realizar-lo. Com o filme, foi assim: encontrei um momento, no meio da loucura musical, para filmar. Tenho uma equipe que bancou a decisão e me ajudou a conseguir, porque a atuação também é uma paixão. O cinema argentino é muito bom, então eu queria ter a oportunidade de fazer isso. Vai estrear em setembro na Argentina. É um drama, então é muito diferente do que já me viram fazer, e isso é interessante. Agora estou preparando a turnê, que vai começar no Luna Park em Buenos Aires, então é muito trabalho mesmo. É trabalhar sem parar para alcançar os objetivos e levar minha música a lugares onde ainda não pude ir, como o Brasil por exemplo.

Agora uma pergunta de fã total: você aceitaria voltar a fazer algo com Teen Angels, como uma turnê especial comemorativa?
Não… (risos) Sei que assim eu desiludo os fãs, mas a verdade é que não. Eu sou muito partidária da evolução e, se volto a fazer algo relacionado a isso, sentiria que estaria regredindo. Isso não significa que não foi espetacular, que eu não tenha as melhores lembranças e que não tenha sido o que deu tudo que eu tenho. Sou muito grata, mas acho que me entediaria, porque é algo que já vivi. Tenho outra idade, vivo outro momento e tenho outras ambições artísticas. Eu não gosto de me repetir.

2018 será só de música ou terá novela também?
Novela, não. Porque novela te ocupa todos os dias – da manhã até de noite – e isso te tira a possibilidade de viajar. A música necessita desse movimento, da turnê. Escolhi para este ano fazer esse filme, porque é um tempo determinado de filmagem, e mais um tempo para a divulgação. Mas não é como uma novela. Isso me permite focar na música, viajar e seguir trabalhando nos shows. Será um ano com música mais que qualquer outra coisa.

Para terminar, deixe uma mensagem para os fãs brasileiros.
Quero pedir paciência. Sei que esperam há muito tempo que eu vá. Vejo as mensagens nas redes sociais. Saibam que trabalho muito e que é meu sonho ir. Quero ir logo e estou muito feliz de poder chegar ao Brasil com essa música que vocês vão conhecer em breve. Espero ir em divulgação antes para depois poder fazer shows.